Da Redação do Sul21*
A Frente dos Servidores Públicos do Rio Grande do Sul divulgou um vídeo em resposta a declarações feitas pelo governador do Estado, Eduardo Leite (PSDB), em uma entrevista a Globononews. Na entrevista, Leite afirmou que não é razoável que existam duas categorias de povo: os que estão no serviço público e os que não estão, sendo que a primeira estaria numa situação de privilégio em relação aos demais trabalhadores e cidadãos. No vídeo, representantes de várias categorias do serviço público afirmam que estão com os salários atrasados e parcelados há cerca de seis anos, acumulando prejuízos durante todo esse período que só se agravaram agora, em meio à pandemia do novo coronavírus.
Na entrevista a Globonews, Eduardo Leite defendeu, mais uma vez, a redução dos salários dos servidores públicos estaduais. Segundo o governador, “todos estão no mesmo barco” e “não é razoável que haja uma categoria blindada dos efeitos dessa crise”. “Acho que o Congresso precisa discutir, dentro das propostas de emenda constitucional que estão tramitando…. Para que se viabilize a constitucionalidade dessa redução salarial dos servidores públicos”, afirma ainda Eduardo Leite. O governador cita ainda que ele e a sua equipe já reduziram em 30% os próprios salários.
“Ao afirmar que estamos todos no ‘mesmo barco’, Leite esquece que, enquanto ele e seus secretários estão protegidos dentro de casa, os (as) Policiais estão nas ruas e nas delegacias, expostos ao contágio pela covid-19. O barco pode ser o mesmo, mas enquanto uns estão na primeira classe, outros são obrigados a enfrentar a tempestade no convés. E é dessas pessoas, que o governador quer cortar os salários”, afirmou a Ugeirm – Sindicato dos Agentes, em nota. “O governador Eduardo Leite, que ganha mais de 25 mil reais por mês diz, de forma demagógica que abriu mão de 30% de seu salário. Mas não esqueçamos que ele tem estadia e alimentação custeados pelo erário público”, rebateu Isaac Ortiz, presidente da Ugeirm.
“Não bastasse ele ter retirado direitos dos trabalhadores, ele ainda tenta jogar a sociedade do Rio Grande do Sul contra os servidores estaduais que são aqueles que estão lá na ponta, prestando serviço sem nenhum privilégio”, assinalou a professora Helenir Aguiar Schurer, presidenta do CPERS Sindicato.
Fabiano Marranghello Zalazar, do Sindjus-RS, concordou com Leite que existem duas categorias de cidadãos, “aqueles que historicamente exploram o país e o Estado e aqueles que são explorados por sua força de trabalho”.
Para Angela Antunes, diretora do Sindicato dos Servidores de Nível Superior do RS (Sintergs), “o governador Eduardo Leite tem utilizado a velha política de colocar a sociedade contra o servidor público, escondendo que a mais atingida pelo sucateamento dos serviços públicos é a própria população”. A dirigente sindical acrescentou que, mesmo com os salários parcelados, cortados e com a insistente desvalorização por parte do governador, muitos estão na linha de frente da pandemia, como nos serviços de saúde e na produção de alimentos, entre outras atividades essenciais.
Articulada pelo Sintergs, a produção contou com a participação das seguintes entidades: Afagro, Afocefe, Amapergs Sindicato, Cpers, Simpe/RS, Sindjus-RS, Sintergs e Ugeirm Sindicato, todas da Frente dos Servidores Públicos do Rio Grande do Sul.
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