20 janeiro 2019

“De onde menos se espera, daí é que não sai nada”

Coluna Crítica & Autocrítica - nº 149

19.01.2019


Por Júlio Garcia**

*“De onde menos se espera, daí é que não sai nada” já dizia o Barão de Itararé (pseudônimo do escritor e brilhante humorista gaúcho Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly). Pois, então, não nos causou surpresa a série de cabeçadas dadas nestas primeiras duas semanas do governo (?!!!) presidido pelo ex-capitão Jair Bolsonaro, com suas idas e vindas, afirmações e desmentidos – inclusive por seus subordinados. Seria cômico, não fosse trágico...

*Conforme escreveu o jornalista Carlos Fernandes (no site DCM, repostado no Portal o Boqueirão Online) “Os recuos de Bolsonaro, além de despreparo, demonstram fraqueza política”. Disse mais: “diante tudo, ironia das ironias, fica claro que as únicas medidas louváveis que fez até agora foi justamente voltar atrás daquilo que um dia pretendeu fazer. Bolsonaro, por assim dizer, em apenas 14 dias de governo chegou à impressionante situação política em que se pode afirmar que é um presidente que faz mais e melhor justamente quando não faz nada e deixa tudo como já estava. É realmente um mito.”
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*Nesse sentido, para ater-me apenas a um dos deprimentes episódios protagonizados recentemente por Bolsonaro, registro aqui o infeliz decreto que libera a posse de armas de forma quase indiscriminada no Brasil - e que trará, no seu caudal, seguramente, mais violência, insegurança e assassinatos. A propósito disso, escreveu o jornalista Fernando Brito em seu prestigiado Blog Tijolaço (repostado por mim num dos blogues que edito). O título da postagem é “A vergonha dos vencedores”. Leiam a seguir ... e façam suas avaliações:

“O decreto da liberação da posse de armas – segundo Bolsonaro, apenas um aperitivo, “apenas o primeiro passo”, para franquear o acesso generalizado a armamento para a população – não pode ser julgado apenas no campo político.

É um retrocesso civilizatório que nos custará muitas vidas e muitos anos para reverter.

Não fosse isso, diria que foi a derrota política inaugural de Jair Bolsonaro.

É algo que, mesmo antes das tragédias anunciadas que irá produzir, só encontrou apoio incondicional em seus adeptos mais radicais.

A classe média, sempre tão feroz na teoria, passa a viver o medo de que o seu vizinho de porta tenha uma, duas, várias pistolas.

Ou o caixa da padaria. Ou o dono da quitanda, que você andou chamando de ladrão por cobrar 10 reais no quilo do tomate. Ou o inspetor da escola dos filhos.

Os neoliberais “cult” não tiveram peito de defender e o próprio Sérgio Moro fez questão de ficar nas sombras no anúncio da “grande conquista”, mesmo sendo, agora, o responsável pela Segurança Pública.

A comparação dos perigos oferecidos por uma arma de fogo com os riscos de um liquidificador, feita pelo sempre energúmeno Ônyx Lorenzoni ofende a inteligência de um asno.

Os vencedores estão envergonhados.

Só o núcleo selvagemente fascista celebra, e olhe lá.”
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*Para finalizar, deixo aqui mais uma interessante frase do Barão de Itararé: “Sábio é o homem que chega a ter consciência da sua ignorância” –Parece óbvio que isso não vale para Bolsonaro, nem para a maioria de seus ministros, assessores e apoiadores...

*“Poderia ser cálido?”

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**Júlio César Schmitt Garcia é Advogado, Pós-Graduado em Direito do Estado, Poeta e Midioativista. Foi um dos fundadores do PT e da CUT. - Publicado originalmente no Jornal A Folha (do qual é Colunista) em 18/01/2019.

*Via Portal O Boqueirão Online  (coluna escrita antes das últimas maracutaias bombásticas produzidas pela 1ª famiglia - e seu laranjal -  virem à tona...)

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