02 setembro 2024

Vítima do próprio X, Musk deu tiro no pé e busca saída para vexame internacional

 


Por Antonio Mello*

Como canta Caetano Veloso na belíssima "Sampa","Narciso acha feio o que não é espelho". Mais ainda quando Narciso é um bilionário em dólares e trilionário em reais — sua fortuna é avaliada em mais de R$ 1 trilhão.

Elon Musk, fascinado por sua imagem nos espelhos de sua rede X, com a turma da extrema direita tratando-o como o paladino da defesa da liberdade, esticou a corda acreditando que:

  • Alexandre de Moraes não teria coragem de bloquear a rede X no Brasil;
  • Se o fizesse sua atitude seria reprovada pela maioria da população;
  • e a repercussão internacional lhe seria favorável e contrária a Moraes.

Deu ruim, como dizem. 

  • Alexandre de Moraes não apenas bloqueou o X no Brasil como ainda bloqueou o dinheiro de sua empresa de satélites de comunicação Starlink para que Musk pague o que deve ao país — no momento, algo em torno de R$ 20 milhões.
  • Os brasileiros descobriram rapidamente um novo pouso em céu azul e a rede Bluesky conseguiu um milhão de novas assinaturas em três dias.
  • A repercussão internacional é amplamente favorável à atitude do Judiciário brasileiro.

The New York Times relatou que a suspensão foi uma resposta direta à inobservância de Musk às ordens judiciais brasileiras. O jornal destacou que o caso brasileiro apresenta um cenário onde Musk encontrou um desafio significativo na figura do juiz Moraes. Por sua vez, The Washington Post criticou Musk por arriscar um dos maiores mercados do X para apoiar Jair Bolsonaro e seguidores que promovem falsas narrativas de fraude eleitoral.

No Reino Unido, The Guardian analisou a decisão como uma medida necessária para controlar as ações de Musk, que foi descrito como fora de controle. Na França, Le Monde considerou a decisão severa, mas previsível, dada a preparação de longo prazo e as investigações conduzidas por Moraes, que miram a disseminação de informações falsas e a atuação de milícias digitais no Brasil. Esses relatos internacionais refletem um consenso de que as ações do ministro Moraes são vistas não como censura, mas como esforços justificados para manter a ordem legal no país. [247]

Pior, Musk daqui a pouco vai receber de volta o bumerangue que lançou, porque a extrema direita é quem mais sai prejudicada com o fechamento da rede X no país. Lá era permitido o anonimato absoluto, a prática de crimes sem punição, a defesa dos valores da extrema direita, do cometimento de crimes (como recentemente no Reino Unido) e da disseminação de fake news.

O próprio Elon Musk, com seus mais de 200 milhões de seguidores no X, também foi atingido por sua arrogância ao peitar o Judiciário brasileiro porque agora ficou sem público no país para disseminar suas fake news e defesa de ideias de extrema direita.

Como se não fosse bastante, o Brasil ainda era um dos maiores palcos da rede X com 20 milhões de xuiteiros. Musk perde também esse público.

Isso vem se somar ao desastre que sua administração causou à rede desde que a comprou. O X (antigo Twitter) perdeu 71,5% de seu valor de mercado desde que foi adquirida por Elon Musk, em outubro de 2022.

Para ter uma rede sua para espalhar sua ideologia de extrema direita pelo mundo e seus tentáculos em busca de poder, Musk aceitou pagar mais que o dobro do valor de mercado do Twitter em outubro de 2022. Desembolsou 44 bilhões de dólares, quando o valor de mercado do Twitter era de 19,6 bilhões.

Hoje — quer dizer, ontem, antes do X ser desligado do Brasil — valia apenas 5,3 bilhões de dólares.

Por isso, Elon Musk, o bilionário (ou trilionário) corre atrás de uma saída que não seja humilhante em busca de alguém que consiga fazer o meio de campo entre ele e o ministro Alexandre de Moraes para tentar retomar a rede antes que a situação se torne irreversível.

O telefone do golpista e traidor Michel Temer deve ter sido passado a ele e logo teremos a triste figura, que ainda permanece solta, defendendo uma "solução nego$iada", ao estilo de "tem que manter esse negocio daí", como quando defendeu que a JBL continuasse a pagar uma mesada a Eduardo Cunha.

Esperemos que seja apenas após as eleições, para que o ambiente permaneça sem a poluição do chorume da extrema direita. Até lá estamos livres dela e de Elon Musk — pelo menos no X.

*Via Blog do Mello

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