12 junho 2019

Intimidação do general Villas Bôas é uma ameaça ao país



Por Florestan Fernandes Jr., jornalista*

Nesta terça-feira, o general Eduardo Villas Boas, ex-comandante do Exército e integrante do governo de Jair Bolsonaro, foi ao Twitter se solidarizar com Sergio Moro e deixou escapar nas entrelinhas uma "intimidação". Disse Villas Boas: "Momento preocupante o que estamos vivendo, porque dá margem a que a insensatez e o oportunismo tentem esvaziar a operação Lava Jato, que é a esperança para que a dinâmica das relações institucionais em nosso país venha a transcorrer no ambiente marcado pela ética e pelo respeito ao interesse público."

Em outras palavras: ou aceitamos como normal a relação promíscua do ex-juiz Sergio Moro com o promotor Dallagnol, preservando a Lava Jato, ou corremos o risco de um retrocesso político. Imagino o sentimento de juízes sérios que dedicam a vida à causa da Justiça preservando a dignidade e a ética do cargo ao ouvir tamanho disparate.

Moro e Dallagnol são servidores públicos e, por isso mesmo, devem explicações para seus "patrões": os cidadãos para quem trabalham. Em hipótese nenhuma eles podem ou devem se beneficiar do cargo ficando acima da lei. Se cometeram erros, que respondam por eles. Como diz o dito popular, quem não deve, não teme.

Preocupante, general, é ver oficiais como o senhor, que fez uma brilhante carreira nas Forças Armadas, sendo ofendido de maneira torpe e grosseira pelo guru intelectual do presidente da República. Mais preocupante ainda é ver, nas manchetes dos jornais, denúncias robustas de corrupção contra um dos filhos do capitão em chefe.

Preocupa também, general, a relação de intimidade da família Bolsonaro com pessoas pra lá de suspeitas de pertencerem às milícias do Rio de Janeiro. Preocupante é ter no comando da Nação um homem que governa ao lado dos filhos fazendo galhofa pelo Twitter e pelo Whatsapp. Um governo sem compostura, sem rumo, sem propostas, sem equipe e que não consegue dar respostas mínimas às necessidades da população.

Preocupante é o desemprego, que jogou milhões de chefes de famílias na informalidade. Preocupante é a falta de médicos, remédios e unidades de saúde para atender a população carente das periferias e das cidades distantes. Preocupante é o corte de verbas da educação e da pesquisa, da falta de incentivos para a indústria e o comércio. De não termos um projeto sequer para sairmos da recessão e retomarmos o crescimento econômico.

Preocupante, general, é o balanço de seis meses de uma administração que tem para nos oferecer a liberação do porte de armas, o incentivo à indústria de cigarros, a liberação de agrotóxicos na nossa lavoura e o fim dos radares nas estradas. E, para finalizar, preocupante é um oficial de alta patente pressionar a corte maior do país a tomar decisões que não estejam de acordo com a nossa Constituição.

*Fonte: Brasil247as pela Democracia

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