Nascido da luta pela redução da jornada de trabalho para 8
horas, que custou a vida dos mártires de Chicago em 1886, o
1º de Maio transformou-se em dia de luta da classe
trabalhadora em todo o mundo por proposta da Internacional
Socialista a partir de 1890.
Dia de luta e de afirmação da independência da classe trabalhadora diante de seus exploradores e opressores, de afirmação de seus interesses, contraditórios aos dos patrões, e de suas reivindicações concretas.
Neste 1º de Maio de 2023, nos quatro cantos do planeta, ocorrem atos e mobilizações, numa situação marcada por uma profunda crise do capitalismo mundial e pela guerra no coração da Europa, cujo preço os poderosos querem fazer os povos pagarem. Em toda a parte se expressa a resistência contra a destruição das conquistas sociais, como na França na questão das aposentadorias, e o aumento de gastos militares dos países envolvidos na guerra na Ucrânia. Uma guerra que não é dos povos e nem dos trabalhadores, diante da qual a exigência de cessar-fogo imediato e incondicional cresce em toda a parte.
No Brasil, este 1º de Maio é o primeiro a realizar-se depois da histórica vitória de Lula contra Bolsonaro nas eleições de 2022, depois da frustrada tentativa de golpe da extrema-direita em 8 de janeiro, em meio à necessidade de se reconstruir a nação brasileira priorizando os interesses da maioria explorada e oprimida de seu povo e da classe trabalhadora.
O Ato nacional de 1º de Maio foi convocado unitariamente por centrais sindicais para o Vale do Anhangabaú em São Paulo com a presença confirmada de Lula. Ocorrerão também aos e mobilizações em outras cidades brasileiras e os militantes do Diálogo e Ação Petista ajudarão a convocá-los e deles participarão levantando bandeiras de luta de nossa classe.
Entretanto, a duas semanas do 1º de Maio, “vazou” na imprensa que o Fórum das centrais sindicais, além dos presidentes da Câmara, Artur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco, havia convidado também o governador de São Paulo, o bolsonarista Tarcisio de Freitas, para o palanque do ato no Anhangabaú.
Imediatamente houve uma reação indignada da APEOESP, sindicatos dos professores estaduais paulistas, e do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo, cobrando da direção da CUT, à qual essas entidades são filiadas, o cancelamento de tal convite. Outros sindicatos também não aceitam inimigos da nossa classe no 1º de Maio e o DAP está completamente solidário com todos eles: fora Tarcisio e os inimigos da classe trabalhadora dos atos de 1º de Maio!
Pontos para a luta imediata
Nós, as e os militantes do DAP [articulação supra tendencial do PT], estaremos presentes nos atos de 1º de Maio com faixas e pirulitos que levantam pontos urgentes para a luta imediata dos sindicatos e da classe trabalhadora:
★ Revogação do Novo Ensino Médio
★ Fim do Trabalho Escravo, Contratação de Fiscais pelo MTE
★ Fim da autonomia do BC
★ Reestatização da Eletrobras
★ Sem anistia: Fim da Tutela Militar (artigo 142)
★ Revogação da Lei de Terceirização
★ Revogação da Lei da Reforma Trabalhista
★ Revogação da Reforma da Previdência
★ Reforma Agrária
Junte-se a nós neste 1º de Maio
Viva o Dia Internacional de Luta da Classe Trabalhadora!
Foi a primeira reunião do governo com youtubers progressistas; secretário de Política Digital pediu aos comunicadores lista dos pontos críticos
Orlando Silva (Foto: Reuters/Dado Ruvic | Bruno Spada/Câmara dos Deputados | Cleia Viana/Câmara dos Deputados)
Por Joaquim de Carvalho*
Representantes da mídia independente tiveram nesta sexta-feira reunião com o secretário de Políticas Digitais do Governo Federal, João Brant, que pode ser considerada de importância histórica. O secretário não poderá alegar, no futuro, que desconhecia os riscos para a democracia da aprovação de um projeto de lei que está tramitando na Câmara a toque de caixa, por pressão pública do Grupo Globo.
Aquias Santarém, do Canal Critica Brasil, disse estranhar que o projeto criado para combater fake news determine a remuneração de empresas que praticam o chamado jornalismo profissional - uma expressão vazia, já que o jornalista Aquias não é menos profissional do que os empregados da Globo.
Por trás da pressão de grandes empresas de comunicação como a Globo, parece existir o interesse de ficar com uma receita maior das plataformas digitais, como Google e YouTube. Na Austrália, lei semelhante garantiu ao grupo de comunicação de Rupert Murdoch recursos adicionais de cerca de R$ 230 milhões por ano.
O youtuber Ronny Telles, por sua vez, alertou que, com o projeto de lei, se aumentará o risco de desmonetização dos canais menores. Pelo texto em tramitação na Câmara, do relator Orlando Silva (PCdoB-SP), bastará uma reclamação para que a plataforma seja considerada formalmente notificada quanto a conteúdo potencialmente desinformativo.
Como as plataformas também terão responsabilidade quanto ao conteúdo, a tendência é que elas retirem postagem (vídeo ou texto), para não correr risco de pagar indenização ou sofrer outro tipo de punição. Com os canais maiores, a tendência é que mantenham o conteúdo.
"E nós sabemos que não existe um bolsonarista no Brasil que vai denunciar nosso conteúdo, mas milhões", disse.
Ronny Telles já foi vítima da política de dois pesos e duas medidas praticada pelas plataformas mesmo sem a existência de lei. Em seu canal no YouTube, publicou o vídeo em que um homem com a camisa da Seleção Brasileira aparece agarrado a um caminhão em movimento na estrada, durante as manifestações pós-eleitorais.
A postagem foi retirada pelo YouTube, sob a alegação de que feria as diretrizes da plataforma. Seria estímulo a protestos violentos. Mas o mesmo vídeo continua no canal do UOL.
"Com esse projeto, vai piorar muito", afirmou. "Nosso conteúdo sairá rapidamente do ar, mas os dos canais maiores, não. No limite, poderemos fechar", acrescentou. Os jornalistas da mídia independente ressaltaram que não são contra o combate a fake news e à desinformação. O que chama a atenção é que o projeto de Orlando Silva trate também de publicidade.
João Antonio, do Click Política, lamentou que um projeto que ameace a mídia independente conte com o apoio do governo recém-empossado. Ele disse que nunca foi convidado para nenhum debate sobre a matéria. A reunião na Secom foi solicitada pelo jornalista Aquias Santarém.
Durante o encontro, João Antonio mencionou um artigo publicado nesta sexta-feira em que o jornalista Merval Pereira, do grupo Globo, admite que o objetivo do projeto é pegar o dinheiro da publicidade digital.
"Fizeram um sistema de negócio que tira propaganda da imprensa profissional e usa de graça o noticiário produzido por ela. É um duplo prejuízo para a imprensa, que é a base da democracia brasileira", escreveu Merval.
No artigo, o jornalista do Globo chama essa prática de roubo, e elogia a legislação da Austrália, aquela que fez o milionário Murdoch ficar um pouco mais rico. "É preciso acabar com a bagunça", disse, ao defender a urgência do projeto.
As plataformas não produzem conteúdo, apenas veiculam. E canais da mídia independente têm conteúdo próprio. Analisam, por exemplo, artigos como o de Merval, que já defendeu a Lava Jato, Sergio Moro e a prisão de Lula, em 2018.
Participei da reunião online com a Secom e tive a oportunidade de lembrar que, se a lei estivesse em vigor em 2018, muitos conteúdos sobre a prisão de Lula poderiam ter sido retirados do ar. Não os conteúdos que elogiavam Moro, mas os que diziam ser a sentença ilegal.
Esses textos, que a história mostrou estarem corretos, poderiam na época serem considerados de desinformativos ou até ataque às instituições.
Com essa lei em vigor em 2016, o golpe contra Dilma poderia ser chamado de golpe? Formalmente, foi impeachment, e era assim chamado pela dita "imprensa profissional".
A urgência da discussão de um projeto tão importante como este de combate a fake news não interessa à democracia.
Em outros momentos da história, a pressa resultou em danos gigantescos. Em 2013, também houve pressa para rejeitar a PEC 37, que reafirmava o mandamento constitucional de que a polícia investiga e o Ministério Público faz o controle externo da polícia.
Também houve pressa na aprovação da lei 12.850, de 2013, que criou o instituto da colaboração premiada. Em ambos os casos, a urgência resultava da pressão das Jornadas de Junho.
Tanto a rejeição da PEC 37 quanto a aprovação da lei da delação foram eventos essenciais para colocar de pé a Lava Jato, que resultou no ataque à indústria da construção pesada e na mudança da política de preços da Petrobras, favorecendo fabricantes de derivados em outros países.
Como o Dieese apurou, a Lava Jato provocou diretamente o desinvestimento de mais de R$ 172 bilhões e a eliminação de 4,4 milhões de empregos.
Se a PEC 37 fosse aprovada e não houvesse a lei da delação, talvez Dilma não tivesse sido deposta, Lula não tivesse sido vítima de uma prisão política e Bolsonaro continuasse apenas um deputado do baixo clero da Câmara.
Recomendei que a reunião na Secom fosse gravada para que, no futuro, houvesse registro de que meia dúzia de jornalistas independentes estava ali apelando para que o governo não endosse um projeto de lei que, aparentemente justo, poderá servir de instrumento contra a democracia. É preciso mais debate.
A mídia independente foi construída com muito sacrifício e levou tempo para se consolidar, e hoje tem milhões de seguidores. Enfraquecê-la ou até destruí-la será muito mais rápido.
E aí não haverá contraponto quando a "imprensa profissional", que eu prefiro chamar de velha imprensa, produzir conteúdo desinformativo, como fez em muitos períodos da história, sempre que seu projeto liberal ou neoliberal deixou de ser executado.
.x.x.x.
O secretário João Brant pediu aos jornalistas que participaram da reunião para formalizar propostas ao texto em discussão no Congresso. Ele fez questão de dizer que o projeto não é do governo, mas que apoia a regulamentação das plataformas e que a rapidez da tramitação foi uma decisão da Câmara, e o governo não se opôs, por entender que, depois do 8 de janeiro, esta foi uma "janela de oportunidade" que se abriu.
Presidente Lula com o Presidente Pedro Sánchez (Espanha), Foto: Ricardo Stuckert/PR
Por Marcelo Zero*
George Bernard Shaw afirmou que a paz não é apenas melhor que a guerra, mas infinitamente mais árdua.
Lula que o diga.
Sua proposta de buscar uma paz para o terrível conflito na Ucrânia é, com grande frequência, mal entendida e criticada por quem defende ambos os lados da guerra.
Assim, quando o Brasil, já sob o governo Lula, votou por condenar a invasão da Ucrânia na Assembleia-Geral da ONU, houve uma chuva de críticas de indivíduos que viram naquele voto, que reiterava posições anteriores, um “retrocesso”, um “abandono da neutralidade” e, uma “concessão aos EUA e aliados”.
Por outro lado, toda vez que Lula observa que a Rússia não é a única culpada pela guerra e que os EUA e aliados deveriam incentivar menos o conflito e se empenhar mais na obtenção da paz, o mundo vem abaixo e logo surgem as acusações de que o presidente brasileiro é pró-Putin e um apoiador da “agressão”.
A histeria impera. O grande Celso Amorim, por exemplo, foi obrigado a ouvir um conhecido comentarista exigir, aos berros, que ele deveria ter visitado a Ucrânia, na mesma viagem em que Amorim fez uma visita à Rússia. A logística impossível pouco importava.
Costuma-se dizer que a primeira vítima da guerra é a verdade. Na realidade, a primeira vítima é a razão. A guerra gera, com frequência, um nevoeiro de ódio que cega qualquer racionalidade.
Mas a busca da paz não pode prescindir, sobretudo, da razão.
A insistência em julgamentos morais simplórios, com base em uma interpretação muitas vezes parcial e enviesada dos acontecimentos históricos que levaram ao presente conflito, não será capaz de conduzir à paz ou, ao menos, a um cessar-fogo.
Com efeito, se parte-se do pressuposto de que a Rússia é uma potência agressora que invadiu a Ucrânia sem nenhum motivo, e que, portanto, todos os países deveriam apoiar o esforço de guerra dos ucranianos, a paz não tem a menor chance de prosperar.
Ao contrário, a guerra tende a se alastrar e se aprofundar, com consequências nefastas para todo o mundo.
Se essa guerra antepõe, de forma maniqueísta, o Bem contra o Mal, como querem vastos setores desinformados da nossa mídia, então trata-se de uma guerra santa, que só poderá ser encerrada quando o primeiro derrotar inequivocamente o segundo.
Mesmo que isso signifique, no limite, a Terceira Guerra Mundial.
Ora, a primeira pré-condição óbvia para que se chegue a um armistício é reconhecer a Rússia como um interlocutor legítimo. Se isso não for feito, e se Putin continuar a ser caracterizado como um demônio perverso, não haverá processo de paz.
É por isso que Lula e a diplomacia brasileira, embora tenham condenado sistematicamente a invasão a Ucrânia como uma clara violação da Carta das Nações Unidas, evitam posicionamentos desequilibrados que impeçam a busca racional do diálogo e das negociações.
EUA e alguns aliados europeus parecem, muitas vezes, não querer escutar a razão dos que buscam a paz.
Nem todos, porém.
José Luis Zapatero acabou de publicar um magnífico artigo, no El País, intitulado Escuchem a Lula da Silva.
Nesse artigo, Zapatero afirma, com toda razão, que é necessário
“reafirmar e atualizar os princípios fundadores das Nações Unidas, da Carta de São Francisco e, de forma singular, desse ambicioso programa comum representado pelos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), que constituem seguramente o compromisso mais exigente que a comunidade internacional já conseguiram. É impensável que se possa avançar no seu cumprimento num clima de confrontação e guerra fria. Os ODS pedem diálogo, cooperação e estabilidade global.”
Pois bem, esse projeto de longo prazo de multilateralismo, paz, cooperação e equidade global é, afirma Zapatero, um projeto de Lula.
Segundo esse notável ex-mandatário espanhol,
“desde que iniciou seu terceiro mandato, o presidente Lula promoveu uma nova conjuntura política global. No pouco tempo decorrido, ele afirmou, em sua visita aos EUA, um diálogo construtivo com o presidente Joe Biden; ratificou sua atitude de colaboração com a China e os BRICS; recebeu o chanceler alemão; formulou uma proposta de paz para a Ucrânia com a criação de um G-20 para esse fim; ele conversou com o presidente Volodímir Zelenski; e seu assessor especial, o respeitado diplomata Celso Amorim, se reuniu com Vladimir Putin.”
Zapatero conclui seu artigo com a seguinte passagem:
“Na noite de 30 de outubro do ano passado, dia da vitória eleitoral de Lula, ouvi estas palavras dirigidas aos convidados que vieram a São Paulo para apoiá-lo: ‘Não merecemos uma nova guerra fria e não vamos aceitar isso. Não merecemos tanta pobreza e desigualdade no mundo e vamos mudar isso’. Quem tem essas convicções, em um momento como o atual, e à frente de um país como o Brasil, por sua vez, merece todo o nosso encorajamento e apoio, o dos defensores do diálogo político, da ação decidida em prol da paz e do compromisso com os esquecidos para sempre.”
Felizmente, a avaliação de Zapatero sobre Lula não é isolada.
Na realidade, a maior parte dos países do mundo não quer se envolver nessa perigosa guerra e deseja sinceramente que ela acabe logo, antes que se transforme em um conflito de grandes proporções.
Nesse sentido, Lula está, corajosamente, dando voz à maior parte da comunidade internacional, que não está cega de ódio e que procura soluções racionais para pôr fim à guerra.
Lula é, nesse momento, a voz da razão.
É preciso escutá-la.
*Marcelo Zero é sociólogo e especialista em Relações Internacionais.
Devido ao fato do dia 1º de Maio ocorrer na próxima segunda-feira, vamos antecipar as comemorações para o dia 28/04, sexta-feira, 20h, através da realização de um Ato/Jantar (reflexivo e comemorativo).
Os convites estão à venda com integrantes da Direção Municipal do PT/Santiago-RS e do Comitê Popular de Lutas. (Cartões:R$ 30,00. Haverá copa no local).
Confirme sua presença até às 12 horas de quinta-feira, 27/04.
Os tempos europeus e latino-americanos são outros. Os golpes são híbridos e não são mais os mesmos, a subjetividade popular não está mais dividida em classes claramente demarcadas pela economia e o nacionalismo – conservador dos valores culturais históricos das nações em formação – foram transformados em movimentos arcaicos e reacionários, cultivadores das armas e da violência. É assim no Brasil, nos EUA de Trump, na Rússia, na Hungria, em Portugal, na Polônia, na Itália, na Espanha e na Alemanha. O vasto mundo de Drummond trepida numa nova crise de desequilíbrios, guerras, perversões fascistas e mortes gratuitas, fora do contexto das guerras tradicionais que vimos no Século XX.
Ora eles – os fascistas – estão no poder e promovem guerras e armas, ora estão na oposição onde assediam a democracia liberal cansada. Bourdieu (Contrafogos 2, Zahar, pg 46) diz – com razão sobre a Europa em construção – que “em torno dos poderes e dos poderosos (esta Europa) que é tão pouco européia, não pode ser criticada sem que sejamos expostos a ser confundidos com as resistências arcaicas de um nacionalismo reacionário (que sem dúvida existe infelizmente)” como se nós contribuíssemos para fazê-lo “parecer moderno, se não progressista”. Arde a chama do desastre e existem muitas pedras no caminho!
O oito de janeiro passará para a História como um dia chave para o desenho do futuro democrático do país: um Governo com uma semana e um dia de vida foi “tomado de surpresa” por uma tentativa de Golpe de Estado porque, de uma parte, ainda estava presente nos seus órgãos de informação e nas estruturas de informação de apoio direto à segurança do Presidente, uma ampla maioria de quadros políticos comprometidos com o bolsonarismo e o golpismo e, de outra, porque o centro do Governo estava perdido no espaço e no tempo: nem estava no Palácio ocupado nem nem no tempo dos novos golpes da guerra híbrida.
Todo o povo via estarrecido ocupações de estradas, cerco aos quartéis, orações delirantes, churrascos financiados, apelos para um suposto Deus “bolsominion” e até os pedidos de apoio a extraterrestres, para salvarem o Brasil do comunismo: a possibilidade do golpe crescia no bojo da idiotização coletiva das massas, o que é da natureza do fascismo: Generais da reserva no Governo falavam abertamente numa intervenção militar salvadora, a qual – em relação aos Poderes tradicionais da República – só resistia o STF, liderado pelo Ministro Alexandre Moraes, acompanhado dos seus pares mais dignos daquela Colegiado de mediação da legalidade e dos do direitos sonegados.
Visivelmente articulados com a tentativa golpista, grupos dos aparatos de informação do Governo ainda não substituídos bloquearam as informações “formais” ao Presidente, o que paralisou o novo entorno político do Chefe da Nação, que não se apropriou, portanto, do que estava acontecendo. Mas os golpistas, que sabiam o que estavam fazendo, entenderam perfeitamente que – falhado o golpe – teriam que tomar uma outra atitude de reação imediata (logo após o fracasso do intento delinquente), para ser exposta no dia posterior ao seu fracasso. A tarefa seria colocar no mesmo no mesmo plano valorativo uma inventada “omissão do Governo Lula em bloquear o Golpe” – com 8 dias de Governo! – e própria intentona golpista, adredemente preparada pelos Governantes do bolsonarismo, durante os seus quatro visíveis anos de subversão política da democracia.
Gonçalves Dias, um militar decente e honesto, integrado dentro da estrutura hierárquica das Forças Armadas, seria o “culpado” ideal para “provar” que Lula “gostou” do iminente movimento golpista e até mesmo da inércia do seu entorno, para obstruir a ocupação do Palácio já bloqueado por um bando de pequenos bandidos e de grandes “chefes” fascistas. O que é estarrecedor é “porque” o entorno presidencial “não entendeu” o que estava tão visível: a articulação era tão clara e tão cristalina, aliás dita e repetida por indivíduos de extrema direita, que estavam tanto no Tribunal de Contas da União, como nos esgotos da informação, bem como igualmente nas redes originárias do Parlamento, impulsionadas por (poucos) militares da ativa e (inúmeros) da reserva, como uma extrema direita que sempre é simpatizante de um regime de força.
O General Gonçalves Dias não pode servir de bode expiatório do Governo, que não se preparou para reagir a um Golpe de Estado, nem pode servir de instrumento para os golpistas, que apoiados por uma boa parte do empresariado “lumpen” do país – que rezava por um golpe de Estado junto com uma boa parte da população pobre do país – atiçaram e custearam os sociopatas que entendem que a terra é plana, o Palácio é terra de “Mãe Joana” e que Deus é um bolsomito, atento aos seus delírios de grandeza. Que a lei lhe caia em suas cabeças cheias de tormentos e que as penas não lhe sejam leves!
O mais importante – todavia – daquele 8 de janeiro foi que o Golpe fracassou. Mas não “pela capacidade de resistência do povo brasileiro”, como chegaram a dizer muitos adeptos da mística existência de uma “fé democrática” no espírito do povo, que aliás se mostra cada vez mais inerte face às promessas não cumpridas pela democracia liberal. O Golpe fracassou porque as Forças Armadas, na sua maioria profissionalizadas, não se lançaram na aventura golpista. Alguns porque não tinham unidade em torno de um “chefe”, outros porque efetivamente não querem mais golpes de Estado, outros – ainda – por respeito às normas de hierarquia que regem a instituição. E outros, talvez, que podem até aceitar um regime autoritário, mas não nos níveis de delinquência de um Governo tão brutalmente inepto e cretino como foi o de Bolsonaro.
O lado bom da tentativa do Golpe é a possibilidade de um pacto político de longa duração no país e, portanto, a possibilidade, que as nossas Forças Armadas descubram que mais além da Guerra Fria, no mundo multipolar de hoje, a guerra mais digna que elas podem travar está muito longe daquela visão salvacionista dos anos 70. Esta visão certamente ainda tem adeptos dentro das instituições da República e levou, quem sabe uma boa parte delas, a ver com bons olhos um Capitão sociopata poder chamar o Exército Nacional de “meu Exército”, humilhando a vocação dele ser um Exército da Nação, que seria perdida no contexto de um golpe de Estado mortal contra a soberania popular.
Sustento que aquilo que não ocorreu – um Golpe de Estado que faliu- é mais importante para o futuro dos Governos democráticos do país do que o desvendamento das motivações imediatas do golpismo. A busca dos culpados, agora, é função do Sistema de Justiça e a busca dos novos caminhos, para que isto jamais se repita, é de todos os democratas e, particularmente, da esquerda que se supõe esteja em parte influenciando o Governo. O arcabouço fiscal, a luta para derrotar a fome e a pobreza extrema, uma política externa de dignidade e soberania começaram bem o Governo Lula
E estes novos caminhos devem partir da compreensão que a nossa segurança interna e externa estão vinculadas, mais do que nunca e para sempre. No que concerne à Segurança do Estado brasileiro – na sua dimensão interna e externa – a Guerra Híbrida terminou por fundi-las sem volta. E sem dúvida o 8 de janeiro é muito cristalino sobre isso: a falência do golpe foi a vitória da virtude e este tempo, que agora se abre, pode acalentar uma democracia renovada, que recoloque a esperança que a solidariedade, a igualdade e a Justiça, ainda tem lugar no coração de uma ampla maioria do povo brasileiro.
(*)Tarso Genro foi governador do Estado do Rio Grande do Sul, prefeito de Porto Alegre, ministro da Justiça, ministro da Educação e ministro das Relações Institucionais do Brasil.
*TAIFA – Estive recentemente visitando (e conversando com seus integrantes) a sede do “PROJETO TAIFA” (Trabalho, Amizade, Integração e Fraternidade ao Adolescente), atendendo gentil convite do amigo Lucas Figueira (um dos coordenadores do Projeto), juntamente com sua esposa Eila e o colega advogado e blogueiro Júlio Prates. Em que pese já saber – e, eventualmente acompanhar, mesmo à distância (pois residia e trabalhava até algum tempo atrás em outro município), fiquei surpreso (positivamente) com a qualidade e abrangência do mesmo.
O Projeto Taifa, segundo seus Estatutos, “é uma organização de cunho social que tem como objetivo acolher crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade socioeconômica, dando-lhes as condições educacionais para uma formação humana integral, ofertada em turno oposto ao escolar, assim oferecendo oficinas pedagógicas”. Dentre outras, o Projeto oferece Curso de Corte e Costura, Oficinas para Menor Aprendiz & Marcenaria, Curso de Judô, além de Aulas de Gaita e Violão. O Taifa fica localizado na Rua Centenário, nº 3051, Bairro São Vicente, em Santiago/RS. O telefone para contato é 3251-1994.
-Deixo aqui meus sinceros parabéns aos coordenadores(as), demais colaboradores(as) e integrantes desse importante Projeto Social tão atuante em nosso Município e Região. Vida longa ao TAIFA!
...
*AGORA, sobre a ‘nossa mídia’: Conforme temos assistido nos últimos dias, a dita “Grande Imprensa” brasileira (sic!) -na verdade, corporativa e conservadora, para dizer o mínimo! - está novamente na ‘contramão’ do Brasil - Estamos assistindo à nível nacional (claro, sempre existem as honrosas exceções) como a recente viagem do Presidente Lula à China, principalmente, tem incomodado os setores midiáticos que se pautam mais pelos interesses dos EUA et Caverna ... do que pelos nossos. A propósito disso, o jornalista José Reinaldo Carvalho fez uma dura crítica à imprensa brasileira nesta terça-feira (18) durante o Bom Dia 247. Através de Editorial do site, ele se mostrou bastante “incomodado com a subserviência de jornalistas brasileiros em relação aos Estados Unidos”.
Segundo o Editorial “Desde que o presidente Lula (PT) viajou à China, criticou o dólar e recebeu nesta segunda-feira (17) o chanceler russo, Sergey Lavrov, em Brasília, setores da imprensa corporativa têm dado amplo destaque e endossado a contrariedade estadunidense em relação aos novos posicionamentos da política externa brasileira.
É uma imprensa lambe-botas. É impressionante. Eles, todos os patriotas brasileiros, deveriam estar comemorando o fato de que através de políticas afirmativas na área externa nós estamos defendendo aquilo que há de mais caro na nação, que é a sua soberania. O princípio reitor de política externa de qualquer país soberano, que se respeita, é o princípio da soberania nacional perante os interesses estrangeiros", diz Carvalho.
"O que a imprensa faz é totalmente o contrário, é defender que a política externa do Brasil esteja subordinada, alinhada, ligada, como um apêndice, à política externa da grande superpotência, que sempre dominou nosso país e a América Latina e tem pretensões de dominar o mundo, que são os Estados Unidos". –Este modesto Colunista também “assina embaixo” desse importante Editorial do Brasil247.
...
**Júlio César Schmitt Garcia é Advogado, Pós-Graduado em Direito do Estado, Consultor, dirigente político (um dos fundadores do PT e da CUT, atualmente Presidente do PT de Santiago/RS), 'poeta bissexto' e midioativista. - Coluna publicada no Jornal A Folha, que circula em Santiago e Região(do qual é Colunista), em 20/04/2023.
De acordo com a gestão de Lula, é necessário começar impedindo o financiamento dos atos golpistas para frear o discurso de ódio no País
Congresso abre ano legislativo 2023 (Foto: Jonas Pereira/Ag.Brasil)
Parlamentares aliados do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiram quem eles querem ouvir, primeiramente, na CPMI dos Atos Golpistas: os empresários financiadores dos atos terroristas do dia 8 de janeiro, quando apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) invadiram a Praça dos Três Poderes, em Brasília (DF), o que resultou em mais de 1.300 denúncias feitas pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
De acordo com informações publicadas nesta quinta-feira (20) pela coluna de Bela Megale, o governo reforça que é necessário começar impedindo o financiamento dos atos golpistas.
A CPMI deve ser instalada na próxima quarta-feira. O presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), deve ler o requerimento de abertura da comissão e, depois disso, os líderes partidários indicarão os membros.
Não é de hoje que Lula diz que Rússia não deveria ter invadido Ucrânia*
A mídia tenta desgastar Lula de todo jeito. Agora à noite dizendo que Lula voltou atrás, após "pressões dos Estados Unidos", e "agora" diz que foi um erro a Rússia invadir a Ucrânia.
É mentira. No dia 16 de fevereiro, há dois meses portanto, em entrevista à repórter Daniela Lima na CNN, Lula já criticava a invasão russa. Confira:
"Se na economia a visita de Lula a Xi Jinping aponta para a ampliação de uma relação econômica já existente, na geopolítica ela equivale à quebra de um paradigma"
Editorial de hoje do site Brasil247*:
Só uma palavra é capaz de expressar a reação universal diante do significado da visita do presidente Lula à China: perplexidade.
De fato, digerir o teor contido na profusão de imagens, das falas e dos acordos, decifrar seu alcance e dimensionar sua projeção no futuro exigem um esforço colossal.
Se na economia a visita de Lula a Xi Jinping aponta para a ampliação de uma relação econômica já existente, na geopolítica ela equivale à quebra de um paradigma.
A julgar pelos 22 acordos assinados, a China se dispõe a caminhar junto com o Brasil em busca da assimilação dos instrumentos necessários à construção de infraestruturas de ponta para uma sociedade desenvolvida.
Está a China sinceramente dedicada à transferência de suas tecnologias, mesclando parques econômicos e estruturas, na expectativa de ganhos compartilhados, em que cooperação supere a natural competição? As leis da economia dão base material a esses valores morais?
Nos próximos tempos, o Brasil saberá se o que se plantou na China vai além da diplomacia.
A ser para valer essa intenção, o que pode surgir da fusão e o compartilhamento de modelos entre os que mais avançam em ciência, inovação e tecnologia com aqueles, o Brasil, que mais se valem da extração, problemática, dos recursos naturais? Pode ser que se esteja diante de uma convivência tranformadora para o Brasil. Uma revolução silenciosa, de novo tipo, resultante do acasalamento entre sistemas mutuamente dependentes.
Mas é no plano geopolítico, que os encontros de Pequim assumem potencial de dimensões ciclópicas.
É bem verdade que conveniências econômicas muito evidentes inclinam a balança brasileira em direção ao maior parceiro comercial do país. Em todas as instâncias, Lula manifestou o interesse brasileiro em transitar para uma posição de maior distanciamento em relação a Washington.
Fez isso ao manifestar que ninguém pode impedir China e Brasil de negociarem em suas próprias moedas, contornando o dólar.
Também demarcou afastamento ao reiterar a cessação das hostilidades na Ucrânia, o que talvez desagrade mais do que tudo o Departamento de Estado. Fez ao defender uma China única, com a reunificação de Taiwan ao continente. Fez ao reafirmar a união com Rússia, China, Índia e África do Sul nos Brics, que agora prepara sua expansão, com novas adesões, como bloco alternativo de poder.
Como Donald Trump não deixou escapar em entrevista nesta semana, há diversos sinais, a posição brasileira na China entre eles, de que os Estados Unidos estão perdendo o domínio de seu império. Vem daí o combustível para tanta perplexidade dos estadunidenses, devidamente ecoada pelo mau humor com Lula e mesmo a negação da mídia conservadora mesmo diante de evidências sugestivas de mudanças tão transcendentes.
Composição de Vitor Martins com Ivan Lins, Um Novo Tempo foi gravada em 1980 e prenunciava o fim da Ditadura Militar. China foi alvo de ataques frequentes de Bolsonaro e seus seguidores radicais.
Janja, Lula, Xi Jinping e
Peng Liyuan na visita do presidente brasileiro à China. Créditos: Ricardo
Stuckert
Lula, que estava acompanhado de diversos ministros para assinar mais de 20 acordos com o principal parceiro comercial do Brasil, foi recebido pelo presidente Xi Jinping, pela banda militar chinesa e dezenas de crianças com flores, que saudaram o brasileiro.
Após a execução do Hino Nacional brasileiro, Lula e Xi passaram a guarda em revista e quando se dirigiam para entrar no Grande Palácio do Povo, sede do governo chinês, a banda militar iniciou a execução do música Um Novo Tempo, parceria com Vitor Martins que Ivan Lins gravou no disco que leva o mesmo nome em 1980.
Os versos da música prenunciam o fim da Ditadura e fazem um contraponto a Aos Nossos Filhos, gravada dois anos antes, que lamenta por falhas na luta contra o regime militar.
A música foi executada quando Lula e Xi passavam pelas crianças acenando com flores nas mãos.