15 agosto 2014

Tarso cresce. Olho no manchetômetro



 Por Antonio Escosteguy Castro*
A pesquisa do Ibope da semana passada mostrou mais do que um expressivo crescimento da candidatura de Tarso Genro, bem acima da margem de erro. Mostrou que este crescimento tem bases sólidas, eis que cresceram, simultaneamente, a aprovação de seu governo e a confiança no candidato. Certamente acendeu um alerta na campanha de Ana Amélia.
Usando típica linguagem de pesquisas, vamos agora cruzar estes dados com a recente divulgação da criação do Manchetômetro, iniciativa da UERJ-Universidade do Estado do Rio de Janeiro de contabilizar a cobertura da grande imprensa em relação aos candidatos. Os primeiros resultados divulgados são estarrecedores. No Jornal Nacional, são 82 minutos de reportagens negativas para Dilma, contra três minutos de reportagens negativas para Aécio. E isto incluindo todo o período dos aécioportos. Em número de manchetes nos grandes jornais, Dilma tem 180 manchetes negativas e 15 positivas e Aécio 19 positivas e 19 negativas. É evidente que não há o mais mínimo equilíbrio na cobertura. E nem se argumente que se trata da importância do cargo, porque a presidenta Dilma tem 10 vezes mais manchetes negativas que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, mesmo com a crise hídrica, que, não por acaso, boa parte da grande imprensa se esforça em esconder. Não há levantamentos da UERJ sobre o Rio Grande do Sul, mas estas percentagens certamente não são muito diferentes em nosso Estado em relação ao governador do PT e seus adversários.
Esta semana está sendo realizada pesquisa Datafolha no Rio Grande do Sul, encomendada também pela RBS. Apenas uma semana depois da do Ibope. Qual seria a utilidade de uma enorme pesquisa, com mais de 1.200 entrevistas (o usual, como foi na do Ibope, são cerca de 800)? O quadro eleitoral em uma semana não se altera muito e esta nova pesquisa sequer pegará o impacto da trágica morte de Eduardo Campos, que se deu já no fim de seu período de campo.
A resposta está no exame do questionário registrado pela Datafolha e disponível no site do TSE. Depois da aferição das intenções de voto, a pesquisa é um verdadeiro roteiro para identificar as fragilidades do governo Tarso. Às vésperas de iniciar o horário eleitoral gratuito (dia 19 de agosto), uma enorme e, portanto, precisa pesquisa quer saber o que de melhor e de pior fez o governo, qual a opinião da população sobre a empresa EGR, que administra os pedágios, qual o impacto da luta de Tarso em renegociar a dívida do Estado e outras questões cujo único interesse neste momento é alimentar a pauta dos veículos da RBS neste próximo período em que o PT terá enfim alguns minutos na TV para mostrar o que fez e o que quer fazer.
Tarso se encontra em ascensão exatamente quando inicia o horário eleitoral e terá, então, uma exposição de mídia positiva que nunca tem. Neste momento, o maior grupo de comunicação do estado pesquisa detalhada e cientificamente quais são seus pontos fortes e fracos e testa o impacto de suas principais linhas de campanha. Nada pergunta sobre os outros candidatos, como por exemplo sobre o impacto da única proposta concreta de Ana Amélia até agora: reduzir os cargos em comissão…
Pode ser apenas paranóia deste colunista, mas prestem bem atenção nas manchetes de nossa grande imprensa no próximo período. Pena que não há um Manchetômetro no Rio Grande.
*Advogado - Via Sul21  - http://www.sul21.com.br/
Edição final e grifos deste Blog
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-Nota do Editor do Blog: Como podemos observar nos números dessa 'esquisita' (para dizer o mínimo) pesquisa do Datafalha hoje veiculada pela RBS, dando uma 'vantagem' de 9 pontos para sua candidata, não se tratava de paranóia não: o colunista acertou na mosca! Esse filme (pesquisas encomendadas), aliás, nós já assistimos...

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