29 fevereiro 2012

'Precisamos ousar e acreditar...'

 

Carnaval de Porto Alegre: um passo à frente

   
  Paulo Ferreira*  escreve:

Todos os anos, as ruas e passarelas do Brasil são tomadas pela alegria da festa mais conhecida no mundo. Expressão genuína da cultura popular, o Carnaval envolve variados setores sociais num processo de superação da artificial separação entre cultura popular e a dita ¨alta cultura¨, sem que seus protagonistas percam a liderança e a originalidade desta grande manifestação do Brasil que somos, da raiz popular que originou o Carnaval.

Desde o surgimento do Carnaval no Brasil, o povo sempre evocou justiça, liberdade, igualdade. Os dias de folia são os mais democráticos e as desigualdades de todo gênero repousam diante do mundo maravilhoso criado por mestres-salas, porta-bandeiras, passistas, carnavalescos, ritmistas, extraordinários profissionais que encantam as pessoas. Pobres em sua imensa maioria, os profissionais da alegria mostram que ninguém quer só comida, saneamento, água tratada, escolas, saúde e moradia - direitos básicos, que não deveriam faltar para ninguém, mas insuficientes.

Neste ano, a parceria entre a Estado Maior da Restinga e o IBRAVIN (Instituto Brasileiro do Vinho) deu à tricolor da zonal sul o bicampeonato. Contudo, para além da conquista, vale destacar que tal parceria expressa a inconformidade do Carnaval de Porto Alegre com suas limitações. A união entre Restinga e Ibravin criou condições para um projeto de carnaval que aliou inteligência de gestão, criatividade e vínculo com um setor produtivo tradicional do nosso estado. Foi possível qualificar o espetáculo e ampliar a visibilidade dos vinhos e espumantes brasileiros.

O potencial do Carnaval de Porto Alegre foi comprovado pela presença de mais de 60 mil pessoas a cada noite de desfiles e pelos altos índices de audiência registrados pelos meios de comunicação. Esta força capacita as escolas de samba para disputar fundos públicos e privados de financiamento, com resultados evidentes na qualificação do espetáculo. Porém, embora tenhamos avançado na compreensão de que o Carnaval deve ser tratado como um projeto comum de todos os dirigentes das escolas, avança lentamente a necessária profissionalização e formalização das agremiações.

Parabéns à AECPARS, presidida pelo abnegado e talentoso Ademir Moraes, nosso querido Urso. Parabéns aos dirigentes das escolas que, diante de imensas dificuldades, mostram que o Carnaval, além de uma grande festa, também é um elemento indutor do desenvolvimento social e econômico. As mais de oito mil pessoas que trabalham no Carnaval de Porto Alegre entre outubro a fevereiro exemplificam quão inclusivo é este espetáculo.

Há muitas possibilidades que devem ser transformadas em ações concretas, como a conclusão das obras do Porto Seco. Precisamos ousar e acreditar que o impossível pode estar em nossas mãos. O Carnaval de Porto Alegre não cabe mais em arquibancadas improvisadas.

*Paulo Ferreira (foto) é membro do Diretório Nacional do PT e suplente de Deputado Federal (PT/RS)

Fonte: http://pauloferreira.net.br

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