09 julho 2016

Chove dinheiro na austeridade




Por Saul Leblon*

A indulgência da mídia com a lambança fiscal no país é reveladora da cumplicidade de certo  jornalismo com o golpe que assaltou  o poder democrático no Brasil há 40 dias. 
E que há 40 dias e 40 noites faz chover dinheiro em Brasília. 
Sitiado entre a impopularidade, o fisiologismo  e a vassalagem à finança, o golpe se sustenta com padrões de gastos sem precedente em governos anteriores, acusados diuturnamente de irresponsabilidade nas contas públicas. 
Guardiães da fé num paraíso pavimentado por populações a pão e água, colunistas econômicos mostravam-se implacáveis com as gestões progressistas nesse quesito. 
Foram decisivos em contagiar empresários hesitantes à greve do capital, que paralisou a economia e construiu a profecia do caos.   
Dilma Rousseff pode assim ser excomungada, jogada aos leões, por pecados supostos que o cerco a seu governo semeou.
A gastadora, enrustida em acrobáticas pedaladas -- das quais não se conseguiu prova nem a existência, muito menos a responsabilidade—não teria mais condições de dirigir uma nação carente de confiança, equilíbrio e austeridade. 
Para o mercado retomar o investimento haveria de sair. 
Assim se fez. 
O que se seguiu, porém, exala um cheiro forte de enxofre que vem da sacristia, ao lado do altar erguido aos mercados racionais. (...)
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