14 maio 2019

Em 15 de maio, um dia para fazer História



Por Paulo Moreira Leite para o Jornalistas pela Democracia
Todos os sinais indicam que é possível prever que uma massa imensa de brasileiros e brasileiras irá às ruas, amanhã, para mostrar sua indignação diante do corte nas verbas destinadas as universidades e institutos federais de ensino, anunciadas de modo irresponsável e vingativo por Bolsonaro-Weintraub.
Em São Paulo, os protestos envolvem a grande massa de estudantes e professores de todos os níveis de ensino e têm apoio formal das reitorias das universidades públicas. Alunos de instituições privadas também convocam a paralisação, apoiada  pelas entidades de estudantes, sindicatos de professores de todos os níveis de ensino e dez centrais sindicais -- unidas pela primeira vez em décadas.
Na Universidade Federal de Minas Gerais, só uma plenária para preparar os protestos reuniu 3 500 estudantes -- deixando antecipar o que se pode esperar para amanhã.
Em Niterói, os preparativos na Universidade Federal Fluminense envolveram entre 10 000 e 15 000 alunos alunos, conforme a Folha de S. Paulo  -- isso quer dizer que 1 em cada 4  alunos matriculados se engajaram nos preparativos.
Animados por uma alegre trilha sonora disponível nas redes, com Chico Buarque, Zélia Duncan, Arnaldo Antunes, Paulo Miklos e tantos outros, sob medida para ser ouvida nos pontos de concentração, os protestos de 15 de maio nascem com vocação para fazer história.
Além dos atos públicos, em várias cidades serão organizadas aulas públicas, onde a população poderá debater os motivos da paralisação -- e outros temas atuais, como a reforma da Previdência. 
Quatro meses depois da posse de Bolsonaro, os protestos constituem a primeira grande manifestação organizada contra um governo que tem ameaçado o país com projetos irresponsáveis do ponto de vista da democracia, trágicos do ponto do plano econômico e temerários na esfera social.
Incapaz de responder a qualquer problema importante, a política econômica do governo Bolsonaro-Paulo Guedes é definida como suicida por economistas insuspeitos da mais leve simpatia pelos governos Lula-Dilma.
Sua política externa é marcada por uma vergonhosa subordinação aos interesses do império norte-americano, num grau que recorda o período histórico anterior à soberania das nações e à constituição dos Estados Nacionais.
Sua visão de sociedade pode ser resumida por um projeto de reforma da Previdência que pretende entregar o destino de nossos velhinhos e velhinhas, protegidos por um embrião de Estado de bem-estar social, às roletas do cassino financeiro que administra o capitalismo mundial. 
Neste ambiente de escombro político, tragédia econômica e flagelo social, o programa de Jair Bolsonaro e seu segundo ministro da Educação em três meses consegue mostrar-se particularmente ruinoso.
Num país que por vários séculos foi proibido pelos colonizadores de ter uma universidade, sua orientação, tosca e improvisada, não passa de uma deliberada guerra de extermínio conduzida por um guru sem curso superior e falsa erudição, mal disfarçados por uma obscenidade permanente.   
Aqui, projetos destrutivos se misturam a demonstrações escancaradas de truculência e ignorância sobre a função real das universidades públicas no desenvolvimento do país. Sua receita combina o desprezo pela formação científica da juventude a um só esforço permanente pela supressão da liberdade de mestres e estudantes. 
Numa nação ainda dispersa e ainda desorientada após uma derrota devastadora na eleição presidencial, amanhã é dia do país caminhar para um novo ponto de encontro e abrir outra perspectiva para o país.  
 Alguma dúvida?
*Via 247

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