01 junho 2012

'Como o mar sobre um barco furado'


De volta ao passado
   
  Por Mino Carta*

"Os caluniadores são, antes de mais nada, covardes. Sentem as costas protegidas pela falta generalizada de memória, ou pela pronta inclinação ao esquecimento. Pela impunidade tradicional garantida por uma Justiça que não pune o rico e poderoso. Pelo respaldo do patrão comprometido com a manutenção do atraso em um país onde somente 36% da população conta com saneamento básico, e 50 mil pessoas morrem assassinadas ano após outro. (...)"

É do conhecimento até do mundo mineral que nunca escrevi uma única, escassa linha para louvar os torturadores da ditadura, estivessem eles a serviço da Operação Bandeirantes ou do DOI-Codi. Ou no Rio, na Barão de Mesquita. E nunca suspeitei que a esta altura da minha longa carreira jornalística me colheria a traçar as linhas acima. Meu desempenho é conhecido, meus comportamentos também. Mesmo assim, há quem se abale a inventar histórias a meu respeito. Alguém que, obviamente, fica abaixo do mundo mineral.

Não me faltaram detratores vida adentro, ninguém, contudo, conseguiu provar coisa alguma que me desabonasse. Os atuais superam-se. Um deles se diz jornalista, outro acadêmico. Pannunzio & Magnoli, binômio perfeito para uma dupla do picadeiro, na hipótese mais generosa de uma farsa cinematográfica. Esmeram-se para demonstrar exatamente o que soletro há tempo: a mídia nativa prima tanto por sua mediocridade técnica quanto por sua invejável capacidade de inventar, omitir e mentir.

Afirmam que no meu tempo de diretor de redação de Veja defendi a pena de morte contra “terrorristas”, além de enaltecer o excelente trabalho da Oban. Outro inquisidor se associa, colunista e blogueiro, de sobrenome Azevedo. E me aponta, além do já dito, como um singular profissional que não aceita interferência do patrão. Incrível: arrogo-me mandar mais do que o próprio. Normal que ele me escale para o seu auto de fé. O Brasil é o único país do meu conhecimento onde os profissionais chamam de colega o dono da casa. (...)

CLIQUE AQUI  para ler na íntegra (via Carta Capital*).

Nota do Blog: As duas capas da revista Veja, acima,  são dos anos 1968 (primeira edição) e  de 1969, quando então a semanal fazia corajosa oposição e denúncia dos crimes da ditadura militar, dirigida brilhantemente  que era pelo jornalista Mino Carta. Após a saída de Mino da revista, cuja 'cabeça' foi pedida por Armando Falcão, inquisidor-mor da ditadura no também triste período do general Geisel , a família Civita entregou-a para os braços do regime, a quem começou a apoiar sem nenhum pejo, aliás, como o fez a maior parte da 'velha mídia' (ou PiG**, como hoje é mais conhecida).  

Desde então,  a repugnante mutação de 'Veja'  transformou-a na antítese do que ela  fora, honrosa, brilhante e corajosamente, um dia.  (Júlio Garcia)

-(Atualizada às 12,15 h de 02/06/2010).  **PiG: Partido da Imprensa Golpista

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