03 novembro 2016

Na crise do PT, não há saída fácil - (Mas sem fim do PED não há renovação)



Por Markus Sokol*
Na crise do PT, atacado de todos os lados, inclusive de dentro, não há saída fácil. A militância está questionando, em parte perplexa: a maioria quer antecipar a renovação da direção – que deveria renunciar – quer discutir a crise e corrigir a política.
Uma coisa, contudo, é certa: mantido o PED, o processo eleitoral direto, conduzido pela atual direção, não haverá renovação de fundo.
Em parte, porque a regra do voto em urna de 2001 agravou os problemas do partido de massas que virou “de massa de manobra” com todos vícios da corrupção institucional no país e a militância foi reduzida a eleitora. E, em parte, porque é no PED que se montam os maiores grupos, coalizões de mandatos e dirigentes que não querem largar o timão nem com o barco afundando. Renunciar, então, nunca!
A corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), a maioria, agarra-se à defesa mesquinha do PED, cujo argumento novo é que foi validado no Congresso de Julho de 2015, em Salvador. Como se depois não tivesse tido o impeachment e o desastre eleitoral. Como se ninguém repensasse sua experiência!
É evidente que o PT tem que dar a palavra à militância em encontros deliberativos desde a base para eleger as direções, como foi metade da sua história. Essa é a posição do Diálogo e Ação Petista.
Acontece que na CNB há quem cansou do PED, mas hesita em se diferenciar da maioria.
O bloco “Muda PT”, por sua vez, crítica o PED, às vezes propõe seu fim, noutras vezes deixa a porta aberta, mas há quem ameace sair do PT em caso de PED. Renunciar seria para os outros…
Situação extraordinária
Há um risco de racha ou desagregação que deixaria os trabalhadores ainda mais desguarnecidos. Uma eventual prisão de Lula com a Executiva sem autoridade aumenta o risco. Por isso é preciso firmeza, mas clareza no que se busca.
Nós somos incondicionais pela defesa do partido atacado pelas instituições pró-imperialistas.
O PT em crise tem um Estatuto: os delegados de Congresso são eleitos em um PED. Não resolve a crise rasgar o Estatuto (como alguns ameaçam).
Ao mesmo tempo, uma situação extraordinária como a atual pede soluções extraordinárias (a renúncia ajudaria). Tanto que Lula começou a se movimentar para construir uma proposta.
No caso, a primeira responsabilidade é da maioria: a CNB. É um crime aferrar-se ao PED, argumentando com a “modernidade” das cotas, novas pautas etc. vendidas nos últimos congressos e deu no que deu. Aprofundou a crise da qual a própria CNB não tem como escapar. Ela deveria construir a alternativa – para nós, congresso baseado em encontros de base.
Não sabemos o resultado da crise, nem como o congresso será convocado no Diretório Nacional convocado para 9 e10 de novembro. Lutando pela reconstrução do PT – isso é o que queremos – realimentamos essa perspectiva através do Diálogo Itinerante.
*Markus Sokol é economista, dirigente da corrente O Trabalho, integrante do DAP (Diálogo e Ação Petista) e membro da Direção Nacional do PT.

Nenhum comentário:

Postar um comentário