Nei Lisboa fará o show principal do Festival da Democracia e Liberdade, em Porto Alegre/RS. (Divulgação) |
Por Marco Weissheimer, no Sul21*
Nei Lisboa teve o irmão, Luiz Eurico Tejera Lisboa, assassinado pela ditadura militar que se instalou no Brasil após o golpe de 1964 que derrubou o governo constitucional de João Goulart. Além disso, teve outros parentes presos e torturados pela mesma ditadura. “É difícil achar um momento mais doloroso que este”, resume, ao falar sobre possíveis comparações entre o que ocorreu no Brasil pós-64 e o que acontece hoje, pós-Bolsonaro. De fato, há comparações que não podem ser feitas pela dimensão e a natureza das perdas. Mas elas são difíceis de serem feitas também pela dificuldade de definir o que está acontecendo hoje no Brasil. O musico e compositor gaúcho admite uma falta de adjetivos para falar sobre o presente: “Poderia falar de qualquer coisa como catastrófico, desastroso, lamentável, etc. Essas eram palavras que eu usava há três anos, no período do golpe contra a Dilma e do início do governo Temer. Me faltam adjetivos”.
Em entrevista ao Sul21, Nei Lisboa fala sobre a dificuldade de definir o atual momento do Brasil, marcado, entre outras coisas, pela destruição de políticas públicas construídas nas últimas décadas e pela expansão de um clima de ódio, de culto à ignorância e da intolerância no país. “Caminhamos para outro patamar, com uma tremenda regressão cultural, que nos leva a buscar paralelos na Idade Média, e com o aprofundamento do desmonte do Estado e da entrega do patrimônio público do país”.
No domingo (28), Nei Lisboa será uma das principais atrações do 1° Festival da Democracia e da Liberdade, no Vila Flores, em Porto Alegre, evento promovido pela Associação Mães e Pais Pela Democracia em defesa da liberdade de pensamento e de expressão e da diversidade dentro das escolas. Ele fará o show principal do festival, às 15h. A associação foi criada há 2 meses a partir de um movimento autônomo surgido das redes sociais, motivado pelo aumento do medo, autoritarismo, intolerância e incitação da violência, sobretudo no ambiente escolar.O compositor também comenta o ambiente de censura que se alastra na sociedade e dentro das escolas em particular. Pai de uma adolescente, ele viveu uma experiência desse tipo em uma das escolas mais tradicionais de Porto Alegre. “Um professor foi gravado dentro de sala de aula por um aluno, que levou a gravação os pais que, por sua vez, levaram para a direção da escola. O professor acabou advertido pela escola por ter se manifestado sobre o Bolsonaro. Acho difícil que não haja dezenas de exemplos semelhantes dentro da escola em relação ao Lula e a Dilma, que passaram batido e ninguém foi advertido”, assinala. (...)
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