04 janeiro 2016

Entrevista com o ex-Deputado Flávio Koutzii (PT/RS) - via Sul21


"Sartori tem seu lado de Yeda. Ele não usava a expressão ‘déficit zero’, mas está atuando exatamente como se fosse, de um modo até mais radicalizado”. (Foto: Guilherme Santos/Sul210
“Aqueles que votaram nele  {Sartori, PMDB} com um desejo sincero de menos polarização serão rapidamente chamados a refletir sobre o sentido dessa política de matar ou morrer, aplicada por Macri {Argentina}”. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

‘Sartori está partindo o Rio Grande ao meio com uma política mais radical que a da Yeda’

Por Marco Weissheimer, no Sul21*
Flavio Koutzii nos recebeu em seu apartamento, no Bom Fim, na tarde cinzenta e abafada do último dia de 2015. Uma data apropriada para falar sobre a conjuntura política de um ano extremamente conturbado e repleto de acontecimentos. A poucas horas da passagem de ano, diminuía a possibilidade de uma nova surpresa. O final de ano foi alucinante. Koutzii confessa que estava muito pessimista até o início de dezembro, quando a retomada da capacidade do campo de esquerda de levar gente para a rua, a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o rito do processo de impeachment e a conduta de Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, jogaram um balde de água fria na ânsia oposicionista de derrubar a presidenta Dilma Rousseff.
“Houve certa surpresa com algumas decisões muito recentes e essa surpresa precisa ter uma explicação”, diz Koutzii. Na entrevista ao Sul21, ele apresenta alguns elementos para construir uma explicação sobre o estado das coisas no cenário nacional e também no cenário estadual. Para tanto, utiliza com fio condutor comparativo uma realidade que acompanha de perto há décadas: a da política argentina. Além de lutar contra a ditadura brasileira, Flavio Koutzii participou também da luta armada contra a ditadura argentina, sendo preso em Buenos Aires, em 1975. Ficou quatro anos preso, sofrendo torturas físicas e psicológicas. A comparação com a situação da política argentina não é gratuita.
Para Koutzii, os governos Kirchner fizeram algo que faltou aos governos nacionais do PT, a saber, uma disputa mais sistemática do sentido político das realizações e dos conceitos do governo e a disposição para assumir alguns confrontos, como fizeram no tema da mídia, por exemplo. Mesmo com a derrota eleitoral agora, defende, essa postura produz outro tipo de educação política na sociedade, o que deverá dificultar os planos do novo presidente, Mauricio Macri.
No plano estadual, o ex-chefe da Casa Civil do governo Olívio Dutra enxerga o governo de José Ivo Sartori (PMDB) adotando a mesma lógica de “fazer todo o mal de uma só vez”, aplicada por Macri. E seguindo uma mesma agenda neoliberal também, de diminuição do papel do Estado e de ataque aos servidores públicos. Mas, para Koutzii, Sartori não tem apenas uma “cara de Macri”. “Ele também tem seu lado de Yeda. Ele não usava a expressão ‘déficit zero’, mas está atuando exatamente como se fosse, de um modo até mais radicalizado”. Essa política, afirma, “está partindo o Rio Grande ao meio”.(...)
*CLIQUE AQUI para ler a íntegra da entrevista com Flávio Koutzii.
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**Flávio Koutzii iniciou sua militância no Brasil no início dos anos 60, no movimento estudantil e na resistência à ditadura militar; foi exilado e preso político na Argentina; libertado através de uma campanha internacional, foi para a França, retornando ao Brasil após a Anistia; foi Deputado Estadual pelo PT/RS por vários mandatos; foi Chefe da Casa Civil no Governo Olívio Dutra (PT/RS), de 1999 a 2002. Integrou os dois primeiros anos do Governo Tarso Genro (PT/RS), de 2011 a 2013  na condição de Assessor Superior (com status de Secretário de Estado). É sociólogo, conferencista e  escritor.

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