Coluna Crítica & Autocrítica - nº 193
Por Júlio Garcia**
*A propósito da recente manifestação do Presidente Lula em relação aos cuidados que o PT,
demais partidos [setores, articulações e movimentos...] de esquerda,
democráticos e antifascistas devem ter sobre assinar (ou não) os vários ‘manifestos’ que estão surgindo, gostaria de registrar que tenho concordância com suas preocupações - que são oportunas, corretas e justas.
*Dentre outras coisas, disse Lula: “Direitos
dos trabalhadores foram retirados desde o golpe contra Dilma Rousseff
em 2016, mas não são mencionados nos manifestos dos que se organizam
para defender a democracia e que, ao formar um frentão [contra Bolsonaro
e os fascistas], o PT não pode esquecer da trama da Globo com Moro e do
golpe contra a presidenta Dilma Rousseff”. Sobre isso, o jornalista Paulo Moreira Leite escreveu no site Jornalistas Pela Democracia (repostado por este Colunista no Blog do Júlio Garcia). Leiam a seguir:
“O reconhecimento
de que os assalariados têm interesses econômicos e políticos próprios,
distintos do empresariado e dos setores médios, sempre contribuiu para a
conquista de melhores condições de existência dos trabalhadores e das
camadas subalternas.
Muitos daqueles direitos que
até pareciam garantidos para sempre, como salários compatíveis com o
custo de vida, aposentadoria e assistência médica, jamais foram
entregues espontaneamente por empresários altruístas, mas conquistados
em processos de luta e reivindicação.
Hoje, no capitalismo do século XXI,
vivemos um processo na direção inversa, a uberização -- esforço
especialmente selvagem de regressão social. Como sabemos, no Brasil esse
ataque a direitos tradicionais ganhou velocidade a partir do golpe de
2016, recebendo impulso ainda maior no governo Bolsonaro-Guedes.
Mesmo considerando
possíveis mudanças na esfera política no próximo período, num processo
cujo percurso ainda não é possível vislumbrar como será, nada indica que
a guinada socialmente regressiva do bolsonarismo será interrompida
automaticamente -- a menos que a parte mais prejudicada esteja
organizada e preparada para ir atrás de um indispensável ajuste de
contas.
E aqui se enxerga o papel de Lula, sua recusa em entrar "no primeiro ônibus que aparece".
Numa grande síntese:
as mesmas forças políticas que em 1984 estiveram no palanque da
campanha pelas diretas-já, ajudando a enterrar o regime militar,
ressurgiram de casaca virada em 2016 para votar a favor do impeachment
de Dilma Rousseff, no golpe parlamentar que abriu as portas para o
bolsonarismo e sua sombra, uma ditadura.
Como farsa, como tragédia, é bom ser cuidadoso. A experiência brasileira ensina que a história costuma repetir-se com frequência indesejável. Alguma dúvida?”
...
*Covid-19: os números oficiais mascaram a realidade: Estimasse que no Brasil ajam mais de 5 milhões de pessoas com o vírus – e o número de mortos é pelo menos 10 vezes maior do que o anunciado. Desnecessário falar aqui sobre a política genocida de Bolsonaro em relação a pandemia. Porém, focando somente no RS, em que pese algumas iniciativas corretas adotadas inicialmente, o posterior afrouxamento em relação ao isolamento/distanciamento social, com a abertura quase indiscrimada do comércio, fábricas, serviços etc. adotado no RS pelo governo Leite, bem como na maioria das cidades (Santiago inclusa) é deveras preocupante... Hora das autoridades (estaduais e municipais) reverem essa exagerada ‘flexibilização’ ... enquanto é tempo!
...
*Por fim, um registro (mais do que necessário!): -Somos antifascistas e antirracistas! #Somos a maioria do povo brasileiro! #Resistiremos e #Venceremos!
...
**Júlio César Schmitt Garcia é
Advogado, Pós-Graduado em Direito do Estado, Consultor, dirigente
político (PT) e Midioativista. Foi um dos fundadores do PT e da CUT. -
Publicado originalmente no Jornal A Folha (do qual é Colunista) em 05/06/2020. -Foto: Esquerda Diário
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