Pedro Hallal, reitor da UFPel | Foto: Divulgação |
Na última quarta-feira (15), o governador Eduardo Leite (PSDB) afirmou que o Rio Grande do Sul estava se preparando para entrar em uma nova fase do enfrentamento ao coronavírus, o que ele chamou de uma fase de “distanciamento controlado”. Nesse cenário, permitiu que prefeitos de cidades com poucos casos pudessem deliberar sobre a reabertura dos comércios locais, desde que respeitados determinados parâmetros estabelecidos pela Secretaria Estadual de Saúde.
Leite afirmou que as políticas do Estado estão sendo planejadas de acordo com estudos técnicos e científicos a respeito da evolução da pandemia, abrindo espaço para a apresentação de um estudo que está sendo desenvolvido pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) para medir a prevalência de casos no Rio Grande do Sul. Isto é, para tentar compreender qual é o total de pessoas que já contraíram o vírus, visto que, devido à subnotificação, o número real de casos é bastante superior ao dos confirmados até aqui.
A apresentação destes dados foi feita pelo reitor da UFPel, Pedro Cury Hallal, que destacou, na ocasião, que os casos confirmados são apenas a “ponta visível de um iceberg”. Para tentar traçar um panorama mais realista dos níveis de contaminação, o estudo testou, entre os dias 11 e 13 de abril, 4.189 pessoas em nove cidades do Estado — Porto Alegre, Canoas, Pelotas, Caxias do Sul, Santa Cruz do Sul, Santa Maria, Passo Fundo, Ijuí e Uruguaiana – para a presença de anticorpos para o coronavírus.
O estudo apontou que duas das 4.189 pessoas testaram positivo para o vírus, o que, extrapolando para a população total, significaria 0,05% dos gaúchos e 1 infectado a cada 2 mil habitantes. Apesar de pequeno, significaria um número várias vezes superior ao de casos já confirmados, uma vez que seria equivalente a 5.650 pessoas contaminadas. Para comparação, o RS tinha, em 13 de abril, 685 casos confirmados, cerca de 8 vezes menos do que a projeção do estudo.
Nesta sexta-feira (17), o Sul21 conversou com o reitor Pedro Hallal para entender melhor a importância desse estudo de prevalência e o que o diferencia dos testes que vêm sendo realizados na rede de saúde e cujos dados são divulgados oficialmente como o total de casos da doença. Além disso, Hallal avalia as decisões de reabertura do comércio e possíveis cenários para o avanço da doença no Rio Grande do Sul.
“Se fosse uma pergunta específica para nós, nós entendemos que o distanciamento social deveria ser mantido nos mesmos moldes. Mas, eu acho que a questão central não é a decisão ou o anúncio que o governador fez, para falar bem a verdade. Eu estava junto, eu ouvi tudo que o governador falou, o anúncio tinha uma série de preocupações, de senões, etc e tal. O que me preocupou foi que, no outro dia de manhã, alguns prefeitos, sem levar em consideração aquelas informações, já mandaram abrir tudo”, diz.
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