22 março 2014

Poema



Pranto por Ignácio Sánchez Mejias

* Federico Garcia Lorca

Às cinco da tarde.
Eram as cinco em ponto dessa tarde

Um menino trouxe o lençol branco
às cinco da tarde.

Uma alcofa de cal já prevenida
às cinco da tarde.
O mais era só morte e apenas morte
às cinco da tarde.

(...) Eu quero ver aqui os homens de voz dura.
Os que cavalos domam e dominam os rios:
os homens a quem tine o esqueleto e cantam
com uma boca cheia de sol e pedregais.

Aqui os quero eu ver. Diante desta pedra.
Diante deste corpo com as rédeas quebradas.
Eu quero que me ensinem onde está a saída
para este capitão atado pela morte.

(...) Porque tu estás morto para sempre,
como todos os mortos pela Terra,
como todos os mortos que se olvidam
em um montão de cães que se apagaram.

Ninguém já te conhece. Não. Mas eu te canto.

Eu canto antes de mais o teu perfil e graça.
A madureza insigne do teu conhecimento.
Teu apetite de morte e o gosto de sua boca.
A tristeza que teve a tua valente alegria.

Tardará muito tempo em nascer, se é que nasce,
 um andaluz tão claro, tão rico de aventura
 e recordo uma brisa triste nos olivais. (...)

-Leia  o Poema - na íntegra -  clicando AQUI

(Homenagem póstuma - e singela - deste Editor ao caro e inesquecível amigo e companheiro Remo Barcelos Campani, que nos deixou esta semana...)

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