15 setembro 2022

Voto útil não é pedido, é efeito das rejeições


Por Fernando Brito*

Um recorte da pesquisa Datafolha publicado apenas hoje [13] mostra o quanto é grande a manipulação da mídia brasileira.

Durante meses, assistimos a um desfile de candidatos a candidatos da tal “Terceira Via”, dizendo que a maioria da população rejeitava tanto Lula quanto Jair Bolsonaro.

O Datafolha mede quantos são estes nem-nem: 6%. Ou até menos, 5%, porque 1% rejeita qualquer candidato, seja quem for.

Só isso dá para perceber como a discussão política real ficou amordaçada na imprensa.

Ficou e ainda fica, porque estamos agora na discussão das estratégias dos candidatos para conquistar o “voto útil” ou nas de defesa de votos em candidatos que estão fora da disputa real.

Não será assim que se conquistará o “voto útil” ou se reterá votos não-competitivos.

É a iminência de que a disputa polarizada se resolva na primeira volta eleitoral quem detona mudanças de votos nesta pequena parcela (10%, talvez), composta pelos nem-nem e pelos eleitores não cristalizados ( e também são poucos nesta condição) dos dois líderes.

Os ataques a Lula que Jair Bolsonaro adotou como eixo de sua campanha não parece ser boa estratégia para tirar votos de Lula, a esta altura com 44% de votos espontâneos. É uma confissão da incapacidade de Bolsonaro em conseguir votos por seus méritos como presidente ou candidato.

Ciro comete o mesmo erro, espalhando na internet vídeos “contra o voto útil”, que acaba se tornando uma agressão ao direito do eleitor de fazer o que bem quiser com seu voto.

É preciso continuar a monitorar com atenção a rejeição aos candidatos, na qual Bolsonaro não cessa de crescer, enquanto a de Lula oscila, e pouco.

É esta divisão, que o eleitor percebe nas pesquisas e nas suas relações pessoais, que o induzirá a migrar, não os ataques que, afinal, só acabam por perder parte de seu próprio apoio.

Defender ou criticar “votos úteis” não é uma tese política, é um dado real de disputas que estão por se definir por margens apertadas, que só o instinto político da população assinala.

O resto é apenas a inutilidade de perder tempo pedindo que o eleitor “não vote”. Eleição se ganha pedindo o contrário, o voto.

*Jornalista, Editor do Blog Tijolaço

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