28 dezembro 2011

Artigo


 
Tecnologia e democracia
 
        Por Vinícius Wu*

Talvez você não saiba, mas, atualmente, uma silenciosa (e saudável) disputa é travada entre governos do mundo inteiro no campo do desenvolvimento de tecnologias da informação e comunicação (TICs), voltadas ao aperfeiçoamento da democracia e da participação cidadã.

Sim, estamos falando de softwares, aplicativos e até mesmo jogos eletrônicos desenvolvidos especialmente para estimular a participação dos cidadãos nas decisões públicas.

Naturalmente, não estão envolvidos os bilhões de dólares das disputas entre a Microsoft, a Apple, entre outros. Mas há uma crescente mobilização de recursos para ações dessa natureza. Diversas cidades do mundo, como Nova York, Barcelona e Londres, investem nessa área, além de vários governos nacionais, como Alemanha e EUA.

E, para os gaúchos, uma boa notícia: o Rio Grande, seguramente, está na vanguarda entre os Estados brasileiros, tendo recebido em 2011 cinco prêmios nacionais pelo desenvolvimento de softwares destinados à promoção da cidadania. A Procergs (Companhia de Processamento de Dados do Rio Grande do Sul) assumiu a dianteira, principalmente, a partir do lançamento do Gabinete Digital do governador Tarso Genro. E com uma vantagem: sua plataforma é desenvolvida, desde sua primeira linha de códigos, em formatos livres, o que reduz custos e torna acessível a qualquer outro governo a apropriação dessas novas tecnologias de participação cidadã.

A experiência gaúcha, recentemente, chamou atenção de um dos mais renomados pesquisadores da área nos EUA, que chegou a afirmar que o Rio Grande do Sul está superando, nesse terreno, os EUA de Barack Obama, um político reconhecido pelo uso constante de redes sociais em sua trajetória recente. A análise de Matthew Salganik, da Universidade de Princeton, pode ser lida em https://freedom-to-tinker.com/blog/mjs3

As tecnologias da informação e comunicação (TICs) são utilizadas atualmente em praticamente todas as áreas da administração pública: segurança, saúde, educação, planejamento e gestão, defesa, entre outros. Seguramente, a área do estímulo à participação é a que menos recebe investimentos. Talvez por isso seja também uma das que mais se abrem ao desenvolvimento de plataformas livres, no qual o envolvimento de hackers é constante. Hackers são, simplesmente, especialistas em tecnologia que compartilham códigos de conduta baseados em reconhecimento pelos sistemas que desenvolvem, a partir da transparência e acesso ao conhecimento produzido.

O Rio Grande está fazendo sua parte e já conta com know-how acima da média brasileira. Em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV), estão sendo desenvolvidas aqui experiências que atestam o enorme potencial do uso das novas tecnologias da informação e comunicação para o fortalecimento da democracia.

Que os governos, de todo o mundo, estejam cada vez mais empenhados nessa benévola disputa e invistam ainda mais nesse tipo de tecnologia. Certamente, terão mais valor para a humanidade do que os bilhões investidos, anualmente, em inovações destinadas à promoção da guerra e da morte.

O Estado democrático está desafiado a absorver, cada vez mais, tecnologias para a promoção de um futuro de democracia e liberdade acessível a todos os cidadãos.

*Vinícius Wu é Secretário chefe de Gabinete do governador do Estado do Rio Grande do Sul  e coordenador do Gabinete Digital.

Fonte:   http://www.estado.rs.gov.br/

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