Por Helena Chagas, no Divergentes, e para o Jornalistas pela Democracia*
O Palácio do Planalto usou hoje os meios de comunicação oficiais para
divulgar um vídeo elogiando o golpe militar de 1964. Não chegou a ser
uma surpresa, depois da determinação do presidente Jair Bolsonaro de que
comandos militares relembrassem a data. Apesar disso – ou talvez por
isso -, acho que quem ganhou o dia foi a verdade. Claramente, venceram
os que protestaram contra a ditadura.
Nas redes sociais, uma profusão de depoimentos e vídeos, muitos deles
emocionantes e bem feitos, falaram dos anos de chumbo, da tortura, da
censura, dos desaparecidos. Nas ruas de diversas cidades, manifestações.
Na mídia, ampla cobertura, inclusive sobre as decisões judiciais de
proibir e depois liberar comemorações militares do golpe – que, aliás,
não deram o ar de sua graça neste domingo.
Na orla do Rio, um avião com uma faixa preta simbolizou tudo:
Ditadura Nunca Mais. Neste momento, Bolsonaro estava em Israel,
celebrando um casamento de gosto duvidoso com Bibi Netanyahu. Não vi
ninguém comemorar o 31 de março, nem contar às crianças sua história.
Vi, sim, muita gente explicando a elas que vivemos aqueles anos de terror, mas que eles não vão voltar porque não vamos deixar.
Fiquei com a sensação de que, mais uma vez, o governo Bolsonaro deu
um tiro no pé, lembrando a data e dando oportunidade a muita gente de
conhecer melhor essa história triste. Não passarão.
*Via https://www.brasil247.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário