12 setembro 2016

Chantagista Eduardo Cunha, motor do impeachment, cassado pela Câmara com 450 votos; 10 votos contra, 9 abstenções e 44 ausências


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 Da Redação do Viomundo*
Criador das pautas-bombas que paralisaram as medidas econômicas de Dilma Rousseff quando a base parlamentar da petista já se desfazia e “mentor” do impeachment na Câmara, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) teve o mandato cassado na noite da segunda-feira 12 com 450 votos favoráveis e 10 votos contra. Houve 9 abstenções e 44 ausências.
Foi um resultado muito diferente da noite do 17 de abril de 2016, quando, sob o comando de Cunha, a Câmara autorizou instauração do processo de impeachment de Dilma por 367 votos a 137 e sete abstenções.
Cunha estava de gravata amarela no plenário. Foi evitado pela maioria dos colegas. Teve o apoio solitário de Carlos Marun (PMDB-MS).
Cunha foi afastado por mentir à CPI da Petrobras, quando disse que não tinha contas no Exterior — o que foi provado posteriormente com farta documentação.
Porém, ele fez muito mais que isso. Enquanto exercia a presidência da Câmara, com apoio de muitos que hoje o condenaram, Cunha perseguiu adversários políticos, fez avançar uma agenda regressiva e catalisou as forças que finalmente derrubaram Dilma Rousseff. O PT sustenta que a abertura do processo foi vingança política depois que o partido se negou a apoiar Cunha no Conselho de Ética.
Cunha foi eleito presidente da Câmara em fevereiro de 2015 com 267 votos, contra 136 de Arlindo Chinaglia (PT-SP), 100 de Júlio Delgado (PSB-MG) e 8 de Chico Alencar (PSOL-RJ). Houve duas abstenções.
“Eduardo Cunha mandou avisar a Michel Temer que, se não for salvo, leva com ele para o fundo do poço 150 deputados federais, um senador e um ministro próximo ao interino”, informou o Estadãoem junho de 2016.
No famoso diálogo gravado entre o hoje presidente do PMDB, Romero Jucá, e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, Cunha e o golpista Michel Temer aparecem várias vezes:
ROMERO JUCÁ – Eu ontem fui muito claro. […] Eu só acho o seguinte: com Dilma não dá, com a situação que está. Não adianta esse projeto de mandar o Lula para cá ser ministro, para tocar um gabinete, isso termina por jogar no chão a expectativa da economia. Porque se o Lula entrar, ele vai falar para a CUT, para o MST, é só quem ouve ele mais, quem dá algum crédito, o resto ninguém dá mais credito a ele para porra nenhuma. Concorda comigo? O Lula vai reunir ali com os setores empresariais?
MACHADO – Agora, ele acordou a militância do PT.
JUCÁ – Sim.
MACHADO – Aquele pessoal que resistiu acordou e vai dar merda.
JUCÁ – Eu acho que…
MACHADO – Tem que ter um impeachment.
JUCÁ – Tem que ter impeachment. Não tem saída.
MACHADO – E quem segurar, segura.
JUCÁ – Foi boa a conversa mas vamos ter outras pela frente.
MACHADO – Acontece o seguinte, objetivamente falando, com o negócio que o Supremo fez [autorizou prisões logo após decisões de segunda instância], vai todo mundo delatar.
JUCÁ – Exatamente, e vai sobrar muito. O Marcelo e a Odebrecht vão fazer.
MACHADO – Odebrecht vai fazer.
JUCÁ – Seletiva, mas vai fazer.
MACHADO – Queiroz [Galvão] não sei se vai fazer ou não. A Camargo [Corrêa] vai fazer ou não. Eu estou muito preocupado porque eu acho que… O Janot [procurador-geral da República] está a fim de pegar vocês. E acha que eu sou o caminho.
[…]
JUCÁ – Você tem que ver com seu advogado como é que a gente pode ajudar. […] Tem que ser política, advogado não encontra [inaudível]. Se é político, como é a política? Tem que resolver essa porra… Tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria.
[…]
MACHADO – Rapaz, a solução mais fácil era botar o Michel [Temer].
JUCÁ – Só o Renan [Calheiros] que está contra essa porra. ‘Porque não gosta do Michel, porque o Michel é Eduardo Cunha’. Gente, esquece o Eduardo Cunha, o Eduardo Cunha está morto, porra.
MACHADO – É um acordo, botar o Michel, num grande acordo nacional.
JUCÁ – Com o Supremo, com tudo.
MACHADO – Com tudo, aí parava tudo.
JUCÁ – É. Delimitava onde está, pronto.
[…]
MACHADO – O Renan [Calheiros] é totalmente ‘voador’. Ele ainda não compreendeu que a saída dele é o Michel e o Eduardo. Na hora que cassar o Eduardo, que ele tem ódio, o próximo alvo, principal, é ele. Então quanto mais vida, sobrevida, tiver o Eduardo, melhor pra ele. Ele não compreendeu isso não.
JUCÁ – Tem que ser um boi de piranha, pegar um cara, e a gente passar e resolver, chegar do outro lado da margem. 
    (...)


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