Por Fernando Brito*
Escandalosa a notícia da Folha [de S. Paulo] dando conta de que o desejo de Jair Bolsonaro é o de equiparar os ganhos dos delegados de Polícia Federal aos dos ministros do Supremo Tribunal Federal: R$ 39.293,92.
Hoje, delegados da PF recebem entre R$ 23.693 e R$ 30.937, o que está longe de ser um mau salário num país onde isso equivale a estarem entre os 1% dos brasileiros com mais renda.
Não é preciso dizer o que Bolsonaro pretende com esta “megabondade” com os delegados da PF.
Com uma “baba” destas, quem há de resistir às vontades do soberano?
E, é claro, na “aba” vão os agentes, não os policiais rodoviários, os agentes penitenciários e, claro, nos Estados, a pressão para dar aumento a todos os policiais, civis e militares.
E as outras carreiras de Estado, auditores, advogados públicos, e os procuradores, e os juízes, não vão querer também um aumento assim, de 27%?
Cadê os defensores da austeridade fiscal diante de algo como isso? Porque diabos alguém vai querer ser médico, professor, enfermeiro, botar a cara nos hospitais se, de colete preto e distintivo, ganha-se cinco, sete, dez vezes mais?
A transformação da Polícia Federal em ferramenta política está cobrando o seu preço, e cada cidadão brasileiro, sobretudo os mais pobres, os miseráveis, estamos pagando por ela.
*Jornalista/RJ, Editor do Blog Tijolaço (fonte desta postagem)
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