09 outubro 2010

'O Brasil não quer voltar ao passado'











O que está em jogo no 2º turno

José Dirceu escreve:

O que está em jogo no segundo turno não é apenas a continuidade das mudanças iniciadas por Lula, uma vez que Serra não tem compromissos com elas. Pelo contrário: faz oposição e se diz contrário ao Governo Lula, ainda que no início de sua campanha tenha flertado com Lula e seu Governo. Fora as propostas demagógicas e populistas de aumento do Bolsa Família, que sempre foi contra, do salário mínimo e dos benefícios da aposentadoria, que seu partido sempre foi contra, já que defende corte nos gastos públicos e da previdência, o candidato não apresentou um projeto para o país e uma política de desenvolvimento, e muito menos econômica, que se contraponha a de Lula e seus dois governos.

Mas a campanha apoiada na popularidade de Lula, maior que os 47 milhões de votos da Dilma e na aliança que a apoiou no primeiro turno, tudo indica que o segundo turno transcenderá a essas questões. Dependerá dos votos nulos e brancos, da abstenção, já que os 20 milhões de votos da Marina, divididos de certa forma em votos progressistas e conservadores, podem se dividir de forma igual entre Dilma e Serra, com uma parcela optando pela abstenção, que foi 27,72% no primeiro turno, voto nulo ou branco.

A direção do PV fortemente ligada aos tucanos, particularmente em São Paulo e no Rio de Janeiro, já optou por Serra, embora Marina e o conjunto de forças políticas e sociais que dirigiram sua campanha tenham um projeto que vai além dessa eleição e se recusam a apoiar Serra. Tendem a neutralidade, deixando ao eleitor a decisão com base no programa que Marina defendeu na eleição e agora reapresenta aos candidatos e aos eleitores.

Haverá daqui até dia 31 uma disputa do voto conservador, que Serra tenta capturar via a exploração perigosa e intolerante da questão religiosa, com graves conseqüências para nossa vida democrática e nossa convivência ecumênica e pacífica que devemos disputar com base nos avanços do governo Lula, todos sob risco no caso de uma vitória de Serra, sem deixar de responder a questão religiosa, seja da liberdade de culto, seja do abordo.

Mas o que decidirá a eleição é a manutenção dos 47 milhões de votos em Dilma e a disputa dos votos progressistas de Marina, com base em nossos compromissos democráticos, progressistas, ambientais, políticos, econômicos e sociais. E, para além da disputa do voto dado a Marina, a eleição no segundo turno, sem as eleições para governador, senador e deputados, em 19 estados que concentram 86% do eleitorado, será decidida pela força do apoio de Lula, do PT e dos aliados, dos governadores, senadores e deputados eleitos, dos prefeitos e vereadores que apoiaram Dilma no primeiro turno.

A eleição não será decidida apenas na TV e nos debates, mas nas ruas, casas, bairros, entidades, igrejas, empresas, sindicatos e movimentos. Temos que nos mobilizar para esse corpo a corpo e esse debate democrático que transcende, aliás como no primeiro turno, os meios de comunicação. Mais uma vez nossa militância é chamada a luta e ao debate e nossos movimentos sociais, intelectuais, artistas e profissionais, formadores de opinião, devem se fazer presentes, já que uma derrota significa um retrocesso histórico nas mudanças que iniciamos no Brasil.

O Brasil não quer voltar ao passado, apóia e confia no presidente Lula e em seu governo, sua continuidade é a garantia de vitória no dia 31. Cabe a nós convencer o Brasil que nossa candidata representa essa continuidade e está a altura de garantir as mudanças que Lula iniciou no Brasil.

* Do Blog do Zé Dirceu - http://www.zedirceu.com.br/

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