06 abril 2018

Em ato em Porto Alegre, presidente do PT defende direito de Lula à ‘desobediência civil’


O ato, que iniciou por volta das 17h30, terminou com uma caminhada que chegou ao Largo Zumbi dos Palmares por volta das 20h | Foto: Guilherme Santos/Sul21
Por Luís Eduardo Gomes, no Sul21*

“Lula exerceu o seu direito de desobediência civil”. Foi assim que o presidente estadual do PT, deputado federal Pepe Vargas, descreveu de cima do caminhão de som estacionado na Esquina Democrática, em Porto Alegre, os acontecimentos desta sexta-feira (6) em São Bernardo do Campo (SP). Pepe foi uma das figuras do partido que se juntou a milhares de pessoas, incluindo representantes de várias siglas de esquerda e de movimentos sociais, para um ato no final desta tarde que tinha a perspectiva de ser um protesto contra a prisão do ex-presidente, mas acabou se tornando uma vigília em apoio a ele.


Para o deputado federal, o ato ganhou força por se tratar de uma ordem de prisão “absolutamente ilegal” emitida pelo juiz federal Sérgio Moro, uma vez que o processo condenatório do ex-presidente ainda não havia tido sua tramitação concluída no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) e recursos ainda estão pendentes. “Perante uma prisão ilegal, arbitrária e despótica, é um direito que qualquer cidadão tem de praticar a desobediência civil”, disse. “Sem sombra de dúvida, a prisão do Lula é política e nós estamos denunciando, denunciamos aqui e denunciaremos internacionalmente”.

Ex-presidente estadual do PT e atual prefeito de São Leopoldo, Ary Vanazzi concordou que Lula está sendo alvo de uma perseguição política, configurada por um processo cujos prazos, julgamentos e procedimentos “nunca andaram tão rápido” como em Curitiba, Porto Alegre ou no Supremo Tribunal Federal. Diante disso, ele considerou acertada a decisão do ex-presidente de não se entregar até às 17h desta sexta, prazo dado pelo juiz Moro.
Foto: Guilherme Santos/Sul21
“Eu acho que o que o Sérgio Moro fez com ele foi uma humilhação, porque quis mostrar que é bonzinho com o Lula ao oferecer uma sala especial, deixar se entregar e dizer que não vai ter algema. Quem sofreu tanta perseguição, não pode aceitar benesse. Se é para cumprir, que cumpra da forma como tem que ser. E como o Lula não tem crime cometido, foi julgado politicamente, acho que ele fez bem ao resistir, porque incentivou a nossa militância a refletir sobre o momento, reaglutinar o campo de centro esquerda e vai nos ajudar enormemente na pauta política no futuro”.

Foi o sentimento de indignação com as decisões judiciais contra o ex-presidente que levou o argentino Miguel Gomes, radicado há mais de 40 anos em Porto Alegre, a participar do ato desta sexta. “A prisão de Lula é um absurdo. É um circo que, se não fosse trágico, seria ridículo, por tudo o que se viu no julgamento de habeas corpus e em tudo que vem acontecendo desde o impeachment”, disse. “A única coisa que pode preservar a democracia é se o povo se decide a ir para rua e defendê-la, porque senão eles vão passar por cima de nós”.

Com um adesivo com os dizeres “Lula Livre” colado no peito, Thaís Vanessa Silva também afirmou ter ido ao ato para defender a democracia. “Eu estou bem indignada com a falta de democracia e com esse sentimento que nós estamos tendo de impotência. Eu acredito que isso está se encaminhando para uma coisa muito pior, mas acho que podemos sim fazer alguma coisa para impedir que chegue ao ponto de nós não termos nem o direito de nos manifestarmos democraticamente”, disse.
Foto: Guilherme Santos/Sul21
Unidade da esquerda

Nesta sexta, estiverem presentes e falaram no ato representantes de outros partidos, como PSOL, PCdoB e PCO. Para Pepe Vargas, esse é o momento de a esquerda se unir, não só em torno da defesa da democracia, mas de pautas comuns. “Eu acho que temos que construir essa unidade na luta concreta, e uma luta concreta que nós temos hoje é em defesa da democracia, é em defesa da constituição, em defesa da liberdade do Lula, em defesa dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras que os golpistas querem exterminar e em defesa da soberania nacional na medida que também o golpe pretende vender o País e subordiná-lo aos interesses dos grandes grupos multinacionais e das potências capitalistas”, disse.

Pré-candidata do PCdoB ao governo do Estado, Abigail Pereita foi uma das figuras não pertencentes ao PT que falou no ato em defesa da unidade. “A nossa unidade é a esperança de nós enfrentarmos a toda essa avalanche de ódio que estão destilando em nosso povo. Nós faremos uma trincheira humana com muita unidade para vencer esse entreguismo do juiz Moro e de todo o governo Temer”, disse. “Nós não admitimos de forma alguma que rasguem a nossa Constituição, que façam o que estão fazendo com um presidente honrado, que botou o Brasil no rumo do desenvolvimento e hoje eles mandam prender sem apresentar uma única prova”.

Para Vanazzi, essa unidade de esquerda precisa se transformar em um “grande processo de recuperação da resistência política” para enfrentar as políticas do governo federal e de seus partidos aliados. “Ainda não vimos tudo, acho que virão dias mais difíceis pela frente”, afirmou.
O ato, que iniciou por volta das 17h30, terminou com uma caminhada que chegou ao Largo Zumbi dos Palmares por volta das 20h.
Foto: Guilherme Santos/Sul21
Foto: Guilherme Santos/Sul21
 
*Via Sul21

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