05 outubro 2020

LIBERDADE E LUTA - Diretores assinam manifesto contra Bolsonaro no festival ‘É tudo verdade’

“É preciso cada vez mais buscar novas formas de produzir e registrar a nossa memória. Um país sem imagens de si mesmo é como alguém que não sabe o que é”, afirma grupo de 21 diretores no manifesto


Dirigido pelo estreante Diógenes Muniz, “Libelu – Abaixo a Ditadura” foi eleito como vencedor da Competição Brasileira de Longas ou Médias-Metragens e recebeu R$ 20.000 e troféu

Por Redação RBA*

São Paulo – Ao encerrar o festival de documentários ‘É Tudo Verdade’ na noite deste domingo (4), 21 diretores divulgaram um manifesto contra o presidente Jair Bolsonaro e a paralisação da produção cinematográfica provocada pela suspensão dos recursos públicos em seu governo. No texto, o grupo alerta para o crescimento do desemprego no setor de audiovisual e chama seus trabalhadores para uma mobilização permanente, que busque novas formas de produzir e registrar a memória.

“Manifestamos nosso total desacordo com os rumos da política cultural do país. O governo de extrema direita do Jair Bolsonaro age desde o início para atacar e silenciar os brasileiros que fazem da cultura e da arte como seus inimigos”, afirmam os diretores.

“A atividade audiovisual está paralisada desde março, com a suspensão de todos os recursos públicos para a produção de filmes e séries. Isso tem provocado uma taxa crescente de desemprego. São muitas as empresas que estão falindo, cineastas passando necessidade e a ameaça de paralisia total do setor. Isso sem falar da cinemateca brasileira, com seu acervo histórico que corre o risco de total destruição”, dizem ainda no manifesto contra Bolsonaro.

“Eles têm medo de nós. A situação é gravíssima. Por isso convidamos as realizadoras e realizadores do audiovisual a se voltarem, mais uma vez, para a realidade. E, acima de tudo, não se intimidarem. É preciso cada vez mais buscar novas formas de produzir  e registrar a nossa memória. E nunca parar e nem silenciar. Um país sem imagens de si mesmo é como alguém que não sabe o que é. É um país com alzheimer”.

Confira os nomes dos diretores que assinaram o manifesto: Aurélio de Michiles, Bernardo Vorobow, Bruno Moreschi, Carlos Adriano, Carol Benjamin, Clarice Saliby, Cláudio Moraes, Diógenes Muniz, Guga Millet, João Jardim, Jorge Bodanzky, Marcelo Machado, Mari Moraga, Mariana Lacerda, Paschoal Samora, Rafael Veríssimo, Roberto Berliner, Rubens Rewald, Silvio Tendler, Tali Yankelevich, Toni Venturi.

Filme vencedor

Com o encerramento do festival na noite deste domingo foi divulgado o filme vencedor desta 25ª edição. Dirigido pelo estreante Diógenes Muniz, “Libelu – Abaixo a Ditadura” foi eleito como vencedor da Competição Brasileira de Longas ou Médias-Metragens e recebeu R$ 20.000 e Troféu É Tudo Verdade.

O filme focaliza uma tendência estudantil universitária surgida em 1976 que, impulsionada por uma organização clandestina [O.S.I.], ganhou fama por ser o primeiro a retomar o mote “abaixo a ditadura”, enquanto o AI-5 ainda vigorava. Para o júri formado pelo escritor Ignácio de Loyola Brandão, pela cineasta e roteirista Cristiana Grumbach e pelo cineasta e curador Francisco Cesar Filho, o longa-metragem toca “em uma ferida nunca cicatrizada da esquerda brasileira“.

Confira a lista de filmes premiados e menções honrosas do festival.

*Rede Brasil Atual

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