Deputada Sofia Cavedon homenageia os 40 anos da greve dos bancários de 79 na Assembleia Legislativa
O dia 5 de setembro de 1979 era uma quarta-feira. Também foi o primeiro dia da greve proibida dos bancários de Porto Alegre em plena ditadura militar. Exatos 40 anos depois, a deputada estadual Sofia Cavedon (PT) fez uma homenagem na tarde desta quinta-feira (5), no espaço do Grande Expediente da Assembleia Legislativa, ao SindBancários e aos heróis dessa que foi uma paralisação que desafiou o golpe de 64 e ensinou os bancários a lutar.
Na tribuna do Plenário 20 de Setembro, a parlamentar refez a trajetória da greve, estruturou o contexto daquele tempo e fez alerta sobre um período sem democracia da nossa história e que ameaça voltar agora.
Na mesa diretora, além do presidente em exercício da Assembleia, deputado Giuseppe Riesgo (Novo), e do presidente do SindBancários, Everton Gimenis, figurava um dos símbolos da greve de 1979. O ex-presidente do SindBancários, ex-deputado federal constituinte, ex-prefeito de Porto Alegre, ex-governador do Estado, e bancário aposentado do Banrisul, Olívio Dutra, recebeu uma justa homenagem da deputada.
A diretora da Fetrafi-RS, Denise Falkenberg Corrêa, o secretário de Comunicação da CUT-RS, Ademir Wiederkehr, e a representante do senador Paulo Paim (PT-RS), Abigail Pereira, completaram a mesa.
Sofia começou o seu discurso remontando o contexto da incipiente luta por direitos humanos e melhores condições de vida de 40 anos atrás. A deputada chamou os bancários e os dirigentes do SindBancários da época de “heróis da democracia que enfrentaram a ditadura militar”. E lembrou da história de um operário no mesmo período em São Paulo.
Santo Dias da Silva foi assassinado pela polícia militar na porta de uma fábrica, em São Paulo, durante a explosão de greves de metalúrgicos um ano antes na região do ABC. Em 1979, um movimento por moradia surgia em Canoas. A primeira ocupação dessa jornada de luta por teto ocorreu em 7 de setembro de 1979. O nome do território foi chamado Vila Santo Operário, no bairro Matias Velho. É por isso, disse Sofia, que o Grito dos Excluídos será realizado lá este ano, marcando o aniversário de 40 anos.
“Aqui no Rio Grande do Sul, surgiu em setembro de 1979, o movimento Terras de Sepé Tiaraju, germe do nascimento do MST. Não vale o feminicídio, a guerra, o ódio, o latifúndio, o racismo. A vida vem em primeiro lugar”, ressaltou Sofia.
O primeiro dia da greve
A deputada recordou que o dia 5 de setembro foi o primeiro da greve de 79. Ela lembrou da prisão de Olívio Dutra, então presidente do SindBancários, do diretor já falecido Felipe Nogueira, da militante e depois diretora Ana Santa Cruz, e do dirigente Namir Bueno.
Sofia lembrou que Ana é mãe do presidente nacional da OAB, Felipe Santa Cruz, insultado pelo presidente Jair Bolsonaro, em julho. Ela foi esposa do desaparecido político Fernando Santa Cruz, que foi preso, torturado e assassinado pela repressão, em 1974. Bolsonaro havia dito que sabia como Fernando morrera na ditadura e que podia contar para o dirigente da OAB.
“Infelizmente, nos dias de hoje, se repete o que os bancários viveram com a greve de 1979. Tivemos um golpe em 2016. Tivemos a reforma trabalhista e a quase aprovada reforma da Previdência. Em 2018, tivemos a prisão política de Lula”, enumerou Sofia.
Filha de advogado do Sindicato tinha oito anos na greve de 1979
O primeiro aparte ao discurso de Sofia veio da filha de um personagem da greve. A deputada Luciana Genro (Psol) lembrou da participação de seu pai Tarso Genro, advogado do Sindicato em 1979.
O ex-prefeito da Capital e ex-governador foi o primeiro advogado desde que o golpe de 64 a entrar com um habeas corpus, pedindo que os bancários presos na greve fossem soltos. “Acompanhei a greve dos bancários com oito anos. Foi uma participação muito importante do meu pai em uma greve muito importante”, recordou Luciana.
O deputado Rodrigo Lorenzon (DEM) pediu aparte para explicar que seu partido, o Democratas, tem uma divergência histórica com o PT de Olívio Dutra e usou Voltaire, filósofo francês do Iluminismo, para exaltar o movimento. “O PT e o Democratas protagonizam o maior antagonismo nos últimos anos. Nas nossas diferenças, temos que encontrar as soluções. Cito Voltaire: ‘Discordo do que você disse, mas defenderei até a morte o seu direito de dizer’”, finalizou o deputado.
O deputado Pepe Vargas (PT) lembrou dos 16 dirigentes presos em todo o Estado durante a greve de 1979, da ausência de dimensão histórica das gerações de agora da dificuldade que era em 79 organizar e manter uma greve e o contexto de luta pela anistia que se desenhava há 40 anos.
“Fazer a greve era um tabu. As gerações de hoje não têm a dimensão da dificuldade. Em 79, eu estava entrando na faculdade [Pepe é formado em Medicina] e começávamos a criar a UNE [União Nacional dos Estudantes]. A greve sofreu uma repressão absurda do regime militar”, salientou Pepe.
Para o deputado Elton Weber (PSB), a greve dos bancários era legítima em 1979. “Quando se faz uma greve, havia um motivo para fazer. Havia um motivo, que era a valorização dos trabalhadores bancários”, assinalou.
A homenagem foi acompanhada também pelo presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, e por vários dirigentes e militantes do SindBancários, além de diversos aposentados da categoria.
*Fonte: CUT-RS com SindBancários e Assembleia Legislativa - Via http://cutrs.org.br
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