09 outubro 2015

O caos “pós-bomba” da turma do impeachment


cogumelo

O físico Rogério Cezar de Cerqueira Leite, uma das grandes glórias da ciência nacional, sabe do que está falando.

Acostumado a refletir sobre o movimento das partículas, escreve hoje um interessante (e terrificante) artigo onde analisa o  que resultaria se as forças  que se alinharam ao projeto de afastamento da Presidenta Dilma Rousseff, hipoteticamente, perdessem o alvo do ódio que as magnetiza.

Pelas as ambições, apetites e métodos destes corpúsculos, todos de baixa densidade social, Cerqueira Leite nos conduz a imaginar o caos que se seguiria à perda do que parece ser, agora, a sua única referência: o projeto selvagem de derrubada do governo.

Porque, de fato, é este o único ponto que os une e, se o ultrapassassem, teríamos, na política e na sociedade, uma aula prática e mortal do que a fissão atômica produz…

A vingança apocalíptica

Rogério Cezar de Cerqueira Leite, em seu Blog

Hoje estão em consonância no Brasil forças extremas da sociedade, que em tempos mais serenos ficariam em campos opostos. O PSDB abraça os descontentes chantagistas do PMDB, enquanto o vampiresco Eduardo Cunha e sua horda de zumbis dão beijocas no sanguinário deputado Carlos Sampaio.

Hoje a reacionária alta burguesia paulista faz afagos na pelega Força Sindical, enquanto a elite janota do Rio de Janeiro se aconchega aos plebeus da zona norte.

Hoje dão as mãos o direitista "O Estado de S. Paulo", a minha querida quase imparcial Folha, o oportunista "O Globo" e a histérica revista "Veja". Hoje se alinham para panelaços a população alienada e a estudantada militante.

Tudo isso porque elegeram um inimigo comum, o PT, e sua representante mítica, Dilma Rousseff. Ah, como é reconfortante encontrar um bode expiatório, alguém que, como Cristo, acolha todas as culpas, embora a contragosto. Ah, como é gostoso ter um inimigo comum.

É pena que a presidente Dilma Rousseff seja tão obstinada, tão voluntariosa. É pena que seja ela tão patriota, tão irredutivelmente profissional. Pois, o que aconteceria se inopinadamente esse inimigo comum fosse removido?

Apenas por razões de ordem acadêmica, vamos supor que a presidente Dilma decidisse abdicar. Vocês já imaginaram a balbúrdia que se instalaria no Brasil? Sem um inimigo comum, um bode expiatório geral? Como iriam comportar-se esses atores tão individualistas, tão egocêntricos da política nacional?

Imaginemos apenas que, se não para manter sua dignidade, mas apenas por macabra vingança, a presidente Dilma Rousseff resolvesse passar umas longas e merecidas férias em Côte d’Azur, na França.

José Serra mandaria mísseis ªexocetsº e outros petardos para Belo Horizonte. Eduardo Cunha mandaria seu exército pentecostal aniquilar o estarrecido Michel Temer, que, acossado de todos os lados e sem a têmpera de uma Dilma, não resistiria muito até desmoronar.

A mídia, confusa, já não saberia a quem hostilizar. Eduardo Cunha? José Serra? Fernando Henrique Cardoso? O PMDB, acostumado a aderir ao mais forte, ficaria sem orientação, sem rumo.

Os ‘pit bulls’ da oposição (Rodrigo Maia, Carlos Sampaio, Álvaro Dias, Aloysio Nunes Ferreira), viciados e sem ter a quem morder, passariam a se mastigar entre si ou passariam a atacar outros aliados? E quem governaria essa Câmara prenhe de cobiças e de extorsões?

FHC disse que é inoportuno o impeachment da presidente Dilma porque não há lideranças adequadas. Talvez o que ele queira dizer é que haja muitos candidatos medíocres para a substituição de Dilma. Com isso, agride seus correligionários Serra e Aécio Neves e outros opositores dos demais partidos, antes mesmo de qualquer processo de impedimento da presidente.

Ah, que pena que Dilma não é vingativa. Que pena, mas que sorte!

*Fonte: http://tijolaco.com.br/

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