03 novembro 2013

Soneto da Separação




* Soneto da Separação - Vinícius de Moraes

De repente do riso fêz-se o pranto 
silencioso e branco como a bruma 
E das bocas unidas fêz-se espuma 
E das mãos espalmadas fêz-se o espanto. 

De repente da calma fêz-se o vento 
Que dos olhos desfez a última chama 
E da paixão fêz-se o pressentimento 
E do momento imóvel fêz-se o drama. 

De repente, não mais que de repente 
Fêz-se de triste o que se fêz amante 
E de sozinho o que se fêz contente. 

Fêz-se do amigo próximo o distante 
Fêz-se da vida uma aventura errante 
De repente, não mais que de repente. 

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