07 março 2009
Repúdio ao PIG
'Como é que um jornal pode se dizer compromissado com os seus leitores se esconde deles parte de sua própria História?'
O Ato Público de repúdio ao editorial safado da Folha aconteceu hoje de manhã, conforme estava previsto, em frente à sede do jornal, em São Paulo. Segundo nos informa o jornalista Luiz Carlos Azenha, do blogue Vi o Mundo: "Eu diria que o protesto do Movimento dos Sem Mídia hoje de manhã, diante do prédio da Folha de S. Paulo, na rua Barão de Limeira, foi pequeno -- porém, representativo. A Polícia Militar disse que eram 65 pessoas. Eu, pessoalmente, contei 200. O Eduardo Guimarães, presidente do MSM, diz que havia 300 nomes na lista de presença e acredita que 400 pessoas compareceram.Estavam lá representantes da UNE, da UBES, de vários grupos ligados aos direitos humanos, da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, sindicalistas, parentes de vítimas da ditadura militar, integrantes de partidos políticos, do coletivo Intervozes e de várias outras entidades. O Emerson Luis, do blog Nas Retinas, montou um mini-centro de imprensa num bar das redondezas para blogar. Várias pessoas com as quais conversei viram no encontro o embrião de um movimento que pode se tornar mais abrangente, contra o revisionismo histórico que pretende definir a ditadura militar brasileira como "ditabranda" e por maior acesso público aos meios de comunicação.
Um dos melhores discursos foi feito por Ivan Seixas, ex-preso político que foi torturado ao mesmo tempo que o pai dentro da Operação Bandeirantes, o órgão formado depois de uma parceria entre empresários, policiais e o Exército. Ivan tinha 16 anos de idade quando foi preso e saiu da cadeia aos 21. O pai dele foi morto sob tortura. Ivan lembrou o que todos sabemos: que a família Frias colocou um de seus jornais -- a Folha da Tarde -- a serviço da OBAN e emprestou veículos para o transporte de presos e torturados. Ivan lembrou que Otávio Frias, o patriarca, chegou a morar no prédio do jornal uma temporada por temer represálias dos grupos de esquerda, que sabiam do envolvimento do jornal com a repressão.
Essas informações a Folha de S. Paulo nunca dividiu com os seus leitores. São esqueletos no armário de uma empresa que pretende cobrar transparência de orgãos federais, estaduais e municipais. Como é que um jornal pode se dizer compromissado com os seus leitores se esconde deles parte de sua própria História? Se não aceita responsabilidade pelo seu passado? Como é que um jornal pode dar apoio material a uma ditadura militar e se dizer defensor da democracia? Ivan sugeriu um pedido formal de desculpas da Folha àqueles que sofreram consequências diretas da aliança entre a empresa e a ditadura militar.
Egmar José de Oliveira, conselheiro da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, informou aos presentes que em breve deverá ser iniciada uma pesquisa nos arquivos para identificar os empresários-financiadores da Operação Bandeirantes, cuja implantação completa 40 anos em julho próximo. A OBAN serviu de modelo para a posterior implantação dos DOI-CODI, os centros de tortura do regime". (...)
* Mais informações nos blogues Vi o Mundo, Cidadania.com, Nas Retinas e Dialógico, que realizaram excelente cobertura - em tempo real - do Ato realizado hoje em São Paulo.
**PIG: Partido da Imprensa Golpista
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