03 outubro 2016

‘Esquerda deve se unir em Porto Alegre por voto nulo no 2º turno’, diz cientista política


Céli Pinto e Benedito Tadeu comentaram o resultado das eleições municipais |
 Foto: Reprodução

Por Marco Weissheimer, no Sul21*
Diante do resultado da eleição em Porto Alegre, só resta à esquerda se unir e lançar uma campanha para garantir que o segundo turno da disputa na Capital tenha pelo menos 30% de votos nulos. A afirmação é da cientista política Céli Pinto, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que participou de um debate sobre o resultado da eleição municipal, domingo à noite, na TV Sul21. Conduzido pelo cientista político Benedito Tadeu César, o debate avaliou o resultado da eleição na capital gaúcha e nas principais cidades do país.
Para Céli Pinto, a expressiva vitória da direita pelo país é resultado, em primeiro lugar, da campanha sistemática de desqualificação promovida contra o PT nos últimos meses. “Assistimos a uma campanha nacional diuturna patrocinada pela mídia e pela Operação Lava Jato que se dedicou essencialmente a bater em políticos do PT. O resultado dessa eleição expressa a vitória de uma política conservadora de direita, articulada com a mídia, com a Polícia Federal e com o Judiciário. Foi uma coisa muito terrível de se ver”.
Em segundo lugar, a cientista política destaca como o PSDB aproveitou a atual conjuntura política para se colocar por fora da disputa entre PT e PMDB. “Começaram a bater no Temer e o PSDB correu por fora. Tinha duas vantagens para fazer esse movimento: não é governo e tem muito dinheiro. O PSDB fez uma campanha riquíssima. As campanhas em São Paulo e em Porto Alegre, por exemplo, foram milionárias”.
Benedito Tadeu César concordou com essa avaliação, assinalando que o candidato do PSDB acabou correndo solto durante quase toda a campanha do primeiro turno em Porto Alegre, enquanto os candidatos Sebastião Melo e Raul Pont se enfrentavam na maioria dos debates. Quando Marchezan Jr. começou a crescer nas pesquisas, acrescentou Céli Pinto, o conservadorismo de Porto Alegre decidiu despejar votos na sua candidatura para impedir que o candidato do PT chegasse ao segundo turno contra Sebastião Melo. “O resultado de todo esse processo é um segundo turno inédito em Porto Alegre e em boa parte do Brasil. Teremos muitos segundos turnos com o mesmo lado da política. Essas eleições não foram uma festa da democracia, pois um dos lados foi massacrado. Isso representa uma ameaça à própria democracia”, advertiu a professora da UFRGS. (...)
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