22 setembro 2009

'Foi nota 11'



















CPI DA CORRUPÇÃO NO RS DIVULGA NOVAS GRAVAÇÕES

Mesmo com o boicote dos deputados da base yedista na AL, a CPI da Corrupção avançou ontem seus trabalhos e divulgou novos áudios (oriundos do processo movido pelo MPF, que tramita na Justiça Federal de Santa Maria) em que são protagonistas importantes aliados e ex-aliados de Yeda Crusius, como Flávio Vaz Netto, Delson Martini, José Otávio Germano, Antônio Dorneu Maciel, Marco Peixoto, Luiz Paulo Germano (Buti) e um vídeo com o ex-presidente do Detran, Sérgio Buchmann.
Leia, abaixo, matéria produzida pela da jornalista Olga Arnt, do Portal PT Sul:


Mais uma vez sem a presença de integrantes da base governista, que pela quinta vez consecutiva faltaram à sessão, a CPI da Corrupção apresentou um vídeo com parte do depoimento prestado pelo ex-presidente do Detran Sérgio Buchmann à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal em agosto. O trecho trata do relato de uma conversa que Buchmann teria mantido com secretário adjunto e diretor geral da Administração e dos Recursos Humanos, Genilton Macedo Ribeiro, ocorrida na sala dos Sala dos Mapas, localizada no subsolo do Palácio Piratini. Segundo o ex-presidente da autarquia, Ribeiro ordenou que ele (Buchmann) “calasse a boca” e não falasse mais com a imprensa sobre problemas do Departamento de Trânsito. O secretário teria afirmado, ainda, que a governadora Yeda Crusius estava sendo chantageada pelo ex-marido Carlos Crusius, por Flavio Vaz Netto, também ex-presidente do Detran, e pelo ex-coordenador da campanha tucana ao governo do Estado Lair Ferst.

No depoimento, Buchmann contou que Ribeiro teria afirmado que sabia da compra da mansão pela governadora. “E a casa a gente sabia...desde a campanha, antes de assumir a gente já sabia que era assim mesmo”, teria dito o secretário.

A divisão dos dividendos da fraude no Detran também foi objeto da conversa. Ribeiro teria dito que 24% do movimento financeiro gerado pela terceirização dos serviços da autarquia, via fundações, seria dividido entre Ferst, que receberia 12%, e os demais participantes do esquema, que ficariam com percentual idêntico. Após a troca das fundações no começo do governo Yeda, Carlos Crusius teria alterado a partilha, ficando junto com a governadora com 11%, e reservando apenas 1% para Ferst. A estimativa é de que o montante desviado por mês da autarquia tenha chegado a R$ 2 milhões.

O teor da conversa mantida com Ribeiro teria sido mencionado por Buchmann ao então chefe da Casa Civil José Alberto Wenzel, que só teria mostrado surpresa com a referência à compra da mansão pela governadora e não teria dado importância às outras revelações. “Então, ele falou da Casa”, teria afirmado o ex-chefe da Casa Civil.

O vídeo-depoimento motivou o deputado Daniel Bordignon (PT) a pedir a convocação de Wenzel e solicitar para que o convite para que Buchmann compareça, espontaneamente, à CPI seja reforçado.

Áudios comprometedores

Também foram exibidos uma seleção de dez áudios liberados pela Justiça Federal de Santa Maria. As gravações de telefonemas entre réus da Operação Rodin tratam da dificuldade para “acertar a parte da propina para Lair Ferst”, da ameaça de Flávio Vaz Netto de voltar a depor na CPI do Detran e de uma reunião com a governadora Yeda Crusius para tratar do esquema fraudulento montado no Departamento de Trânsito.

Numa das interceptações, dia 28 de agosto de 2007, o deputado José Otávio Germano insistiu para que Flavio Vaz Netto transferisse para a governadora a responsabilidade de resolver a questão de Ferst, insatisfeito com a nova fórmula adotada para a divisão da propina oriunda do Detran. “Isso não é assunto teu....Por que tu não vai falar com ela lá?”, sugeriu o deputado do PP.

Vaz Netto revelou que o “o cara (Ferst) se insurgiu total”, defendeu que o assunto deveria se tratado “dentro do governo” e disse que já tinha pedido uma audiência com a governadora.

Em outro telefonema, o ex-diretor da CEEE Antônio Dorneu Maciel conversa com um homem apontado como o deputado estadual Marco Peixoto (PP). O diálogo, ocorrido no dia 29 de maio de 2007, gira em torno de uma reunião entre José Otávio Germano, a governadora e, possivelmente, Peixoto. “Só para te avisar que saímos da governadora agora... eu e o José Otávio.... foi nota 11... liga pro Zé...falamos muito em ti”, afirmou o homem identificado como o deputado estadual do PP.

A presidenta da CPI da Corrupção, Stela Farias (PT), considerou o conteúdo do depoimento de extrema gravidade. Para ela, o teor das declarações do ex-presidente do Detran, assim como de outros áudios exibidos até agora, reforça a necessidade de aprovar os requerimentos para convocar as testemunhas ligadas ao esquema fraudulento que desviou mais de R$ 40 milhões da autarquia. Ela afirmou, ainda, que a comissão de inquérito irá continuar mantendo tratativas com possíveis depoentes que se dispunham a comparecer, espontaneamente, a CPI. “Ao mesmo tempo, esperamos que a base governista se integre aos trabalhos e que o relator apresente a sua lista de depoentes e os documentos que quer requisitar”, finalizou.

*Edição e grifos deste blog

** Confira a íntegra dos 'diálogos' no blog http://zerocorrupcao.blogspot.com/

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