13 junho 2011

Conjuntura Internacional


Zé Dirceu: 'O Mundo vai se redesenhar'  

Durante Seminário do PT em Porto Alegre/RS, José Dirceu diz que Brasil será um dos grandes do mundo em 10 anos 

Ocorreu, no último final de semana, no Ritter Hotel, em Porto Alegre,  a Jornada de Formação Política promovida pelo PT gaúcho. A seguir, o blog publica as principais partes da matéria assinada pelo jornalista Igor Natusch, do sítio Sul 21, onde é relatado, em detalhes, a intervenção do ex-ministro e ex-Presidente Nacional do PT, José Dirceu, durante sua participação na noite da última sexta-feira,  onde o ex-chefe da Casa Civil do presidente Lula foi calorosamente recebido e atentamente escutado.  Leia a seguir:

'José Dirceu, ex-presidente nacional do PT e ex-chefe da Casa Civil durante o governo Lula, foi a grande atração do Encontro Estadual de Formação Política do partido, ocorrido nesta sexta-feira (10) em Porto Alegre. Uma das principais lideranças nacionais da sigla, Dirceu veio participar do painel “O Mundo Hoje: Análise e Debate da Conjuntura Internacional”, ao lado do presidente de honra da sigla no RS, Olívio Dutra, e do presidente estadual e deputado gaúcho Raul Pont.  (...) 

“O mundo vai se redesenhar”, diz José Dirceu

Durante a palestra, José Dirceu falou da conjuntura política internacional a partir da ótica brasileira, levando em conta sua experiência no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. De acordo com ele, o Brasil adotou uma postura mais protagonista, tendo papel importante em um grande projeto que engloba as Américas e os países emergentes de modo geral. “O mundo não é mais como na Era Bush”, disse. Segundo ele, o mundo cada vez mais se divide em dois blocos: os países emergentes, de rápido e intenso crescimento econômico (como o próprio Brasil, a China e a Índia) e as “velhas” potências, representadas pela Europa, Japão e EUA.

“São países que querem congelar o poder dos organismos internacionais, querem enfraquecer a ONU, querem congelar as reformas no sistema financeiro internacional”, declarou Dirceu a respeito das nações identificadas com o modelo norte-americano. “Mas é um esforço que não terá futuro. Em 10 anos, as principais forças econômicas do mundo devem ser EUA, índia, China e Brasil. O mundo vai se redesenhar, e nossa política externa tem que ser capaz de representar o país nesse novo panorama, onde seremos um dos protagonistas”.

José Dirceu comentou também sobre o que considera ações intervencionistas do bloco econômico que une EUA e Europa, como as recentes medidas militares envolvendo a Líbia. Segundo ele, a proteção do povo líbio é o que menos conta na lógica que motiva os bombardeios. “Estão destruindo a infraestrutura do país, apoiando um dos lados em uma guerra civil ao invés de propor um acordo que leve a novas eleições e traga paz”, acusou. “Espero que essa invasão seja o último suspiro desta fórmula de intervenção”.

“Deixamos de ser um país periférico e submisso. Tornamos-nos um país soberano, quase um modelo no que se refere a novas políticas sociais”, empolgou-se ao falar do modelo adotado nos oitos anos de governo Lula, e que encontra sua continuidade em Dilma Rousseff. Sucesso, segundo ele, calcado na adoção de um modelo distante da lógica hegemonista que guia países como os EUA. “Não estamos nos aproveitando das necessidades de nossos vizinhos, e sim os incentivando a crescer também, dentro de uma lógica que envolve todos. Nossa luta é contra as hegemonias, evitando a agressão, a guerra, os bloqueios e as sanções”. Nesse sentido, José Dirceu comemorou a recente vitória de Ollanta Humala nas eleições do Peru, já que sua chegada ao poder desconstitui a tentativa de construir um eixo de direita na América do Sul, unindo Colômbia, Chile e o próprio Peru sob a chancela dos EUA.


Ao final da palestra, foi aberto espaço para perguntas da plateia. Respondendo uma questão sobre uma suposta despolitização da juventude, José Dirceu defendeu que se trata justamente do contrário. “As grandes mudanças são sempre capitaneadas pela juventude”, declarou, dizendo que há uma “luta político-ideológica” que busca convencer os jovens, via mídia, de que não há espaço para mudanças. “Querem dar a versão dos vencidos, e não a dos vencedores. Temos que combater a mídia com mídia também, senão a juventude sempre será influenciada por quem tem hegemonia”.

Em outro momento, descartou a ideia de que o PT teve que abrir mão de seus ideais para alcançar o poder e mantê-lo. “Temos que ser realistas e entender que somos minoria no parlamento e até mesmo na sociedade”, afirmou, causando alguma surpresa nos presentes. “Não é que as alianças nos comprometam, é que não temos maioria na Câmara e no Senado. Mesmo assim, tirando algumas questões mais difíceis como o Código Florestal e a reforma agrária, estamos cumprindo todas as nossas bandeiras. Não há perda de rota com as alianças”, garantiu.'

*Com o sítio Sul 21

Foto: Ramiro Furquim

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