Os Comitês Populares de Luta não são e não podem ser institucionais, atrelados apenas a candidaturas, seja quais forem
Por Selvino Heck (*)
A eleição de outubro não é qualquer eleição. É a eleição das nossas vidas.
Neste contexto e conjuntura, mais que nunca são absolutamente necessárias e urgentes propostas inteligentes, inovadoras, revolucionárias. É o caso dos COMITÊS POPULARES DE LUTA. Movimentos e organizações populares criam, organizam e consolidam instrumentos sobre um projeto de país no contexto das eleições de 2022. Organizados em diferentes territórios e também ativamente nas redes sociais, os Comitês Populares de Luta já são milhares em todo Brasil. São espaços amplos onde pessoas de movimentos populares, igrejas, escolas, pessoas filiadas ou não a partidos políticos se reúnem para debaterem um novo jeito de fazer política no país. E também para valorizar o trabalho local e de base, estimular novas formas de participação política e criar uma rede de combate às mentiras e notícias falsas.
Os Comitês Populares de Luta não são e não podem ser institucionais, atrelados apenas a candidaturas, seja quais forem, e a futuros governantes, ou a um único partido. São de luta popular, de diálogo com a população e as comunidades. Os Comitês , neste sendo, são achado histórico. São movimento, em primeiro lugar.
Diz João Pedro Stédile: “A necessidade agora é mudar o Brasil e restabelecer a dignidade, os direitos e a esperança de melhoria de vida. Com comida na mesa, soberania nacional e defesa da natureza. Os Comitês Populares de Luta são importantes formas das pessoas participarem da vida política. Elas, as pessoas, podem se reunir em locais próximos entre vizinhos do bairro, colegas de trabalho e de escola para debater o futuro do país. É também uma forma autônoma para desenvolver de forma criativa, sobretudo por meio da cultura, as mais diferentes formas de debate de ideias e de conversa com todo o povo brasileiro” (Brasil de Fato, Ed. Especial, nº 19/2022).
Os Comitês Populares de Luta são de conscientização. Formação na ação, como sempre dizia Paulo Freire, unindo a Pedagogia da Oprimida e do Oprimido, libertadora, com a Pedagogia da Indignação, e sua justa raiva, com a Pedagogia da Esperança e o esperançar de quem não espera que as coisas aconteçam, mas faz acontecer.
Os Comitês Populares de Luta são de organização popular. De baixo para cima, lutam contra a fome, que voltou a crescer assustadoramente, lutam por direitos, lutam por liberdade, justiça social, democracia e soberania.
Os Comitês Populares de Luta são de incorporação militante, de militância cotidiana e permanente, de coragem, de fé: nas comunidades, nos sindicatos, nas Associações de Bairro, nas ONGs, em cada rua, em cada bairro, em cada local de trabalho, em cada escola e Universidade, nas igrejas, nas casas, nos condomínios, nos Assentamentos, em todas as ruas, becos, vielas, morros e favelas.
Os Comitês Populares de Luta podem/devem ligar-se a outras iniciativas, como o ENCANTAR A POLÍTICA, projeto lançado recentemente pela Rede de Fé e Política e Conselho Nacional de Leigas e Leigas.
Escreve Pedro Ribeiro de Oliveira, em É HORA DE ENCANTAR-SE PELA POLÍTICA (Ver em www.fepolitica.org.br): “A Rede Brasileira de Fé e Política e o Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB) acabam de lançar o projeto Encantar a Política, para incentivar agentes de base da Igreja a participar responsavelmente da Política. Quem cumpre esse papel incentivador é o próprio Papa Francisco por meio de suas Encíclicas Laudato Sì e Fratelli Tutti, e da Exortação apostólica Evangelii Gaudium. A entrada se dá quando a pessoa descobre a Política como gesto de amor. Diz o papa: ´Alguém ajuda um idoso a atravessar um rio, e isto é caridade generosa, mas o político constrói-lhe uma ponte, e isto também é caridade.` Enfim, Francisco nos convida a fazer Política para o bem da Terra, nossa Casa Comum, hoje devastada por um ´sistema econômico que mata´. Mata a Terra e os Pobres, cujos gritos a Igreja deve escutar e atender. E isso deve começar logo! O processo eleitoral brasileiro já está em andamento. Devem, cristãs e cristãos, deixar-se encantar pela Política e praticar a boa Política” (Quem quiser aprofundar o tema poderá acessar: https:/cnbb.org/encantarapolitica/.)
Não há tempo a perder. O tempo urge e ruge. A vida não pode esperar. Todas as militantes, todos os militantes, lutadoras, lutadores, sonhadoras, sonhadores precisam estar em algum Comitê Popular de Luta em 2022, ou até em mais de um. Os Comitês não são apenas eleitorais. Os Comitês irão além de 2 de outubro e vão se espalhar aos milhares por todo Brasil. É construir o futuro. É ESPERANÇAR.
(*) Deputado estadual Constituinte do Rio Grande do Sul (1987-1990) - Via Sul21
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