24 outubro 2009

Poema














POR QUE CANTAMOS

Si cada hora viene con su muerte
si el tiempo es una cueva de ladrones
los aires ya no son los buenos aires
la vida es nada más que un blanco móvil

usted preguntará por qué cantamos

si nuestros bravos quedan sin abrazo
la patria se nos muere de tristeza
y el corazón del hombre se hace añicos
antes aún que explote la vergüenza

usted preguntará por qué cantamos

si estamos lejos como un horizonte
si allá quedaron árbores y cielo
si cada noche es siempre alguna ausencia
y cada despertar un desencuentro

usted preguntará por qué cantamos

cantamos porque el río está sonando
y cuando suena el río / suena el río
cantamos porque el cruel no tiene nombre
y en cambio tiene nombre su destino

Mário Benedetti

***

POR QUE CANTAMOS

Se cada hora vem com sua morte
se o tempo é um covil de ladrões
os ares já não são tão bons ares
e a vida é nada mais que um alvo móvel

você perguntará por que cantamos

se nossos bravos ficam sem abraço
a pátria está morrendo de tristeza
e o coração do homem se fez cacos
antes mesmo de explodir a vergonha

você perguntará por que cantamos

se estamos longe como um horizonte
se lá ficaram árvores e céu
se cada noite é sempre alguma ausência
e cada despertar um desencontro

você perguntará por que cantamos

cantamos porque o rio está soando
e quando soa o rio / soa o rio
cantamos porque o cruel não tem nome
embora tenha nome seu destino

Mário Benedetti*
(tradução de Antônio Miranda)

------
*Mario Benedetti (foto) (Uruguay - Paso de los Toros, 14 de setembro de 1920 — Montevidéu, 17 de maio de 2009) foi um dos grandes poetas da América Latina. Foi também escritor e ensaísta.

5 comentários:

  1. Saudações caro amigo Julio, como vais? Um Abraço do Colombo

    ResponderExcluir
  2. Grande companheiro Nei Colombo, tudo bem, sempre na luta.
    E contigo? Como está a nossa Santiago?
    Obrigado pela visita.
    Grande abraço!

    ResponderExcluir
  3. "usted preguntará por qué cantamos
    si estamos lejos como un horizonte
    si allá quedaron árbores y cielo
    si cada noche es siempre alguna ausencia
    y cada despertar un desencuentro"

    Amei a escolha nesta manhã carioca iluminada, Júlio !

    Abrs!

    ResponderExcluir
  4. Yvy:

    Este final de semana (em especial) o blog está focado no Uruguay. Por motivos óbvios...
    Benedetti e Viglietti são extraordionários.
    Que bom que gostastes da escolha.
    Grande abraço!
    ...
    (Sou também apaixonado pelo Rio!)

    ResponderExcluir
  5. Olá, Cumpadi Júlio Garcia! Boa noite!

    Gosto das postagens poéticas. Quando tempo tiver, dê uma "espiada" em Spiritus (encontra-se em leituras do Terra Brasilis).

    Abração, Cumpadi!

    ResponderExcluir