29 agosto 2009
Poema
A Pedagogia dos Aços
Candelária,
Carandirú,
Corumbiara,
Eldorado dos Carajas ...
A pedagogia do aços
golpeia no corpo
essa atroz geografia ...
Há cem anos
Canudos,
Contestado
Caldeirão ...
A pedagogia dos aços
golpeia no corpo
essa atroz geografia ...
Há uma nação de homens
excluídos da nação.
Há uma nação de homens
excluídos da vida.
Há uma nação de homens
calados,
excluídos de toda palavra.
Há uma nação de homens
combatendo depois das cercas.
Há uma nação de homens
sem rosto,
soterrado na lama,
sem nome
soterrado pelo silêncio.
Eles rondam o arame
das cercas
alumiados pela fogueira
dos acampamentos.
Eles rondam o muro das leis
e ataram no peito
uma bomba que pulsa:
o sonho da terra livre.
O sonho vale uma vida?
Não sei. Mas aprendi
da escassa vida que gastei:
a morte não sonha.
A vida vale tão pouco
do lado de fora da cerca ...
A terra vale um sonho?
A terra vale infinitas
reservas de crueldade,
do lado de dentro da cerca.
Hoje, o silêncio
pesa como os olhos de uma criança
depois da fuzilaria.
Candelária,
Carandirú,
Corumbiara,
Eldorado dos Carajás não cabem
na frágil vasilha das palavras ..
Se calarmos,
as pedras gritarão ...
Pedro Tierra
***
-Através do poema acima, do poeta Pedro Tierra (Hamilton Pereira), a singela homenagem do blog ao companheiro 'sem-terra' Elton Brum da Silva, assassinado pela Brigada Militar do RS em 21/08/2009, em São Gabriel/RS.
Arrebentou Júlio ! Linda homenagem, fiquei emocionada. Ainda há, tanta injustiça neste país,que me perco no caminho.
ResponderExcluirAbrs!
Obrigado pelo comentário, Yvy.
ResponderExcluirGrande abraço!
Boa tarde, Julio sempre arrasando, obrigado por exitir!!
ResponderExcluirObrigado à você, Jocemara. Este espaço - normalmente aos sábados - é para quem tem uma coisa rara hoje em dia: 'sensibilidade'! Volte sempre!
ResponderExcluirAbraço grande...