09 janeiro 2010

Poema


















Tragédia Carioca I

Agora foram dezessete

Os mortos da guerra carioca

(dezessete os mortos na noite

da cidade guardada pelos braços

do Redentor).


Meninos a maioria

mortos, estraçalhados,

corpos franzinos decompondo-se,

dilacerados, expostos aos 40 graus

e à insensibilidade geral,

sob o sol equatorial da antiga cidade maravilhosa.


Dezessete as vítimas fatais

da vingança policial desencadeada

nas cinco horas do massacre

(ou “tiroteio” – estava nos jornais).


- A favela Nova Brasília é o novo front

da guerra do Rio.


Dezessete mortos nesta noite

desovados no subúrbio ironicamente chamado

‘Bonsucesso’.

Dezessete vidas ceifadas

na guerra civil – que a tela global denomina

“a Guerra do Tráfico” – e lava as mãos sanguinolentas.


Meninos a maioria

As vítimas da guerra nas favelas.


O espelho das águas outrora cristalinas

das lagoas do Rio

Estão embaçados pelo sangue

dos meninos mortos na guerra dos morros

pelo sangue das vítimas da tragédia carioca

que continua...


Júlio Garcia

*Do livro ‘Cara & Coragem’ – Poemas

**Escrito em 1995, continua, lamentavelmente, atual!

2 comentários:

  1. 1995 e nada mudou...
    Pacificação ainda é utópica.

    Abrs

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  2. Olá, Yvy!
    Em que pese significativos avanços que tivemos nos últimos anos (como é o caso do Pronasci), no que tange à violência no Rio (e em outros centros do país), ainda estamos longe de um patamar razoável. Mas temos que insistir em buscá-lo...
    Abraço!

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