05 novembro 2016

O golpe compensa!



Arpeggio - Coluna Política Diária*
Por Miguel do Rosário
Follow the money.
De vez em quando a frase, pronunciada pelo "Garganta Profunda", a fonte secreta de um dos repórteres do Watergate, badala como um sino em minha cabeça. Siga o dinheiro.
Eu vejo a economia brasileira ir para o buraco, arrastada pela instabilidade política, pela especulação desenfreada, pelo desemprego galopante, pela desinformação caótica promovida pela mídia, e não paro de me perguntar: a quem interessa tudo isso?
A capa da última Exame, dizendo que "Os bons tempos voltaram", por outro lado, me fez lembrar um belíssimo livro que eu possuía sobre a revolução russa.
O livro se inicia com uma descrição vívida e ilustrada de um baile incrivelmente luxuoso promovido pela aristocracia, pouco antes da revolução bolchevique.
Follow the money.
Em junho do ano passado, a Globo realizou uma operação de crédito de US$ 325 milhões, ou R$ 1 bilhão, em moeda nacional. Em vocabulário leigo, digamos que a Globo conseguiu, bem no meio de uma terrível crise econômica vivida pelo país, rolar boa parte de sua dívida no exterior, estendendo seu vencimento de 2022 para 2025.
No Brasil, no entanto, a informação mereceu apenas discreta notinha no site Meio & Mensagem, um satélite da própria Globo, e uma matéria ainda mais tímida - igualmente laudatória à Globo - na revista Exame.
A própria Globo, mesmo ocultando a informação em seus veículos, comunicou a operação em seu site corporativo. A emissão dos títulos (bonds, em inglês) se deu no dia 8 de junho de 2015.
No site da Merril Lynch, um post de 1 de junho de 2015, traz mais informações. A Globo usou uma offshore nas Ilhas Cayman, a Pontis III, para fazer uma "engenharia financeira" qualquer para melhorar o perfil de sua dívida.
Os bancos que operaram a engenharia foram o Santander, o Itaú e o Bank of America.
Follow the money.
Eu pesquisei quem são os controladores do Bank of America. O principal deles é a Blackrock, o maior fundo de investimento do mundo. (...)
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