31 julho 2024

Maduro foi vitorioso e cumprirá seu novo mandato

 


Por José Dirceu, em perfil de rede social*

O presidente Nicolás Maduro foi proclamado o vitorioso nas eleições venezuelanas e cumprirá seu novo mandato.

O discurso de desconfiança foi imediato, mas já vimos esse filme antes.

Somos experientes em relação à alegação de fraude eleitoral perante a derrota. Com Jair Bolsonaro foi assim, e antes dele Aécio Neves. Em comum a ideia de colocar o órgão eleitoral em suspeição e a própria urna eletrônica.

Até Donald Trump apelou para a fraude.

É preciso lembrar que, na Venezuela, o voto é impresso e depositado numa urna. Logo o sistema é seguro e inviolável. Há fiscais em todas as sessões e no órgão eleitoral nacional – o CNE – a oposição tem 3 membros.

Não podemos fazer como setores da mídia brasileira, que parte do princípio de que Maduro não pode vencer, e se venceu é porque houve fraude.

Precisamos aguardar a conferência das atas e não dar razão à oposição, muito menos às manifestações violentas.

É importante destacar ainda que na oposição há setores golpistas articulados a interesses norte-americanos, que apoiaram as sanções e o sequestro das reservas da Venezuela, isto é, violaram a soberania do país e da lei internacional.

Em 2013, Henrique Capriles perdeu a eleição e creditou a derrota à fraude. Mas nunca apresentou provas.

Não dá para apontar fraude sem provar e sem a conferência das atas.

Eis por que se posicionaram corretamente México, Colômbia e Brasil, a despeito de toda a gritaria da oposição venezuelana e do entusiasmo da mídia brasileira com a tese da fraude.

*José Dirceu foi ministro-chefe da Casa Civil no primeiro governo Lula (2003-2005), presidente nacional do Partido dos Trabalhadores e deputado federal por São Paulo.

-Via Viomundo

30 julho 2024

Venezuela: o golpe está aí, cai quem quer

Golpismo ganha fôlego com fake news, apoio dos EUA e conivência de uma parte da esquerda

    Revolução colorida se arma na Venezuela = Créditos: Reprodução/Twitter


Por Yuri Ferreira*

Existe um golpe de Estado em curso na Venezuela. Os atos terroristas de opositores ao redor do país, como o fechamento de estradas, ataques a hospitais e manifestações violentas, têm se intensificado. As táticas são similares às registradas no Brasil entre outubro de 2022 e janeiro de 2023.

Iniciou-se o tal "banho de sangue" ou a "guerra civil fratricida" das previsões de Maduro na semana passada.

Maria Corina Machado afirma que possui as atas eleitorais. Não as apresenta publicamente, mas diz que em sua contagem paralela, seu candidato Edmundo González tem mais de 70% dos votos.

Segundo a contagem dos opositores, Maduro teria menos de 3 milhões de votos. Curiosamente, o bolivarianismo teria perdido mais de um milhão de votos comparados com os 4,3 milhões que teve em eleições boicotadas pela oposição em 2020, quando o país estava em situação econômica muito mais frágil.

Ou seja: a revolução bolivariana teria ficado menos popular depois de apresentar um crescimento de 18% em 2022, 4% em 2023 e projeção de 4,2% para 2024, segundo dados oficiais do banco central do país.

O problema é que esse fato eleitoral sem precedentes apresentado pela oposição não teve provas publicadas, apenas as declarações de Maria Corina Machado. É bravata. 

O CNE afirmou que publicará hoje as atas eleitorais. Independentemente da publicação, a oposição de extrema direita continuará gritando golpe.

E o golpe anda em marcha rápida:

  • Nas ruas, além dos atos golpistas, derrubam-se estátuas de Chávez, no mesmo modelo das revoluções coloridas, como as ocorridas na Ucrânia, Geórgia e na Primavera Árabe.
  • O secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, já deu o sinal: "Temos sérias preocupações de que o resultado anunciado não reflita a vontade ou os votos do povo venezuelano".
  • A OEA deve se reunir rapidamente para decidir se apoiará a tomada violenta do poder. Em 2002 e 2017, apoiou as tentativas de golpe na Venezuela. Em 2019, repetiu o fato na Bolívia.
  • Edmundo González já foi proclamado presidente eleito pela oposição e pelo ex-presidente paralelo, Juan Guaidó.
  • A direita neoliberal e a extrema direita já sinalizaram apoio aos golpistas, nomeadamente os continuistas do Grupo de Lima, somado ao Chile de Boric, El Salvador de Bukele e outros países governados pela direita.

Tudo indica um golpe de Estado.

O peso virá do Brasil, México e Colômbia, que podem reconhecer o resultado eleitoral e diminuir o volume da gritaria sobre golpe. Lula conversará com Biden nesta terça-feira (30). E pode decidir o futuro da Venezuela pelos próximos anos.

*Via Revista Fórum

Nota da Executiva Nacional do PT sobre eleições na Venezuela

Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras saúda povo venezuelano pelo processo eleitoral realizado neste domingo (28)

    Nota da Executiva Nacional do PT sobre eleições na Venezuela

O PT saúda o povo venezuelano pelo processo eleitoral ocorrido no domingo, dia 28 de julho de 2024, em uma jornada pacífica, democrática e soberana. Temos a certeza de que o Conselho Nacional Eleitoral, que apontou a vitória do presidente Nicolas Maduro, dará tratamento respeitoso para todos os recursos que receba, nos prazos e nos termos previstos na Constituição da República Bolivariana da Venezuela. Importante que o presidente Nicolas Maduro, agora reeleito, continue o diálogo com a oposição, no sentido de superar os graves problemas da Venezuela, em grande medida causados por sanções ilegais. 

O PT seguirá vigilante para contribuir, na medida de suas forças, para que os problemas da América Latina e Caribe sejam tratados pelos povos da nossa região, sem nenhum tipo de violência e ingerência externa.

Executiva Nacional do PT

*Via https://pt.org.br/

29 julho 2024

Maduro promete paz e união nacional em novo mandato na Venezuela

Presidente discursou após ser declarado vitorioso no pleito de domingo

   Nicolás Maduro (Foto: Correo del Orinoco)

247* - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, reeleito para um terceiro mandato no último domingo (28), afirmou que pretende “fazer irreversível a paz, a igualdade, a independência nacional”, e que quer levar o país “à paz e à prosperidade e à união nacional através do diálogo”. Ele discursou nesta segunda-feira (29) após ser anunciado como novo presidente pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano. 

Maduro também acusou a oposição de, através das contestações ao resultado, buscar dar um "golpe de Estado". “Estão tentando impor um golpe de Estado fascista e contrarrevolucionário na Venezuela. Eles estão ensaiando os primeiros passos malsucedidos para desestabilizar a Venezuela e impor novamente um manto de agressão e danos”, afirmou. 

As eleições venezuelanas ocorreram no último domingo. Segundo o resultado divulgado pelo CNE, Maduro obteve 51,2% dos votos expressos, enquanto o adversário Edmundo González ficou em segundo lugar com 44,2%. No entanto, González declarou-se vitorioso na eleição.

*Fonte: https://www.brasil247.com/

Celso Amorim: É motivo de satisfação a eleição ter sido tranquila; esperamos que todos os candidatos respeitem os resultados


Foto: teleSUR TV


“É motivo de satisfação o fato de o dia ter decorrido de forma tranquila, sem incidentes significativos. Houve uma participação expressiva do eleitorado (…) O presidente Lula foi informado durante todo o dia. Vamos aguardar os resultados finais e esperamos que eles sejam respeitados por todos os candidatos”.

Declarações de Celso Amorim, assessor especial da Presidência do Brasil e enviado por Lula a Caracas para observar o processo eleitoral venezuelano.

O ex-ministro das Relações Exteriores do Brasil afirmou que está em contato com diferentes forças políticas e analistas eleitorais, bem como com membros da equipe de observadores do Centro Carter e do Painel de Especialistas da ONU.

*Via Viomundo

28 julho 2024

Porto Alegre/RS - Coligação oficializa candidatura de Maria do Rosário (PT) e Tamyres Filgueira (PSOL)

Seis partidos integram a frente #UnidadePorPoa em apoio à chapa

Ex-prefeitos e governadores [Tarso Genro e Olívio Dutra] também estiveram presentes na convenção. Foto: Joaquim Moura

Faltando 75 dias para as eleições municipais, a candidatura de Maria do Rosário (PT) à Prefeitura de Porto Alegre, com Tamyres Filgueira (PSOL) como vice, foi oficializada na manhã deste sábado (27), em convenção no ginásio do colégio ACM. Seis partidos integram a frente #UnidadePorPoa em apoio à chapa.

O evento, que apresentou as nominatas para vereador dos partidos da coligação – PT, PCdoB, PV, PSOL, Rede e Avante -, contou com a presença de ex-prefeitos, deputados federais e estaduais, vereadores, lideranças da sociedade civil e a militância dos partidos da coligação.

“Quero dizer a vocês que o nosso objetivo único é estarmos a serviço da cidade. Nós temos que superar um tempo de tristeza. O caminho que a cidade definir hoje definirá o nosso futuro, assim como a falta de iniciativas para cuidar do nosso povo levaram ao sofrimento na enchente de maio”, disse Rosário.


Foto: Divulgação/X Maria do Rosário

A candidata criticou a gestão do prefeito Sebastião Melo, sobretudo durante a crise climática que afetou a Capital.

Ex-cobradora da Carris, Tamyres enfatizou que a Tarifa Zero será uma das bandeiras defendidas pela chapa. “Melo quer usar o transporte para segregar o nosso povo. Que o transporte não seja empecilho para o nosso povo ir aonde quer”, afirmou.

“Nós mulheres negras sabemos que é muito difícil estar nesse espaço. Nós sabemos que toda vez que nós ocupamos esse espaço, antes do apoio vêm os questionamentos e as cobranças”, destacou a vice.

Ministro-Chefe da Secretaria Extraordinária de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta foi uma das figuras políticas que estiveram presentes na convenção. Os ex-prefeitos José Fortunati e Raul Pont também demonstraram apoio à candidatura de Maria do Rosário e Tamyres.

A coligação pretende apresentar e discutir as propostas diretamente nas comunidades, focando na participação popular. A campanha, cujo slogan é “o povo na prefeitura”, tem o Orçamento Participativo como uma das bandeiras defendidas. (Por Bettina Gehn, no Sul21)

27 julho 2024

RELEVÂNCIA GEOPOLÍTICA DA ELEIÇÃO VENEZUELA

 

 ''Os que gostam da democracia, da liberdade; os que lutam pela soberania de seus países e não querem guerra devem torcer pela vitória de Nicolás Maduro no próximo domingo''. Foto: Reprodução de redes sociais

Por Manuel Domingos Neto*

Desde que, sob a liderança de Hugo Chávez, a Venezuela desafiou o imperialismo estadunidense, as informações sobre esse país foram sistematicamente embaralhadas.

O domínio secular de Washington sobre a América do Sul fora trincado. Urgia desmoralizar Hugo Chávez e seu discurso libertário.

A Venezuela buscou exercer soberania sobre seus recursos naturais, estabeleceu cooperação militar alternativa, investiu na integração regional e deu suporte a Cuba, evitando seu colapso programado.

O exemplo venezuelano tornou-se intragável para os Estados Unidos: poderia estimular rebeldias em espaço vital a sua hegemonia.

Washington incluiu Caracas no “eixo do mal” e acionou infindáveis expedientes para sabotar o governo venezuelano, inclusive, impondo grandes sacrifícios à sociedade.

Estive na Venezuela há vinte anos e, mesmo conhecendo intimamente as disparidades do Nordeste brasileiro, as condições sociais venezuelanas me chocaram. Como poderia um país tão rico ter tanta gente na penúria?

Nessas eleições, não é o caso de restringir a análise ao desempenho das políticas públicas venezuelanas ou às idiossincrasias de governantes.

O que merece mais atenção é o significado geopolítico desse embate. Estará em pauta neste próximo domingo o enfrentamento do imperialismo. Washington conseguirá silenciar a voz altiva da Venezuela?

Depois de tentativas frustradas de golpe, boicote econômico, sequestro de ativos financeiros, apoio a um fantoche autoproclamado presidente e intensa propaganda mentirosa, os estrategistas do imperialismo conseguirão interromper a experiência dita bolivariana?

Não tem cabimento repudiar o avanço mundial da extrema direita e lavar as mãos frente ao caso venezuelano.

Não dá para torcer pela derrota dos ultraconservadores franceses e fechar os olhos diante de vizinhos do mesmo naipe.

É incoerente protestar contra a matança na Faixa de Gaza e vacilar no apoio a Nicolás Maduro, que defende os palestinos.

Não faz sentido propugnar pela integração sul-americana e ignorar a ofensiva da extrema-direita na Venezuela. Obedientes a Washington, os reacionários desse país sabotam iniciativas integracionistas.

Sem analisar corretamente uma declaração de Maduro, Lula ajudou involuntariamente (espero!) os fascistas venezuelanos. Maduro não prometeu guerra caso perca as eleições: denunciou as pretensões da extrema direita venezuelana!

Lula se intrometeu erroneamente na eleição de um país vizinho e amigo. Sua palavra pesa na sociedade venezuelana. Caber-lhe-ia ensinar ao seu colega como se conduzir?

O que se noticiou antes da posse de Lula é que agentes de Washington contiveram iniciativas golpistas de militares brasileiros. Lula estaria agora cumprindo possível compromisso de conter o bolivarianismo?

Maduro reagiu corretamente ao pedir-lhe que tomasse calmante. Errou depois, ao criticar a validade do processo eleitoral brasileiro.

Mas a atitude do Judiciário brasileiro, cancelando o envio de observadores eleitorais a Caracas, foi inadmissível: ajudou a extrema direita venezuelana. O Judiciário brasileiro, que hoje encena a defesa da democracia, mostrou sua índole histórica de colaboração com golpistas.

Uma eventual derrota de Maduro no próximo domingo impulsionará a extrema direita mundial. Seria retumbante vitória de Washington, justamente quando cresce seu isolamento internacional.

Os riscos de instabilidade continental crescerão. Governos democráticos da América do Sul, hoje minoritários, verão o cerco reacionário se fechar.

Os que gostam da democracia, da liberdade; os que lutam pela soberania de seus países e não querem guerra devem torcer pela vitória de Nicolás Maduro no próximo domingo.

Manuel Domingos Neto é doutor em História pela Universidade de Paris. Autor de O que fazer com o militar – Anotações para uma nova Defesa Nacional 

**Via https://www.viomundo.com.br/

26 julho 2024

Miúdas reflexões sobre o desastre ambiental no RS

O resultado das ações e omissões dos atuais administradores do Rio Grande do Sul e de sua capital é simplesmente estarrecedor

Foto: Gustavo Garbino/ PMPA


Por Carlos Frederico Barcellos Guazzelli (*)

Alagados e afogados 

Como era de se esperar – mas com mais violência – o outono gaúcho, no final de abril e começo de maio, foi marcado por intensas chuvas, que se estenderam por quase duas semanas. Como também era de se esperar, os rios que compõem a bacia do Guaíba – a maior e principal do estado – voltaram a transbordar, e as águas desceram com virulência redobrada e inédita, arrancando a terra e a vegetação das margens e várzeas, e invadindo e destruindo bairros e cidades, no caminho inexorável rumo ao estuário e à laguna.

A devastação das cheias de setembro e novembro do ano passado – há quem considere que se tratou de episódio único, em duas etapas – não fora ainda reparada integralmente, quando a fúria das correntes barrentas abateu-se sobre dezenas de municípios situados à beira dos rios, nos vales do Taquari, do Caí e do Jacuí, e do Sinos e do Gravataí, arrastando, afogando e soterrando vidas e bens, futuro e esperança de milhares de rio-grandenses.    

Desalojados e desabrigados; mortos e desaparecidos

Os números do desastre, mesmo parciais, servem para dimensionar a enormidade da tragédia – humana, social e ambiental: 458 municípios atingidos (de um total de quase quinhentos), dos quais 320 em emergência – situação caracterizada pela perda parcial da capacidade de resposta institucional; 46 em calamidade – quando há perda total desta capacidade – entre os quais Porto Alegre; meio milhão de pessoas desalojadas – isto é, forçadas a ficar fora de suas casas; e 80.000 desabrigadas, recolhidas em abrigos públicos ou improvisados. E o pior: até o momento, meados de julho, 182 mortos e dezenas de desaparecidos.   

Este saldo só não é mais trágico devido à extraordinária e espontânea mobilização da sociedade civil, incluindo milhares de voluntários, de proprietários de barcos e pescadores, até simples cidadãos e cidadãs; bem como a efetiva reação do Poder Público – bombeiros, policiais, servidores em geral; e igualmente, de órgãos e instituições da União Federal, a começar pelas Forças Armadas, colocados à disposição pelo Presidente da República, e que desde logo acorreram aos locais atingidos.

Crônica da destruição anunciada

Foram muitos, e todos desconsiderados, os anúncios da tragédia que se avizinhava. Não é preciso recordar os avisos dos serviços de meteorologia – locais, nacionais e estrangeiros, cuja expertise tem sido desenvolvida notavelmente nas últimas décadas – sobre os volumes extraordinários das precipitações que ocorreriam no período, bem como de sua longa duração, dado o fenômeno de bloqueio atmosférico causado pela massa de ar quente e seco que se mantinha sobre o centro-sul do País. 

Mais que isso, o grande alerta já fora dado no segundo semestre do ano anterior. Com efeito, as avassaladoras enchentes então corridas na chamada Região dos Vales, provocaram na sequência grandes inundações no Delta do Guaíba, em especial no bairro Arquipélago, e as águas somente não invadiram o Centro Histórico da capital e os bairros da zona norte, porque o Sistema de Proteção Contra as Cheias (SPCC) conseguiu detê-las.

Estes acontecimentos ilustraram de forma inequívoca a pertinência de pedidos formulados, mais de uma vez, por engenheiros e técnicos do Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE) – primeiro em documento de 2019, e depois em outras ocasiões mais recentes, inclusive depois das cheias de 2023 – no sentido de reforçar e reparar pontualmente os equipamentos do aludido sistema de proteção. A propósito, sempre é bom lembrar que este foi concebido e construído ao longo de três décadas, para prevenir e impedir a recorrência de episódio similar à histórica “enchente de 41” – o que só não se repetiu agora graças ao SPCC, mesmo sem a manutenção das casas de bombas e comportas solicitada pelos servidores do referido órgão, e desconsiderada por suas chefias.

Não foram apenas os administradores da Capital que menosprezaram os avisos sobre o perigo: também o Governador do Estado minimizou os riscos do desastre iminente – o que não passou despercebido, inclusive, da imprensa nacional, como se viu em entrevista concedida à Folha de São Paulo, na qual ele foi questionado sobre os estudos que apontavam a alta probabilidade de aumento significativo de chuvas na região. Mesmo admitindo que tais elementos indicavam a necessidade de preparação para os eventos excepcionais – que já estavam ocorrendo, aliás – ele declarou candidamente que “…o governo também vive outras pautas e agendas…” (sic), dentre as quais a fiscal, “….agenda que se impunha…”(sic). 

Tamanha desfaçatez levou até mesmo Élio Gaspari, jornalista insuspeito de qualquer laivo esquerdista, a registrar em sua coluna no mesmo periódico: “…o que aconteceu no Rio Grande do Sul é muito mais que um aviso…é a exposição do compromisso com o atraso” (sic).   

O roteiro da destruição

Não por acaso, os grandes acumulados de chuva e as consequentes enxurradas se deram nas regiões do estado denominadas tradicionalmente de “coloniais”, percorrendo como se disse antes o caminho dos grandes cursos d´água que, nascidos nos Campos de Cima da Serra ou no Planalto Médio, desembocam no rio Jacuí e dali ao Guaíba; aos quais se somam, também, os rios Gravataí e Sinos, estes, correndo no sentido leste-oeste. 

Conforme demonstrou em estudo já clássico o professor Paul Singer, a exploração das terras férteis daquelas zonas de vales e serras pelas pequenas propriedades familiares das colônias formadas pelos imigrantes alemães e italianos, e seus descendentes, originou o surgimento, de maneira até então inédita no país, de uma nova classe média, primeiro rural e logo também urbana. De fato, em “Crescimento Econômico e Desenvolvimento Urbano”, o grande economista, falecido há poucos anos, descreve a maneira peculiar pela qual a produção agrícola e manufatureira destas áreas destinava-se, não ao setor do mercado externo, mas sim ao setor do mercado interno, denominações usadas por ele.

E foi por abastecer as regiões de grandes monoculturas do centro e do nordeste do país, durante décadas – fornecendo-lhes couro, corda, fumo, cerveja, vinho, ferramentas, implementos agrícolas, alimentos, etc – que o Rio Grande ganhou o epíteto de “celeiro do Brasil”, deixando de ser apenas a fração meridional do grande latifúndio estabelecido país afora.

De outra parte, esta forma diferenciada e original de exploração dos vales e serras do estado, além de provocar benéficos efeitos econômicos, sociais e culturais, acarretou também, e necessariamente, sérios problemas ambientais, registrados já durante o século XX – fruto do desmatamento indiscriminado, sobretudo das encostas e matas ciliares, e aterramento de várzeas, bem como da poluição e assoreamento dos cursos d’água. Mais graves ainda se tornaram tais problemas com a implantação de lavouras de soja nos Campos de Cima da Serra. 

O prejuízo ambiental daí advindo é grande, e ainda está por ser devidamente dimensionado, segundo os estudiosos. Ocorre que ali, na micro-região composta por várzeas, arroios e vegetação ciliar¸ que se estende pelos municípios de Jaquirana, Cambará do Sul e São Francisco de Paula, situam-se as nascentes do Rio das Antas – de que aqueles sempre funcionaram como verdadeira “esponja”, absorvendo boa parte das águas das chuvas intensas e periódicas, impedindo ou minimizando, desse modo, as enchentes no vale do Taquari, mais abaixo. 

A propósito, aplicam-se perfeitamente aos episódios ocorridos no mês de maio, as observações que foram feitas pelo biólogo e professor da UFRGS, Paulo Brack, e seu colega Eduardo Luís Ruppenthal, acerca das cheias do final de 2023 (“Reflexões frente ao desastre climático-ambiental das cheias do rio Taquari”, artigo postado neste Sul21 em 14 de setembro daquele ano). Como ali demonstrado, a remoção do colchão natural de amortecimento das águas, na bacia dos rios Antas e Tainhas, feita para acomodar as lavouras de soja – que tornam o solo duro e pouco permeável – agravou em muito a situação ambiental local, pelo enorme aumento que provocou nas massas de água que escorreram vales abaixo. 

A este fenômeno, some-se a lamentável devastação procedida tradicionalmente nas encostas de serra – devida em especial à cultura da uva e do vinho – responsável pelos terríveis desmoronamentos de terra registrados durante as enxurradas.  O resultado trágico e previsível desta conjunção causal foi a destruição das margens e das vegetações ribeirinhas, bem como o alagamento e soterramento de vilas e bairros inteiros das cidades próximas aos rios. 

A participação dos governantes na produção da tragédia

Como se vê, a tragédia deve-se menos aos fenômenos naturais extraordinários registrados, do que a fatores provocados pela ação e omissão humanas, inclusive à contribuição de governantes locais – os quais, mesmo podendo prevê-los, não apenas não mitigaram, como aumentaram de forma exponencial seus efeitos deletérios.  Neste particular, merecem destaque os comportamentos de dois dirigentes, por sua inegável importância, se não na produção direta do desastre ambiental, na ampliação desmesurada de suas dimensões. 

No que toca ao atual chefe do Executivo da capital do estado, conforme dito acima, a desconsideração inexplicável às repetidas advertências de engenheiros e técnicos do município, no sentido de determinar a manutenção e reparos dos equipamentos do SPCC, em especial, das comportas e bombas de recalque – omissão mais imperdoável ainda diante das cheias de setembro e novembro do ano passado, em que o sistema sofreu visível estresse, embora tenha resistido ao assédio das águas.

Não menos graves e censuráveis são as condutas do Governador do Estado – a começar por ter tomado, em 2019, a infeliz iniciativa de desfigurar o Código Ambiental do Rio Grande do Sul, diploma legal pioneiro, editado há mais de duas décadas. Com efeito, por proposição sua, aprovada pela bancada majoritária da Assembléia Legislativa – sempre pressurosa em atender aos interesses das oligarquias rurais e urbanas, a cujo serviço se empenham seus integrantes – foram introduzidas quase quinhentas (?!) alterações naquela legislação, todas na direção da malfadada “flexibilização” de normas protetivas da terra e das águas, da flora e da fauna, dos biomas Pampa e Mata Atlântica. 

Cabe destacar, dentre estas mudanças que deformaram o código, por seu caráter especialmente nocivo, o “auto-licenciamento”, providência muito saudada, é claro, por empresários e fazendeiros – e cujo significado e alcance melhor se expressam pela conhecida metáfora da entrega da guarda do galinheiro à raposa… 

Foram efetivadas ademais outras providências de autoria daquele governante e sua grei, igualmente desastrosas  para o meio ambiente do estado, como a aprovação recente da Lei Estadual n. 16.111/24 – editada justamente em abril, pouco antes das chuvas e cheias que arrasaram o centro e norte do território. Ela permite, entre outras coisas, a utilização das “áreas de preservação permanente” (APP’s) para irrigação de campos agrícolas – o que, além de importar no uso ilegal das águas de várzeas e outras zonas protegidas, significa legislar indevidamente sobre matéria de privativa competência da União, segundo a Constituição Federal.

Não bastasse a contínua remoção dos impedimentos legais à destruição ambiental promovida pelo chamado agronegócio, e mesmo depois da tragédia ocorrida, Eduardo Leite já se mobiliza para manter intactas as atuais políticas de falta de controle sobre esta atividade. 

Assim é que, neste sentido, anunciou no fim de junho a criação de um Plano de Reconstrução e a instituição de um Conselho para efetivá-lo, composto por mais de uma centena de representantes do Estado e da sociedade civil – dos quais há apenas quatro ligados a entidades ambientalistas…

Na mesma linha, o alcaide de Porto Alegre já havia anunciado a contratação da notória Alvarez e Maciel – empresa norte-americana, misto de escritório de advocacia e agência de publicidade, especializada na recuperação da reputação de autoridades suspeitas de irregularidades.

O resultado das ações e omissões dos atuais administradores do Rio Grande e de sua capital – e, claro, também de alguns de seus predecessores, adeptos das mesmas políticas neoliberais – é simplesmente estarrecedor: basta que se atente a dado do MapBiomas, segundo o qual o território estadual perdeu, entre 1985 e 2022, 22% de sua vegetação nativa, ou seja, 3,6 milhões de hectares, principalmente para a soja.  

As tarefas urgentes: (re) construir e responsabilizar

Superados os movimentos iniciais – primeiro, o salvamento e atendimento às populações mais atingidas; seguidos do restabelecimento, na medida do possível, das condições de seu retorno aos locais de origem e às atividades habituais, operações ainda em curso – cabe então planejar e executar os trabalhos de recuperação das infraestruturas – físicas, ambientais e sociais – abaladas, quando não destruídas pelas chuvas e cheias. Nesta fase, tão difícil quanto as anteriores, e certamente mais demorada e custosa, trata-se fundamentalmente de fazer escolhas.

É, pois, de política que se trata – no sentido amplo do termo, atinente ao exercício do poder legítimo em uma democracia, com a definição, sob os critérios constitucionais e legais, das competências, objetivos e metas a perseguir, bem como a discriminação prévia e racional dos recursos – pessoais, financeiros e materiais – a serem disponibilizados aos diferentes agentes sociais encarregados da recuperação das áreas degradadas. A própria opção do caminho a ser seguido – reconstruir o que foi destruído, ou construí-lo de modo diverso, para evitar a repetição do acontecido – embute em si mesma a disputa entre projetos políticos opostos, que já é possível perceber.   

De um lado, as aludidas autoridades, as quais, além de salientar que não é o momento de “apontar culpados” (!?) – preocupação típica de quem não quer ser responsabilizado – já se adiantam na busca de contratação de “consultorias” especializadas, como visto. De outra parte, cientistas e políticos comprometidos com a urgência na adoção de medidas preventivas das alterações climáticas e de políticas ambientalmente sustentáveis, propõem o reordenamento da ocupação dos territórios atingidos pelo desastre, de modo distinto àquele que o provocou ou favoreceu. 

E, nesta direção, algumas tarefas se revelam impositivas. Em primeiro lugar, no que se refere à realocação das populações desalojadas – assim como no reerguimento e restabelecimento dos prédios comerciais e públicos – evitar fazê-lo no caminho das águas, diante da alta probabilidade de novos eventos similares no futuro próximo.

É fundamental, ademais, impedir a ocupação ou reocupação de APP’s e, da mesma forma, recuperar as áreas de encostas dos rios, nas regiões dos vales e serras, bem como regenerar as várzeas e as vegetações ciliares. Nesta esteira, na impossibilidade de vedá-la, limitar e regular a implantação de lavouras nas zonas de alagamento natural dos cursos d’água dos Campos de Cima da Serra – que funcionam como verdadeiras “esponjas”, que atenuam a força das cheias nas bacias inferiores.

Trata-se de medidas imprescindíveis para prevenir o impacto dos futuros fenômenos climáticos do gênero dos ocorridos, e que devem ser acompanhadas do circunstanciado apontamento, aos diferentes órgãos públicos de controle e fiscalização, dos danos ambientais causados ou potencializados pela conduta, ativa e omissiva, de autoridades públicas.  

Por fim, cabe lembrar ao povo rio-grandense – vítima de grave desastre ambiental que, mesmo inevitável, poderia ter sido previsto e mitigado – que ele tem, nas próximas eleições municipais, oportunidade ímpar para substituir alguns dos responsáveis pelos danos que lhe foram infligidos. Seguindo, aliás, o conselho dado ao eleitorado porto-alegrense por Sebastiâo Melo, quatro anos atrás: trocar o Prefeito! 

(*) Defensor Público aposentado, Coordenador da Comissão Estadual da Verdade/RS (2012-2014)

Texto condensado de ensaio ainda inédito de mesmo título

-Fonte: Sul21

24 julho 2024

VENENO - 'Valemos menos': situação do Brasil frente à União Europeia é sub-humana, diz Larissa Bombardi sobre agrotóxicos

Pesquisadora fala sobre herança colonialista no uso de substâncias produzidas por multinacionais europeias

Bombardi: "o campesinato brasileiro é um campesinato que nasce sem terra. É um campesinado excluído. É uma sociedade que se constrói na exclusão" - Terra de Direitos

A população brasileira é tida como sub-humana frente à União Europeia (UE). A constatação é da pesquisadora Larissa Bombardi, que estuda os impactos e o funcionamento do comércio mundial de agrotóxicos. "Quando eu olho o fato de que no Brasil o resíduo de glifosato autorizado na água potável é cinco mil vezes maior do que aquele autorizado na União Europeia. Quando eu vejo que o resíduo de malationa no Brasil é 400 vezes maior do que o autorizado na União Europeia, sou obrigada a pensar que, no conjunto das relações internacionais, a população brasileira, latino-americana e africana é tida como sub-humana. Nós valemos menos."

Dos dez agrotóxicos mais vendidos no Brasil, cinco são proibidos na UE. Isso significa que são autorizados em território nacional agrotóxicos cancerígenos, que provocam má formação fetal, alterações hormonais, infertilidade e mal de Parkinson, por exemplo.

Por trás disso, empresas como as alemãs Bayer e Basf, as estadunidenses Corteva e FMC, a estatal chinesa Syngenta e a indiana Upl venderam, em 2020, juntas, US$ 43 bilhões dessas substâncias. Mais de 80% desse mercado é controlado pela Bayer, Corteva e Syngenta. 

A autorização de venda de agrotóxicos proibidos na UE para nações do sul global, como o Brasil, coloca o país numa nova espécie de colonialismo, que se une, segundo Bombardi, à concentração de terras, à violência contra povos originários e às nossas origens escravocratas.

"A gente tem uma oligarquia que controla politicamente o país, que representa esse monopólio das terras no Brasil, que se afina com os interesses externos. O campesinato brasileiro é um campesinato que nasce sem terra. É um campesinado excluído. É uma sociedade que se constrói na exclusão."

A análise está posta em Agrotóxicos e Colonialismo Químico, livro lançado em outubro do ano passado e divulgado pela própria autora no Brasil somente neste mês, quando ela finalmente volta - ainda que de passagem - ao país. Bombardi está há três anos exilada na Europa por conta de ataques sofridos após a divulgação do Atlas Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia, publicado em 2017. (...)

*CLIQUE AQUI para continuar a ler (e assistir)  a entrevista realizada por Beatriz Drague Ramos com Larissa Bombardi no Brasil de Fato

23 julho 2024

EM CONVENÇÃO REALIZADA DIA 20, PT SANTIAGUENSE OFICIALIZOU SUAS CANDIDATURAS AO PLEITO DESTE ANO

 

             Foto: Josieli Miorin, Jussara D. Vieira e Liamara Finamor

O Partido dos Trabalhadores - PT de Santiago/RS (Federação Brasil da Esperança) realizou sábado, dia 20/07, sua Convenção Municipal para oficializar suas candidaturas ao Executivo e Legislativo nas próximas eleições de outubro. 

A Convenção, realizada em sua nova Sede Municipal (situada na Travessa Jaime Pinto, esquina com a Rua Benjamin Constant, Centro), contou com a presença da Presidenta Estadual do PT, Jussara Dutra Vieira, além de expressiva participação de filiados, dirigentes, militantes, apoiadores e pré-candidatos(as). Na oportunidade, foi confirmada a candidatura à Prefeita da Secretária Geral do PT local, a Advogada e  Socióloga Josieli Minosso Lamana Miorin, que terá como candidata a vice-Prefeita a professora e sindicalista Liamara Guarda Finamor (foto acima).

Assim como a chapa ao Executivo, foi também chancelada a relação de candidatos(as) do PT ao Legislativo Municipal (que contará com 14 nomes), que  terá a seguinte composição:

Candidatos(as) à vereança: Antônio Carlos Rosa Bueno, Carlos Antônio Sestrem, Fernanda de Lima Machado, Geanine Bolzan Cogo, Iris Minéia da Silva Guedes, João Inácio Souza de Carvalho, Joel Antônio Crestani, Jorge Deoclécio Gonçalves da Rosa, Marcio Reginaldo Bitencourt da Cruz, Miguela Marina de Bastos Gonçalves, Odacir Viviane Perônio, Ramão Thadeu Santos Silveira, Tierle Polga Canterle e Valtair Oliveira.

"Nossas candidaturas e nosso Programa de Governo Democrático e Popular, assim como a nível nacional está fazendo o governo liderado pelo Presidente Lula, representa uma alternativa real de mudanças ao mesmismo e conservadorismo direitista até agora hegemônico na política local. Importante também elegermos uma forte nominata de vereadores/as. Chega dos mesmos. É hora de mudar!”, reiterou em sua fala Josieli Miorin, a candidata petista ao Executivo Municipal.

A campanha eleitoral deste ano inicia oficialmente dia 16 de Agosto. O PT santiaguense foi o primeiro partido no município a definir sua tática, estratégia, candidatos(as)  e a realizar sua Convenção para estas eleições.  

Lula pede que Maduro respeite resultado na Venezuela; 'vamos respeitar e celebrar', rebate Caracas

Venezuela deve 'voltar à normalidade', desejou brasileiro; 'como não respeitar se vamos vencer?', disse líder chavista


   Foto: Ricardo Stuckert

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu que os resultados das eleições presidenciais venezuelanas, marcadas para o próximo domingo (28), sejam amplamente respeitados para que o país possa "voltar à normalidade". As declarações foram dadas em entrevista às agências de notícias internacionais Bloomberg, Reuters, AFP, EFE, AP e Xinhua

“Eu disse a [Nicolás] Maduro que a única possibilidade de a Venezuela voltar à normalidade é haver um processo eleitoral amplamente respeitado”, disse Lula, segundo a AFP. "Maduro tem que aprender, quando você ganha, você fica, quando você perde, você vai embora. Vai embora e se prepara para disputar outra eleição."

Horas depois, as falas do mandatário foram rebatidas pelo presidente do Parlamento venezuelano, Jorge Rodríguez. Em entrevista coletiva, o deputado chavista foi questionado sobre as declarações de Lula, as quais ele alegou ainda não ter lido, mas prometeu respeito do governo aos resultados eleitorais.

“Não li o que Lula disse, mas como não respeitar os resultados se vamos vencer?”, questionou Rodríguez, uma das maiores lideranças políticas do país, já tendo atuado como vice-presidente de Hugo Chávez, prefeito de Caracas e ministro em distintas oportunidades. 

“É claro que vamos respeitá-los [os resultados], vamos celebrá-los nas ruas. Maduro vai comemorar os resultados com o seu povo”, completou. 

Clique aqui ou na imagem abaixo para acompanhar a cobertura completa sobre as eleições na Venezuela.


Clique na imagem para acompanhar a cobertura completa / Rafael Canoba/Brasil de Fato

Eleição e violência

Foi Jorge Rodríguez quem tentou retificar na semana passada uma declaração de Maduro que repercutiu de maneira negativa na imprensa mundial. Na última quinta-feira, durante um ato de campanha, o presidente venezuelano disse que a derrota do governo poderia levar a uma situação de instabilidade e violência provocada "pelos fascistas", afirmando que o país poderia cair em uma “guerra civil” e ocorrer "um banho de sangue" caso o governo saia derrotado.

“O destino da Venezuela, no século 21, depende da nossa vitória em 28 de julho. Se não querem que a Venezuela caia num banho de sangue, numa guerra civil fratricida, produto dos fascistas, garantimos o maior sucesso, a maior vitória na história eleitoral do nosso povo”, afirmou em discurso.

No dia seguinte, Rodríguez justificou a fala de Maduro e afirmou que a possibilidade de conflitos se daria porque a parte mais extremista da oposição perseguiria os chavistas caso chegasse ao poder. Ele ainda garantiu que o governo vai reconhecer o resultado das eleições e vai sair às ruas para defender o resultado “nem que seja com a nossa própria vida”.

Lula comentou essas declarações hoje às agências internacionais e, segundo a AFP, afirmou que ficou "assustado" com as falas de Maduro. "Quem perde as eleições toma um banho de voto, não de sangue", disse.

"Já falei com o Maduro duas vezes, [...] e o Maduro sabe que a única chance da Venezuela voltar à normalidade é ter um processo eleitoral que seja respeitado por todo mundo", afirmou Lula. "Se Maduro quiser contribuir para resolver a volta do crescimento na Venezuela, a volta das pessoas que saíram da Venezuela, estabelecer um estado de crescimento econômico, ele tem que respeitar o processo democrático", defendeu o presidente brasileiro.

Lula confirmou também nesta segunda que o assessor para assuntos imternacionais, Celso Amorim, e dois representantes do Tribunal Superior Eleitoral vão à Venezuela acompanhar o pleito do próximo domingo. 

Eleições na Venezula

Os venezuelanos vão às urnas no dia 28 para escolher entre 10 candidatos o próximo presidente. Embora as pesquisas eleitorais não sejam consideradas confiáveis no país, especialistas dizem acreditar que a disputa está acirrada entre o atual presidente, Nicolás Maduro, e o opositor Edmundo González Urrutia. 

Em junho, Urrutia foi um dos dois únicos candidatos que se recusou a assinar um compromisso de reconhecer o resultado eleitoral. Na semana passada, a oposição voltou a levantar suspeitas sobre o sistema eleitoral, afirmando que reconheceria apenas os resultados das zonas eleitorais que ela própria monitorasse.

O sistema eleitoral venezuelano, que mescla urnas eletrônicas e em papel, é considerado um dos mais seguros do mundo por entidades internacionais. Espera-se que o resultado do pleito seja divulgado na noite do próprio dia 28.

*Com AFP  - Edição: Rodrigo Durão Coelho

-Via Redação do Brasil de Fato