16 novembro 2017

‘Começa uma longa marcha para reconstruir o país, recuperar direitos, reflorestar as palavras’ (Flavio Koutzii)


Sul21- “Mesmo no tempo mais sombrio temos o direito de esperar alguma iluminação”. A escolha de epígrafe feita pelo historiador Benito Bisso Schmidt para abrir a biografia de Flavio Koutzii marca o que o biografado acabou definindo como atualidade inesperada da obra. A reflexão de Hannah Arendt, em “Homens em Tempos Sombrios” dialoga com as sombras que voltaram a encobrir o presente e de como alguns exemplos de vida podem lançar alguma luz sobre elas:

“(…) mesmo no tempo mais sombrio temos o direito de esperar alguma iluminação, e que tal iluminação pode bem provir, menos de teorias e conceitos, e mais da luz incerta, bruxuleante e frequentemente fraca que alguns homens e mulheres, nas suas vidas e obras, farão brilhar em quase todas as circunstâncias e irradiarão pelo tempo que lhes foi dado na Terra (…)”.

O lançamento de “Flavio Koutzii – Biografia de um militante revolucionário. De 1943 a 1984” (Editora Libretos), no final da tarde de terça-feira (14), foi ele próprio um momento de iluminação. A sala Leste do Santander Cultural ficou completamente lotada, deixando muita gente no lado de fora. Depois, uma longa fila se formou na Praça de Autógrafos da Feira do Livro de Porto Alegre, em busca de uma assinatura do militante revolucionário criado no Bom Fim e que saiu mundo afora para defender os ideais que forjaram sua alma e sua trajetória política. Em um encontro carregado de emoção, autor e biografado falaram sobre o longo e penoso caminho que percorreram para reconstruir a memória de uma vida em tempos sombrios que, numa dramática ironia, voltam a sobrevoar o presente.

CLIQUE AQUI para ler - na íntegra - a (excelente) cobertura do lançamento do livro biográfico de Flávio Koutzii realizada pelo jornalista Marco Weissheimer -fotos do Guilherme Santos - no Sul21
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Nota do Editor do Blog: Tenho o privilégio de ser amigo e companheiro de militância do Flávio, com quem muito aprendi, principalmente ao longo dos últimos 25 anos (especialmente a partir  do glorioso governo do PT e da Frente Popular - 1999/2002,  liderado pelo Governador Olívio Dutra, quando trabalhei na Casa Civil, comandada que foi - com galhardia - pelo companheiro Flávio Koutzii.   

Quem o conhece minimamente sabe que o Flávio Koutzii é um exemplo de militante aguerrido, internacionalista, lúcido, ético, companheiro, culto, política e intelectualmente privilegiado; quem ainda não o conhece - ou o conhece parcialmente, especialmente as novas gerações -, terá agora uma rica oportunidade de conhecê-lo mais profundamente. Basta adquirir o livro... e boa leitura!

Em que pese ser uma obra biográfica, como o próprio Flavio coloca, o livro contém "uma inesperada atualidade"... “São períodos distintos, mas eles acabam se encontrando no presente. Não tem como não misturar. Essa trajetória acaba interpelando o que estamos vivendo hoje. A minha vivência e a de outros combatentes da minha geração interroga o trágico presente que vivemos. Neste sentido, o livro acabou adquirindo uma atualidade paradoxal e inesperada”.  Leitura imprescindível. 

Flavio Koutzii, não é exagero dizer - pela 'obra' da sua vida -, é uma das pessoas que Bertold Brecht consideraria como "imprescindíveis". Mais do que merecidas, portanto, o reconhecimento e as homenagens que lhe estão sendo  prestadas.  (Júlio Garcia)
 

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