Fernando Brito*
Se alguém ainda duvidava que pudesse ser exagero a afirmação
feita aqui que o decreto liberando até 60 armas para “caçadores” e “atiradores
esportivos” é uma forma de preparar uma milícia armada para atirar no lixo as
liberdades eleitorais e políticas no Brasil, acordar hoje com a visão da besta
bolsonarista Daniel Silveira xingando e ameaçando dar uma “surra, batendo na
cara com um gato morto até ele miar” no ministro Luiz Edson Fachin dissolve
qualquer ilusão remanescente.
Quem quiser assistir o espetáculo de bestialidade
do antropomorfo deputado, assista o vídeo abaixo.
Ou veja, no “meme” do próprio
brucutu parlamentar, o que ele deseja. Aliás, entre seus “projetos” está o uso
por professores de escolas públicas, de armas de eletrochoque para defenderem-se
das crianças que ameaçam “os cidadãos de bem”, estes mesmos que Bolsonaro quer
armar.
A principal pergunta é, agora, o que representa isso e o que fazer. O que
representa, é preciso que se diga que aquilo é Jair Bolsonaro em estado puro,
sem amarras, sem censura. Não obstante os bíceps e peitorais “bombados”, a
pequenez mental e os conceitos da sociedade são absolutamente idênticos.
Não é
este homem, mas são estas ideias (vá lá) que governam o país e são elas que
comandam e ganha a adesão da camada dominante das Forças Armadas ou, pelo menos,
a do Exército.
Ou alguém viu, mesmo com os três anos de atraso com que o fez
Fachin, manifestando discordância da intromissão do comandante – e de todo o
comando – do Exército nas decisões da corte suprema do país?
A pergunta que o
brutamontes faz tem sentido: porque é que não se mandou prender o general Villas
Boas, por transgressão do Art 5º, XLIV, CF – constitui crime inafiançável e
imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem
constitucional e o Estado Democrático.
Se o comando do Exército não é um grupo
armado, o mais bem armado do país, o que será? Daniel Silveira deve ter como
única punição o fato de ir ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, onde
talvez (apenas talvez) perca o mandato.
Mas haverá efeitos políticos. O primeiro
será o crescimento da resistência dos deputados a permitir o que o presidente da
Casa vinha ensaiando: deixa “passar batido” os decretos armamentistas editado
por Bolsonaro. Logo a seguir, a oposição a que uma “Daniel Silveira de saias”,
Bia Kicis, como presidente da Comissão de Constituição e Justiça.
Fachin não tem
muita moral para reagir à matilha da qual libertou, abrindo juridicamente seu
canil, mas o Supremo fica mais perto de reagir, tentando empurrar de volta o
portão político que continha esta cainçalha.
Mas não agir será deixar o fascismo
e a bestialidade se tornarem a lei deste país.
,…
Nenhum comentário:
Postar um comentário