04 agosto 2022

LEVANTAMENTO INÉDITO MOSTRA COMO CIDADÃOS COMUNS SE TRANSFORMAM EM ROBÔS DE BOLSONARO EM GRUPOS DE WHATSAPP

Grupos acompanhados por pesquisador desde 2021 funcionam como balões de ensaio para falas de Bolsonaro.


NO FACEBOOK de Salete, praticamente nenhuma postagem pública contém informações verdadeiras. Ela compartilha links de canais bolsonaristas no YouTube com mentiras sobre Lula, os ministros do Supremo Tribunal Federal e as eleições. Vez ou outra, aparece alguma oração ou receita.

Salete é uma cidadã comum do interior de São Paulo, mãe e dona de uma loja online de cosméticos a preços populares. Ela poderia ser apenas uma típica tia do zap, mas, desde 2021, postou sozinha mais de 10 mil mensagens em apenas três grupos bolsonaristas no WhatsApp. É a integrante mais assídua deles.

Esses e outros dados estão em um levantamento inédito feito pelo publicitário Renato Ribeiro, que é mestre em Comunicação, e monitora sistematicamente 25 grupos de WhatsApp bolsonaristas. As mais de 350 mil mensagens analisadas pelo pesquisador de janeiro de 2021 a julho de 2022 revelam que cidadãos comuns, iguais a Salete, funcionam como robôs vivos do bolsonarismo, compartilhando mensagens de forma orgânica. “Podemos dizer que essas pessoas são centrais de distribuição de conteúdo. Elas ajudam as informações desses grupos a chegarem mais longe”.

Segundo Ribeiro, os tios e tias do zap também são usados como cobaias para testar quais argumentos sobre assuntos diversos serão mais aceitos pelos apoiadores. “O que Bolsonaro fala foi experimentado antes nesses grupos. Eles funcionam como uma pesquisa qualitativa diária e constante”, afirmou.

A maioria dos grupos monitorados por Ribeiro foram criados por sistemas automáticos. “Sabemos disso porque os números de telefone são estrangeiros e não existem de fato”, disse o pesquisador. A lógica é quase sempre a mesma: o link para o grupo recém-criado é compartilhado nos que já existem. Depois que as pessoas entram e começam a interagir, é feito um chamado para que alguém assuma a moderação. Os moderadores são pessoas comuns, distantes da cúpula bolsonarista. A partir daí, tudo passa a funcionar de forma orgânica. (...)

CLIQUE AQUI para continuar lendo a postagem de Nayara Felizardo no The Intercept Brasil

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