06 setembro 2019

40 ANOS DA HISTÓRICA GREVE DOS BANCÁRIOS DE PORTO ALEGRE/RS

Bancários na Galeria

Deputada Sofia Cavedon homenageia os 40 anos da greve dos bancários de 79 na Assembleia Legislativa


O dia 5 de setembro de 1979 era uma quarta-feira. Também foi o primeiro dia da greve proibida dos bancários de Porto Alegre em plena ditadura militar. Exatos 40 anos depois, a deputada estadual Sofia Cavedon (PT) fez uma homenagem na tarde desta quinta-feira (5), no espaço do Grande Expediente da Assembleia Legislativa, ao SindBancários e aos heróis dessa que foi uma paralisação que desafiou o golpe de 64 e ensinou os bancários a lutar.
Na tribuna do Plenário 20 de Setembro, a parlamentar refez a trajetória da greve, estruturou o contexto daquele tempo e fez alerta sobre um período sem democracia da nossa história e que ameaça voltar agora.
Na mesa diretora, além do presidente em exercício da Assembleia, deputado Giuseppe Riesgo (Novo), e do presidente do SindBancários, Everton Gimenis, figurava um dos símbolos da greve de 1979. O ex-presidente do SindBancários, ex-deputado federal constituinte, ex-prefeito de Porto Alegre, ex-governador do Estado, e bancário aposentado do Banrisul, Olívio Dutra, recebeu uma justa homenagem da deputada.
A diretora da Fetrafi-RS, Denise Falkenberg Corrêa, o secretário de Comunicação da CUT-RS, Ademir Wiederkehr, e a representante do senador Paulo Paim (PT-RS), Abigail Pereira, completaram a mesa.
Sofia começou o seu discurso remontando o contexto da incipiente luta por direitos humanos e melhores condições de vida de 40 anos atrás. A deputada chamou os bancários e os dirigentes do SindBancários da época de “heróis da democracia que enfrentaram a ditadura militar”. E lembrou da história de um operário no mesmo período em São Paulo.
Sofia na tribuna
Santo Dias da Silva foi assassinado pela polícia militar na porta de uma fábrica, em São Paulo, durante a explosão de greves de metalúrgicos um ano antes na região do ABC. Em 1979, um movimento por moradia surgia em Canoas. A primeira ocupação dessa jornada de luta por teto ocorreu em 7 de setembro de 1979. O nome do território foi chamado Vila Santo Operário, no bairro Matias Velho. É por isso, disse Sofia, que o Grito dos Excluídos será realizado lá este ano, marcando o aniversário de 40 anos.
“Aqui no Rio Grande do Sul, surgiu em setembro de 1979, o movimento Terras de Sepé Tiaraju, germe do nascimento do MST. Não vale o feminicídio, a guerra, o ódio, o latifúndio, o racismo. A vida vem em primeiro lugar”, ressaltou Sofia.
O primeiro dia da greve
A deputada recordou que o dia 5 de setembro foi o primeiro da greve de 79. Ela lembrou da prisão de Olívio Dutra, então presidente do SindBancários, do diretor já falecido Felipe Nogueira, da militante e depois diretora Ana Santa Cruz, e do dirigente Namir Bueno.
Olívio sentado
Sofia lembrou que Ana é mãe do presidente nacional da OAB, Felipe Santa Cruz, insultado pelo presidente Jair Bolsonaro, em julho. Ela foi esposa do desaparecido político Fernando Santa Cruz, que foi preso, torturado e assassinado pela repressão, em 1974. Bolsonaro havia dito que sabia como Fernando morrera na ditadura e que podia contar para o dirigente da OAB.
“Infelizmente, nos dias de hoje, se repete o que os bancários viveram com a greve de 1979. Tivemos um golpe em 2016. Tivemos a reforma trabalhista e a quase aprovada reforma da Previdência. Em 2018, tivemos a prisão política de Lula”, enumerou Sofia.
Filha de advogado do Sindicato tinha oito anos na greve de 1979
O primeiro aparte ao discurso de Sofia veio da filha de um personagem da greve. A deputada Luciana Genro (Psol) lembrou da participação de seu pai Tarso Genro, advogado do Sindicato em 1979.
O ex-prefeito da Capital e ex-governador foi o primeiro advogado desde que o golpe de 64 a entrar com um habeas corpus, pedindo que os bancários presos na greve fossem soltos. “Acompanhei a greve dos bancários com oito anos. Foi uma participação muito importante do meu pai em uma greve muito importante”, recordou Luciana.
O deputado Rodrigo Lorenzon (DEM) pediu aparte para explicar que seu partido, o Democratas, tem uma divergência histórica com o PT de Olívio Dutra e usou Voltaire, filósofo francês do Iluminismo, para exaltar o movimento. “O PT e o Democratas protagonizam o maior antagonismo nos últimos anos. Nas nossas diferenças, temos que encontrar as soluções. Cito Voltaire: ‘Discordo do que você disse, mas defenderei até a morte o seu direito de dizer’”, finalizou o deputado.
Plenário aberto (2)
O deputado Pepe Vargas (PT) lembrou dos 16 dirigentes presos em todo o Estado durante a greve de 1979, da ausência de dimensão histórica das gerações de agora da dificuldade que era em 79 organizar e manter uma greve e o contexto de luta pela anistia que se desenhava há 40 anos.
“Fazer a greve era um tabu. As gerações de hoje não têm a dimensão da dificuldade. Em 79, eu estava entrando na faculdade [Pepe é formado em Medicina] e começávamos a criar a UNE [União Nacional dos Estudantes]. A greve sofreu uma repressão absurda do regime militar”, salientou Pepe.
Para o deputado Elton Weber (PSB), a greve dos bancários era legítima em 1979. “Quando se faz uma greve, havia um motivo para fazer. Havia um motivo, que era a valorização dos trabalhadores bancários”, assinalou.
Ademir na AL1
A homenagem foi acompanhada também pelo presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, e por vários dirigentes e militantes do SindBancários, além de diversos aposentados da categoria.
*Fonte: CUT-RS com SindBancários e Assembleia Legislativa - Via  http://cutrs.org.br

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