Não ocorreu nada melhor ao PT, diante de uma situação adversa, do que lançar uma candidatura própria na Câmara. Nada poderia aprofundar mais seu isolamento.
Por Emir Sader*
Uma derrota como essa não se improvisa. É construída com afinco e determinação. E, ao mesmo tempo, é uma derrota anunciada, prevista, mas ao mesmo tempo - para dar-lhe um caráter ainda mais grave -, foi vivida por seus coordenadores sem a consciência do momento e das dimensões do que está em jogo.
Antes de tudo, a derrota de termos um Congresso mais conservador, não apenas na sua composição, mas na perda de alguns dos mais valiosos parlamentares que a esquerda tinha. Resultando, entre outros, a inviabilidade de ser aprovado pelo Congresso qualquer projeto de lei de democratização dos meios de comunicação ou de fim do financiamento privado de campanhas – dois dos temas centrais do país hoje. O Congresso passa a ser um problema, um obstáculo para o aprofundamento da democracia no país.
O PT e a esquerda em geral – veja-se o resultado ruim também do PCdoB – sofreram derrotas pela diminuição das suas bancadas, expressando o isolamento da esquerda no conjunto do eleitorado, correlato à vitória apertada da Dilma.
O clima histérico criado contra o PT, a Dilma, a esquerda, levou ao isolamento político, resultado de muitos erros, mas antes de tudo o de não haver avançado na democratização dos meios de comunicação, o que permitiu a campanha de ódio e o aprofundamento da criminalização da imagem do PT.
Em seguida, o fim do primeiro mandato da Dilma e o vazio que se instaurou, até que o segundo comece a funcionar. Não há vazio na política. As forças conservadoras foram construindo sua hegemonia no Congresso, através de uma candidatura que melhor expressa o que de pior tem o Congresso. Uma aliança do setor de direita do PMDB, - incluindo um forte protagonismo de todos os lobbies que se situam ali-, mais a interminável lista de siglas corporativas, que vivem do que lhes permite a legislação eleitoral: as prebendas das negociações de legenda, de horário eleitoral, de cargos, etc. Estes tinham no candidato da direita à presidência da Câmara um candidato perfeitamente talhado às suas necessidades. (...)
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Uma explicação genérica e bem simples poderia ser: a derrota na Câmara é mais um exemplo de que a atual cúpula politica - do governo e do PT - desaprendeu a fazer disputa política. Talvez esteja afundada por muito tempo na conciliação atual e nas facilidades do poder...
ResponderExcluirLuís