Por Fernando Brito*
A coluna de Janio de Freitas, na Folha, chama a atenção sobre algo que os comentaristas políticos deixam de lado, talvez até por vergonha de serem, boa parte deles, adoradores de um patronado (é de Janio o resgate da palavra) que tem na exclusão e na desumanidade um desvio mental que é, por vezes, mais forte até do que o desejo de serem prósperos num país prósperos.
Ele protesta contra o fato de Bolsonaro ser tratado apenas como um insano apoiado por insanos, como se não houvesse um corte marcante neste apoio: se só 22% dos brasileiros mantêm a figura do mito, porque ele tem a sustentação de metade do empresariado, segundo os números do Datafolha?
Sim, é isso e com todo o discurso de que apostam em “sustentabilidade” não se furtam a apoiar – e sem limites, por vezes – um governo que conduz o país à destruição, seja a social, seja a ambiental, seja à econômica, porque não há economia que resista às legiões de famintos que estão se formando, das quais o UOL, hoje, faz um registro dramático: o de estarmos caminhando para 15 milhões – número oficial, creio maior o real – de pessoas sobrevivendo com R$ 89 por mês, restos de ossos e sobras de comida.
Curiosa e tragicamente, temos agora um empresariado antidesenvolvimentista, atento apenas ao que se pode cortar de gastos ou direitos sociais e não ao que se pode gerar de consumo e renda que alimentem seus negócios.
Por isso, não lhes cai mal um presidente capitão-do-mato e não um “comunista”, categoria na qual incluem qualquer um preocupado com a dignidade de cada brasileiro.
Jair Bolsonaro sabe disso e fala a eles, quando justifica seu governo fracassado e desastroso dizendo que, pelo menos, não há um comunista sentado naquela cadeira. Tipo ssim, alguém que ache que todas as pessoas possam ter um teto para viver, um fogão para cozinhar e o que colocar dentro das panelas.
Estes luxos, não é?
*Via Tijolaço
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