Por Fernando Rosa*
O atentado terrorista patrocinado pelos Estados Unidos é um xeque-mate na hipocrisia do governo Bolsonaro e, em especial, nas autoridades militares brasileiras.
Sem condenar o assassinato do general Qassem Soleimaini, nota oficial divulgada pelo Itamaraty apoia o ataque dos Estados Unidos ocorrido no território iraquiano.
“Ao tomar conhecimento das ações conduzidas pelos EUA nos últimos dias no Iraque, o Governo brasileiro manifesta seu apoio à luta contra o flagelo do terrorismo”, diz a nota.
A nota divulgada pelo Itamaraty, em nome do governo, é um primor de dissimulação, covardia política e irresponsabilidade diplomática sem precedentes na história do País.
Em última instância, a nota contém a grave constatação de que o assassinato de militares e/ou autoridades estrangeiras faz parte da politica externa do atual governo.
Além de expor a Nação às consequências de uma guerra, a posição do governo renega a política externa de parceria pacífica com os países do Oriente Médio construída pelo general Ernesto Geisel, nos anos setenta.
O caso em questão se torna ainda mais relevante por se tratar do general Soleimani, um herói dos povos do Oriente Médio, ao contrário da campanha difamatória da mídia pró-americana.
Antes de ser um “terrorista”, Soleimani é (foi) um militar com quarenta anos de combate em defesa de seu país e dos povos do Oriente Médio contra o saque norte-americano à região.
A retórica de “apoio à luta contra o flagelo do terrorismo”, adotada pelo Itamaraty, apenas reafirma a vassalagem do atual governo e seus membros, civis e militares, aos Estados Unidos.
O alinhamento internacional à violência desesperada do neoliberalismo em crise cobrará um preço muito alto de quem apostar nessa aventura sem honrarias ou medalhas.
*Jornalista, editor do blog Senhor X, especializado em geopolítica.
Fonte: Brasil 247
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