18 julho 2012

Economia

  O recuo do PIB e a retomada

     
    Por João Motta*

Em 2011, há pouco mais de seis meses, o Rio Grande do Sul comemorava o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 5,7%, equivalente a quase o dobro da média nacional. O bom momento da agropecuária, junto à expansão dos serviços e da indústria, garantiu um ano excelente para a economia gaúcha, apesar do cenário de crise internacional. Entretanto, já naquele momento identificávamos as dificuldades que o Estado teria devido ao período de estiagem, que, somado ao recrudescimento da crise na Europa - ainda sem solução à vista - e com reflexos para os países "emergentes", que antes sustentavam a demanda mundial, indicam claros sinais de forte desaceleração.

Em nível nacional, a produção industrial encontra-se estagnada, e as exportações apresentam queda. No Rio Grande do Sul, os efeitos da forte estiagem deste ano vem somar-se a esse contexto. A história recente da economia gaúcha mostra que, quando a agricultura tem uma quebra de safra, o PIB do Estado cresce abaixo da média nacional. Foi assim nos anos de 2004, 2005 e 2008. Em 2012, a redução de 27,0% na produção da agropecuária fez com que o PIB total do Estado caísse 1,8% no primeiro trimestre do ano, enquanto, no mesmo período, a economia brasileira cresceu 0,8%.

É importante destacar, entretanto, que, em 2012, ao contrário da grande estiagem ocorrida em 2005, as perdas econômicas com origem na agricultura gaúcha estão restritas a esse setor. Os preços agrícolas em alta e a boa capitalização do produtor, que resulta de três boas safras consecutivas, estão servindo de freio à queda da renda agrícola. Isso é muito importante, pois atenua os efeitos indiretos sobre os outros setores econômicos do Estado, como a produção de bens de capital ligados à agricultura e às vendas do comércio. Os setores da indústria (+0,9%) e serviços (+2,4%) apresentaram resultados positivos, que, mesmo modestos, mostram crescimento superior à média brasileira.

O Estado do Rio Grande do Sul, assim como o governo federal, entende que a estratégia para enfrentar os efeitos da crise é investir. Os dados já revelam que, a despeito das adversidades, a economia gaúcha se mostra resistente. Isso se deve, em grande medida, à continuidade dos investimentos públicos e aos fortes investimentos privados em nosso Estado, tanto para a ampliação da capacidade produtiva, quanto em infraestrutura. Na iniciativa privada, com a expansão da GM, Marco Polo, do Polo Naval e Hyundai, temos R$ 6 bilhões no Estado. O governo federal adota medidas anticíclicas para sustentar o nível de emprego e renda. A estratégia do governo do Estado, buscando investimentos externos que já somam R$ 3,7 bilhões, entre financiamentos do Bird, BID e BNDES, e programas federais, como PAC1 e 2, foi antecipada, resultando em um momento em que o Estado tem recursos para investir na retomada do desenvolvimento. Temos a confiança de que a afirmação da função do Estado na indução da economia indicará taxas de crescimento mais expressivas tanto para a economia nacional, quanto para o Rio Grande do Sul.

*João Constantino Pavani Motta é secretário de Planejamento, Gestão e Participação Cidadã do Rio Grande do Sul  

Fonte: http://www.pauloferreira.net.br

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