Por Fernando Brito*
Não é o caso de analisar o quanto pode haver de hipocrisia nas declarações do lavajatíssimo ministro Luiz Aha-Urru Fachin de que teria feito bem à democracia se Lula tivesse podido candidatar-se às eleições presidenciais de 2018.
Talvez seja mesmo uma forma de autoindulgenciar-se de tudo o que fez no curso da Lava Jato permitindo que corressem soltos os abusos de Sérgio Moro que, agora, o STF, está à beira de reconhecer, até este momento contra o voto dele próprio, Fachin.
“No julgamento no TSE em que esteve em pauta a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fiquei vencido, mas mantenho a convicção de que não há democracia sem ruído, sem direitos políticos de quem quer que seja. Não nos deixemos levar pelos ódios”.
Será que a súbita candura do ministro não é, como ocorre a alguns, o abandono do barco da Lava Jato por ele estar fazendo água e alagando os porões dos que a ele se acumpliciaram?
E, ainda, o fato de que ele e os que permitiram os esparramos de Sergio Moro vêem-se agora acuados por uma ameaça com a qual, percebem, não têm uma liderança política que a anule e, quando possível, a derrote?
É cedo ainda para avaliar o quanto pode ser eficaz ou mesmo sincero o arrependimento de quem embarcou na aventura morista. Pode ser que seja apenas a vontade de pular para outro barco e continuar com o poder que mudou tanto aquele advogado de causas populares que, chegado à cátedra do STF trocou-as pelo látego do autoritarismo.
*Jornalista, Editor do Blog Tijolaço (fonte desta postagem).
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