09 junho 2017

Michel Temer: abaixo da crítica e acima da lei

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Escrevo antes do voto de Gilmar Mendes consumando a absolvição de Michel Temer e antes do próximo escândalo a surgir, ainda no forno de vazamentos do Partido do Judiciário.
O que ouço agora, ao escrever, é a baboseira moralista da Sra. Rosa Weber, cujo primarismo , se tivesse boa oratória, uma boa comentarista de programa de rádio matinal.
Por inevitáveis, eles só mais alimentam a sensação do mal que está sendo feito a nosso país pelo aventureirismo judicial que o inconformismo do conservadorismo derrotado – recordem-se que a ação foi impetrada, nas palavras de Aécio Neves, para “encher o saco do PT” – que transformou o Poder Judiciário e seus satélites, o MP e a PF, em ferramentas de um projeto político.
Este processo levou à derrubada de Dilma Rousseff, mas a personalidade da mulher que era deposta ainda nos permitiu conservar valores e perceber que se perdia ali um pedaço da democracia.
Agora, diante de situações imensamente mais condenáveis do ponto de vista moral e, além disso, praticada da forma mais rasteira, vemos a sujeição dos poderes – Judiciário e Legislativo – ao micróbio que chefia, emporcalhado, o Executivo.
Tão sórdido que é difícil conter em nossas almas o desejo de que, por essa via do TSE, ele venha a ser retirado da Presidência.
Não o será, e talvez isso nos ajude a perceber que o Poder Judiciário, como expressão da elite dominante brasileira, é ferramenta não da moralidade, mas do controle do poder e da manutenção do status quo.
Michel Temer é tão pequeno que está acima da lei.
Ou você acha que, como se diz no sul, Sérgio Moro correu a mostrar as canjicas a Michel Temer, ou tagarelar, às risadas com Aécio Neves ou ainda trocar afagos com João Dória naquelas picaretagens empresariais do Grupo Lide.
Um país não se salva com tribunais, salva-se com seu povo.
Não alcança estabilidade, num país do tamanho do nosso, apoiado apenas nas elites, ainda que sejam esclarecidas – e as nossas estão a anos-luz  de o serem.
Um cone só se equilibra pela base, jamais pelo seu vértice.
*Por Fernando Brito in Tijolaço

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