19 janeiro 2015

Morte de promotor argentino é um tiro para desestabilizar Cristina Kirchner



Nisman, que mantinha relações com o governo americano, havia pedido que Cristina fosse chamada para depor na causa do atentato terrorista contra a AMIA.

O promotor Alberto Nisman apareceu morto com um tiro na cabeça disparado com sua arma pessoal em um apartamento localizado a poucas quadras da Casa Rosada, a sede do governo. Seu corpo foi encontrado nas primeiras horas desta segunda-feira (19), dias depois de ter acusado Cristina Kirchner de encobrir os responsáveis do atentado que matou dezenas de pessoas na AMIA (Associação Mutual Israelita Argentina), em julho de 1994.

O procurador se transformou em uma estrela de televisão e dos meios de comunicação oligopolistas que deram ampla cobertura às suas sonoras denúncias, geralmente vazias de provas. Nisman era para a grande mídia algo como se tornou o juiz paranaense Sergio Moro para a imprensa tradicional brasileira.

Os principais dirigentes oposicionistas haviam viajado de seus respectivos estados para Buenos Aires a fim de participar nesta segunda-feira de uma exposição de Alberto Nisman na Câmara dos Deputados, em que havia prometido que apresentaria provas sobre a interferência de Cristina na investigação sobre o atentado terrorista de 1994.

Segunda essa versão do promotor, a presidenta quis evitar que fossem investigados suspeitos iranianos. A morte de Alberto Nisman motivou comoção nacional a 10 meses das eleições presidenciais, enquanto os adversários do governo não estão conseguem superar suas diferenças internas para compor uma coalizão unitária.

“Os dados da autópsia de Alberto Nisman estarão prontos à noite, o que podemos adiantar é que sua morte aconteceu antes do jantar [de domingo]... estava sozinho e a porta do apartamento estava fechada com chave”, informou a promotora Viviana Fein.

“Pedimos aos jornalistas que nos deixem trabalhar”, disse Viviana diante de um enxame de repórteres que a esperavam na porta do elegante prédio em que ele residia, onde o corpo jazia dentro do banheiro junto da arma com a qual o disparo foi feito.

Como os dados da perícia forense ainda não foram divulgados, seria irresponsável arriscar se o promotor que investigava o atentado da associação mutual judia AMIA se suicidou ou se foi assassinado. Em todo caso, é evidente que este fato sangrento carrega consigo uma consequência política: prejudica o governo da presidenta Cristina Kirchner, que mantém uma alta popularidade e deve exercer sua influência nas eleições em que seu sucessor será escolhido. (...)

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