20 setembro 2016

A Moro o que não é de Moro: o poder total



Sugere-se que, nos tribunais brasileiros, mande-se retirar as estátuas de Themis, sua balança e sua espada e as substituam por bonecos de Sérgio Moro, a encarnação da Justiça pátria.
Pouco importou que a generalidade dos juristas e até mesmo notórios adversários de Lula tenham dito e apontado a inconsistência da denúncia-xingatório apresentada por Deltan Dallagnol e seus rapazes na semana passada.
Não importa que mais da metade dela seja voltada para fatos pelos quais não se irá desaguar em uma acusação, servindo apenas para apresentar o ex-presidente como o “demônio da propinocracia” , o que contraria qualquer princípio jurídico, onde é elementar que se examinarão, na denúncia, fatos e suas provas.
Não importa que se baseie em suposições, sem um documento sequer que indique a propriedade de Lula sobre o apartamento.
Não importa que não haja nada indicando ou alguém declarando que a reforma do imóvel foi feita a seu pedido e que os depoimentos até indiquem o contrário, como se mostrou no post anterior.
Não importa que o processo original, movido por outro grupo de promotores ávidos por publicidade, que tentava inculpa-lo por eventuais vantagens em relação aos demais cooperativados tenha sido considerado imprestável para isso e devolvido à Justiça Paulista.
O negócio era levar Guarujá para Curitiba, onde Moro é Deus e não é preciso provas, basta a convicção – ou o ódio, como se prefira chamar – dá-se um jeito.
Lá, a poder de powerpoints, Lula agora é réu.
Lá, quem apostar um centavo em que um julgamento equilibrado possa absolvê-lo, com certeza, perderá um centavo, porque Moro jamais absolve, porque não há nele senso de justiça, mas um único julgamento: é culpado, publique-se, registre e imprima-se.
E, condenado, coelhos togados na segunda instância tremerão de medo em reverter o que o Deus-Moro decidir, porque não só odeiam, na maioria, o ex-presidente como, no caso de um resto de consciência lhes sobrar, o medo de serem apontados como “mutretados” o manterá soterrado.
E de lá, para Brasília, onde Suas Tremelências verificarão se foram colados os selos e estampilhas no processo, se o papel é formato A4 e se as páginas foram devidamente numeradas.
Sérgio Moro é a Justiça, agora. Sem venda, sem balança, mas com uma impiedosa espada.
Nós somos suas vítimas em potencial, porque ele pode tirar-nos a honra e a liberdade a partir do nada ou quase nada.
Mas a Justiça brasileira, esta já é sua vítima, transformada em lacaia de um juiz de província que, com o apoio da mídia e a covardia dos mais altos magistrados, virou mera carimbadora da injustiça, da perseguição e da infâmia.
*Por Fernando Brito, jornalista - Editor do Tijolaço

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