03 dezembro 2016

As novas fraudes da Lava Jato




Arpeggio - coluna política diária (edição extraordinária de sábado)
Por Miguel do Rosário*
Segundo pesquisa Ipsus, divulgada na Folha de hoje, 96% da população apoia a Lava Jato "custe o que custar". É uma coisa de louco: apoio à Lava Jato mesmo que traga instabilidade política, instabilidade econômica, desemprego.
O Ipsos vem fazendo pesquisas sobre Lava Jato e PT desde o início de 2016. Foram pesquisas importantes para subsidiar o golpe, que ainda não terminou: é preciso estabelecer um regime autoritário. O momento para divulgar essa pesquisa não poderia ser mais oportuno: na véspera da marcha pró-lava jato marcada para domingo. A consultoria política e publicitária da força-tarefa segue firme e operante.
A demanda dos fascistas que saíram às ruas no início do ano e que pretendem voltar a ela neste domingo se concretizou: fora Dilma, fora STF, queremos só Ministério Público e Polícia Federal.
A pesquisa Ipsos é bem típica dessas ditaduras de terceiro mundo, onde o presidente costuma ser "eleito" por 96% da população.
É claramente uma fraude, em todos os sentidos.
É interessante, contudo, avaliar os resultados dessa pesquisa fraudulenta, porque ela evidencia, mesmo com seus exageros, quais os objetivos da Lava Jato. A maioria absoluta dos entrevistados apontou o PT como o partido mais corrupto de todos, apesar de que todas as estatísticas existentes ainda mostram o PT como um dos menos corruptos: em primeiro lugar ainda figuram DEM, PMDB e PSDB.
Mas o que importam estatísticas ou eleições se existem pesquisas de opinião?
Além disso, se o powerpoint da Lava Jato apontou Lula como "comandante máximo", se a manchete no Estadão foi de que "Dilma sabia de tudo", e se Gilmar Mendes não pára de repetir que o PT é uma "organização criminosa", então não surpreende que os entrevistados vejam na Lava Jato uma operação para combater a corrupção principalmente do PT.
A Lava Jato é um projeto de poder, sem participação do eleitor. Desde o início, o golpismo percebeu que seria muito mais fácil substituir o voto pelas "pesquisas".
Um processo eleitoral tem regras de equilíbrio, sobretudo na fase dos debates que antecedem o pleito, que dificultam o desejo do sistema midiático golpista de sufocar completamente os argumentos de um lado só. Enfatize-se o "dificultam". Não impedem, contudo.
A contrarreforma política de Eduardo Cunha reduziu o tempo de campanha, porque o objetivo era diminuir o máximo possível o constrangimento de oferecer a todos os partidos a oportunidade de exporem suas ideias.
A multa de 6,8 bilhões de reais imposta pela Lava Jato à Odebrecht, é importante não esquecer, será paga em boa parte aos Estados Unidos. Acho curioso que a força-tarefa não tenha divulgado o percentual exato da multa a ser pago para o Tio Sam. O que se sabe é que o acordo da Odebrecht com a Lava Jato teve participação ativa do Departamento de Justiça do governo americano.
É curioso ainda que os brasileiros festejem um acordo pelo qual uma empresa brasileira, em plena crise econômica, pagará bilhões de reais ao país mais rico do mundo. E isso depois de um processo de desestabilização que fez a Odebrecht demitir centenas de milhares de pessoas e acumular uma dívida de mais de R$ 100 bilhões. (...)
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