17 fevereiro 2017

"Não descansaremos nenhum minuto na defesa das conquistas dos trabalhadores, na defesa da nossa democracia" - Deputado Federal Marco Maia (PT/RS)


Marco Maia, Deputado Federal - PT/RS

O Deputado Federal Marco Maia (PT/RS) está no exercício do seu quarto mandato na Câmara dos Deputados, tendo sido eleito para a Presidência da Casa para o biênio 2011-2012. É filiado ao Partido dos Trabalhadores desde 1985.

Metalúrgico, iniciou sua carreira política no movimento sindical em Canoas/RS, atuando no sindicalismo por muitos anos. Em 2001, Marco Maia assumiu a Secretaria de Administração e Recursos Humanos do Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Ampliou sua experiência administrativa, ao ser convidado, em 2003, para presidir a Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre S.A. (Trensurb). 

Assumiu seu primeiro mandato como deputado em 2005 e em 2009, foi eleito Vice-Presidente da Câmara, período no qual se destacou como um hábil articulador político com trânsito entre os diversos partidos.

Graças à sua atuação parlamentar, em 2016, pelo décimo ano consecutivo, Marco Maia foi reconhecido como um dos 100 "Cabeças" do Congresso Nacional pelo Departamento Intersindical de Apoio Parlamentar (DIAP).

O Deputado Marco Maia (foto) concedeu esta semana entrevista exclusiva ao Editor deste Blog e do Blog 'O Boqueirão Online', que estamos agora socializando com nossos prezados(as) leitores(as). 

-Leia a seguir a íntegra da entrevista:

Entrevista com o Deputado Federal Marco Maia, do PT/RS

Blog do Júlio Garcia: Deputado Marco Maia, como o senhor está vendo o agravamento do quadro conjuntural e da crise político/social/econômica verificados no país, especialmente em decorrência do golpe político/jurídico/midiático capitaneado pelo peemedebista Temer e seus aliados de direita (PSDB/PMDB/DEM/PPS/PTB/PR/PRB/PSD...) que resultou no afastamento da Presidenta Dilma no ano passado?

Deputado Marco Maia: O ano de 2016 ficou marcado na história pelo golpe institucional que atacou a democracia e ceifou o voto de 54 milhões de brasileiros retirando o mandato de uma Presidenta legitimamente eleita. No Congresso Nacional, o apoio majoritário de Deputados e Senadores endossou e concluiu um processo que contou com a participação efetiva de setores do Judiciário e do oligopólio midiático que rasgaram a Constituição Federal e estabeleceram o caos no país, transformando nossa nação em um território de crise permanente.

BJG: No seu entendimento, quais as possibilidades do golpe ser derrotado, assim como as medidas de "ajustes" neoliberais que retiram direitos históricos dos trabalhadores, dentre outros ataques que estão sendo articulados pelos golpistas?

Marco Maia: A agenda do golpe segue em curso e está em disputa. O golpe não se consumou totalmente, além de afastar qualquer possibilidade dos setores populares retornarem ao governo federal. Ainda faz parte desse projeto, criminalizar os partidos de esquerda e os movimentos populares e suas lideranças. Após a aprovação da PEC 55, que limitou os recursos para segurança, educação, saúde, moradia, cultura, aumento real do salário mínimo e a entrega do Pré-sal para as companhias estrangeiras, entrará na pauta a reforma da previdência que visa apenas, e tão somente, impedir o acesso de milhares de trabalhadores ao benefício do INSS. Na mesma esteira, encontra-se a reforma trabalhista, que irá aprofundar a precarização das relações de trabalho no país, maximizando os ganhos do capital – superexploração do trabalho. Tudo isso foi e será possível com o apoio referenciado na tese dos golpistas da Câmara e do Senado.

O PT precisa assumir o protagonismo e o levante contra esta pauta e defender, intransigentemente, os trabalhadores, movimentos sociais e a democracia.

BJG: O golpe reacionário que destituiu a Presidenta Dilma, além do forte apoio da mídia monopolizada (Globo, FSP, Veja, Estadão, e aqui no RS da RBS, principalmente), teve a contribuição decisiva de setores do MPF, do Judiciário (especialmente do Juiz Moro) e da Polícia Federal que, através da seletiva "Operação Lava Jato", dentre outras, buscaram criminalizar o PT e os petistas, acusando-os sem provas, processando-os e mesmo prendendo várias de suas lideranças (no caso do presidente Lula, levando-o coercitivamente para prestar depoimento e tornando-o alvo de uma campanha sórdida que visa destruí-lo e inviabilizá-lo eleitoral e politicamente). O senhor, inclusive, também foi vitima dessa prática abusiva e ilegal, que dispensa provas, bastando "convicções", segundo declararam os procuradores da chamada 'República de Curitiba' (sic), antipetistas e simpatizantes declarados dos tucanos.  Então, é exagero - ou não - afirmarmos que a Constituição, o Estado Democrático de Direito e o Devido Processo Legal estão sendo rasgados/asfixiados no país? Já estamos vivendo num Estado de Exceção?

Marco Maia: Temos que tomar muito cuidado com as informações ventiladas pela mídia e principalmente pelos vazamentos seletivos. O instituto da delação premiada tem se tornado em um grande negocio para livrar criminosos de pagarem pelos seus crimes. Sobre as citações de meu nome tenho refutado veementemente estas inverdades apresentadas por delatores. Mas só o tempo irá comprovar isto. Quero deixar claro que quando fui relator da CPMI da Petrobras indiciei 53 pessoas, dentre elas os dirigentes das principais empreiteira do país, e que pedi abertura de investigação pelo CADE de 20 empresas por formação de Cartel, também presentes as maiores empresas do país. Alias, eu fui o primeiro a pedir o indiciamento de Nestor Cerveró e Renato Duque ex-dirigente da Petrobras. O primeiro, amigo intimo do Ex-Senador Delcidio do Amaral, aquele fez delação premiada acusando Lula e Dilma de tentar atrapalhar a Lava Jato. O mesmo Delcidio que por vingança me cita na sua delação, o que veio depois a se confirmar uma mentira. De resto nos cabe continuar lutando para que quem tenha cometido crime seja punido e para quem não tenha a verdade prepondere.

BJG: O PT está iniciando os debates relativos ao seu 6º Congresso Nacional, que ocorrerá no próximo mês de abril. Muitos companheiros defendem que, além da autocrítica necessária, o partido volte a defender uma verdadeira Reforma Política. Também que reveja suas próprias políticas (especialmente no que tange às alianças) e retome algumas práticas militantes e democráticas salutares que estiveram presentes desde a sua fundação, mas que depois foram gradualmente esquecidas, dentre as quais o trabalho de base e a formação política, assim como defendem o fim do PED (Processo de Eleições Diretas), voltando a priorizar os Encontros de Base com as respectivas eleições de delegados presentes, etc.. (“Agindo como o PT Agia”). No seu entendimento, quais os pontos centrais que deverão nortear os debates/resoluções deste Congresso?  O que deverá mudar no partido?

Marco Maia: Entendemos que o campo de esquerda precisa apresentar uma agenda ao parlamento tendo como base o respeito à democracia e a manutenção de direitos. É papel estratégico do PT e dos demais partidos de resistência consubstanciar um programa de combate a qualquer retirada de direitos dos cidadãos brasileiros.

O “Muda PT”, nosso campo político, precisa dar o exemplo frente às práticas da CNB. No processo de organização de nosso 6º Congresso é imperioso estarmos unificados, compondo as mesmas chapas, articulando as mesmas propostas e disseminando a ideia de aliança das esquerdas em torno da reconstrução programática de nosso partido. Por isso, defendemos chapas conjuntas nos municípios e nos estados. Nitidez programática e ideológica neste momento se demonstra na unidade de ação de nosso campo político.

A base partidária e a sociedade exigem e merecem uma resposta do PT. Somente com um partido coeso e sintonizado com as demandas da militância, seremos capazes de resistir e lutar.

BJG: Deputado, como o senhor avalia esta primeira metade do seu quarto mandato - e quais as centralidades para os próximos dois anos? Em relação a Santiago e Região, estarão também inclusas nas prioridades?

Marco Maia: O nosso mandato está presente em todas as regiões do Rio Grande do Sul. Estamos ao lado das comunidades mais distantes até as cidades maiores. Trabalhamos praticamente todas as áreas, levando recursos para a saúde, educação; segurança; infraestrutura urbana; agricultura; turismo; esportes e direitos humanos com o objetivo de fortalecer políticas inclusivas para mulheres, e de proteção às crianças e adolescentes.

Só no ano de 2016 foram pagos mais de R$ 15 milhões contemplando 149 projetos de exercícios anteriores e também de 2016.  Este montante beneficia 130 municípios. Alguns recursos que indicamos (2015-2016) ainda estão tramitando e encontram-se empenhados. O empenho garante o pagamento dos recursos pelo governo federal e são regularmente publicados no Diário Oficial da União, o que pode ser acompanhado pela comunidade. Ainda restam pagar pelo governo cerca de R$ 9,2 milhões, que vão atender outros 49 projetos e mais 38 cidades gaúchas. A expectativa é de que estes recursos sejam pagos ao longo de 2017. No total, os pagamentos de emendas de nossa autoria em 2016 e recursos empenhados relativos a 2015 e 2016 ultrapassam R$ 24 milhões.

Queremos avançar mais e levar a melhoria da qualidade de vida aos gaúchos. Em Brasília estamos na defesa dos direitos dos trabalhadores, espacialmente no tema da Reforma da Previdência e Trabalhista, que significa mais um grande golpe aos brasileiros. Não podemos permitir que o trabalho de anos seja acabado em semanas.

Certamente o município de Santiago, assim como as regiões Fronteira Oeste, MissõesCampanha e Centro também fazem parte do mandato Marco Maia - e quero mandar um abraço especial a “Terra dos Poetas”, ainda dizer que estamos à disposição de toda a comunidade. Também quero agradecer a oportunidade ao ‘Blog do Júlio Garcia’ e ‘O Boqueirão Online’, por nos abrir um espaço e possibilitar expor nossa opinião e apresentar um pouco de nosso trabalho. 

Por fim, quero reiterar que não descansaremos nenhum minuto na defesa das conquistas dos trabalhadores, na defesa da nossa democracia.

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